Preconceito etário virou alvo de debate
nas redes após a repercussão de um vídeo em que estudantes de uma universidade
de Bauru debocham de uma colega de 40 anos
Preconceito relacionado à idade, o etarismo constitui uma
discriminação contra indivíduos ou grupos etários com base em estereótipos
associados a pessoas idosas. Ele pode ocorrer de diferentes formas, em diversos
momentos e ambientes. A prática causa danos, desvantagens e prejudica a saúde e
o bem-estar, constituindo um grande obstáculo à formulação de políticas e ações
eficazes para o envelhecimento saudável.
Uma análise que incluiu 422 estudos de 45 países, realizada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), constatou que o preconceito associado à
idade teve impacto sobre a saúde do público idoso em todos os países avaliados.
São diversos os efeitos do etarismo, principalmente no aspecto emocional ou
psicológico, podendo levar a pessoa idosa a ficar deprimida, afastando-se do convívio
social e tornando-se invisível.
“Há sérios impactos sobre todos os aspectos da saúde. O etarismo
encurta vidas, piora a saúde física e os comportamentos alimentares, impede a
recuperação de incapacidades, leva à deterioração da saúde mental, exacerba o
isolamento social, a solidão e piora a qualidade de vida”, explica a geriatra e
presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Dra.
Ivete Berkenbrock.
O etarismo tem, ainda, impacto econômico sobre os indivíduos e a
sociedade, contribuindo para a insegurança financeira e a pobreza. A maior
probabilidade é que as consequências impactem os grupos mais desfavorecidos.
Além disso, as pessoas idosas com menor escolaridade têm maior probabilidade de
vivenciarem os prejuízos que o preconceito tem sobre a saúde.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
em 2021, existiam no Brasil 32 milhões e 900 mil pessoas com mais de 60 anos de
idade. Em 2060, a expectativa é que o número chegue a mais de 58 milhões, total
superior a 25% da população brasileira. Para Ivete, os dados apontam a
necessidade de debater a velhice, os cuidados relacionados à saúde e também os
diferentes tipos de preconceitos sofridos por esta parcela da população.
“Uma reflexão importante é que a população idosa é heterogênea e,
quando se fala em idoso, é importante saber de quem estamos falando. Algumas
crenças versam sobre premissas equivocadas: idosos não podem estudar ou
trabalhar; pessoas mais velhas possuem saúde debilitada; idosos são um ônus
econômico para a sociedade. A retirada da autonomia para que tomem decisões e a
infantilização são alguns exemplos deste preconceito”, reforça.
Como combater o etarismo
De acordo com a especialista, mais do que discutir o assunto e
colocá-lo em pauta em todas as oportunidades, uma das formas cotidianas de se
combater o preconceito por idade e quebrar qualquer paradigma é o estímulo à
convivência intergeracional: “Essa prática pode ajudar a reduzir o sentimento
de solidão das pessoas idosas e contribuir sobremaneira com a educação e
habilidades como pensamento crítico, a resolução de problemas e a conexão
social”.
Outra forma de lutar contra o etarismo é por meio da uma
comunicação mais inclusiva e menos discriminatória. Neste caso, é preciso avaliar
a forma como cada um conversa com as pessoas idosas e verificar se suas falas
podem de alguma maneira impactá-las negativamente. Para contribuir com essa
reflexão, a SBGG criou em suas redes sociais uma série chamada Pílula
Anti-Etarista: episódio 1, episódio 2.
Além
disso, para disseminar informações sobre o assunto, a SBGG desenvolveu uma
série especial sobre os impactos do etarismo na vida das pessoas idosas.
Confira:
O impacto do etarismo nas pessoas idosas - SBGG
Impacto do etarismo sobre a saúde física - SBGG
Etarismo no ambiente de trabalho - SBGG
Etarismo na saúde e na assistência médica - SBGG
Inteligência artificial e etarismo - SBGG
O etarismo na televisão e nas redes sociais - SBGG
O etarismo e o judiciário - SBGG
Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG
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