Desde a década de 90 experimentamos um avanço tecnológico nos mais diversos segmentos de mercados. A transformação digital veio para ficar, construir e enriquecer experiências e a forma como o mundo e as tecnologias se conectam.
O Brasil tem experimentado essa
transformação com mais ênfase desde 2014, e o movimento se intensificou em
2020. Com a chegada da pandemia, passamos por uma (r)evolução digital, em
especial no sistema financeiro.
Diante desse cenário, falar sobre
tendências tecnológicas é quase que um item obrigatório para nos situar sobre o
que esperar e como inovar nos mais diferentes setores da economia. A verdade é
que ano a ano aprimoramos recursos e descobrimos novas aplicabilidades para a
tecnologia. Dentre os temas que estarão em alta em 2023 - de acordo com o
relatório de grandes consultorias como Gartner, Deloitte e IDC, além da
Febraban - sete deles me chamaram mais a atenção, e é sobre eles, e sobre a
convergência e sinergia deles nos negócios, que faço uma reflexão.
Contextual
Banking ou Hiperpersonalização
A
hiperpersonalização é uma tendência que já vem permeando o mercado nos últimos
anos e que, cada vez mais, está presente nas operações de diversas indústrias,
desde a financeira até a varejista. No universo financeiro, com a chegada das
Fintechs, essa necessidade se intensificou.
Com um modelo de
negócio que coloca o cliente no centro, as Fintechs nasceram com ofertas mais
personalizadas e com um leque de serviços direcionado à expectativa do cliente.
Desde então, a busca pela customer centricity (centralidade no
cliente) e a forma de se relacionar com o consumidor mudou. Mas, o fato é que,
para hiperpersonalizar é preciso conhecer, afunilar, ser efetivo no momento
certo, pelo canal mais adequado, e com a oferta correta a cada perfil de
cliente; e isso só é possível com dados e informações.
Por isso, para
haver aderência, a hiperpersonalização precisa antes de tudo de Inteligência
Artificial – Responsável, Adaptável e Escalável. O que nos leva ao nosso
segundo destaque desse artigo.
Inteligência
Artificial Responsável
A Inteligência
Artificial Responsável é algo que ouviremos falar até, pelo menos, 2025. Ao
longo dos últimos anos vimos essa tecnologia se democratizar e trazer para o
mercado inovações e resultados disruptivos bastante satisfatórios. E dentro
desse processo de hiperpersonalização, as técnicas, novas linguagens e domínio
da tecnologia são essenciais para a tomada de decisão.
Contudo, a
democratização traz com ela um ponto de atenção. Para que a IA possa trazer
análises precisas e qualificadas ela precisa ser também Responsável. Esse é um
ponto que desde 2020, Scott Zoldi – CAO da FICO – vem jogando luz ao
tema.
Podemos
encontrar no mercado exemplos do uso incorreto de IA para tomada de decisão.
Por isso, reforço a mensagem de que a tecnologia é o meio e para ser
Responsável é preciso avaliar questões éticas, vieses, perfis, o fator humano e
outras combinações para que seja eficaz.
Open
Finance
Na esteira da
personalização e da Inteligência Artificial seguimos com o Open Finance. Esse
modelo de compartilhamento de informações de perfil do cliente que em um
primeiro momento, para muitos usuários, parecia vir para beneficiar as empresas
e a forma como leem os dados e o comportamento do cliente. Mas, que na verdade,
coloca o cliente no centro da tomada de decisão, afinal é ele quem decide a
quem dar acesso aos seus dados e como as empresas podem utilizá-lo.
Passada a fase
de consolidação do Open Finance, o desafio está em, novamente, como trabalhar
os dados de forma inteligente, responsável e que entregue valor ao cliente
final. Por isso, bancos, seguradoras e varejistas precisam da tecnologia
operando informações e auxiliando na tomada de decisão para oferecer mais que
serviço e sim, experiência ao cliente.
O Brasil é
referência neste modelo de operação e outros países da América Latina estão no
caminho para replicar a estratégia.
Plataformas
e Nuvem
A ramificação
dos temas nos leva a discutir o papel estratégico das plataformas decisionais e
da tecnologia em nuvem. A plataforma traz a agilidade para uma tomada de
decisão mais consciente, enquanto a nuvem é uma tecnologia escalável e sob
demanda com a inclusão em maior quantidade de informações de forma rápida e
mais barata.
Mas vale
destacar que uma plataforma bem construída permite que empresas se antecipem às
demandas e às tendências. Isso porque, tão importante quanto apontar as
melhores decisões é adaptar-se às mudanças para prever comportamentos,
contribuindo para o pioneirismo de muitas indústrias e lançamentos em linha com
as necessidades e expectativas de clientes.
As plataformas
decisionais e na nuvem seguem agregando novos componentes, inovações e
funcionalidades para que o mercado, em nível global, possa sempre se reinventar.
Web
3.0
A Web 3.0 vem
para mudar o conceito da Internet e, embora ainda esteja em desenvolvimento, é
importante olhar para esse tema. Isso porque, com essa mudança, a informação
deixa de estar concentrada em grandes servidores de bancos de dados e passa a
ser distribuída, o que dá controle individual sobre as informações.
Para as
empresas, essa transformação muda o conceito de como elas consumirão dados dos
clientes para que possam trabalhar com a hiperpersonalização. Com esse
contexto, as plataformas decisionais são alçadas, mais uma vez, a um lugar de
destaque, que concilia com agilidade as informações descentralizadas à
estratégia e as decisões em tempo real.
Metaverso
A evolução da
Web 3.0 traz com ela o amadurecimento do Metaverso e a necessidade de aprimorar
experiências. O mundo virtual ainda causa muitas dúvidas em relação à dinâmica
de funcionamento, mas ao que parece, veio para ficar. Nos próximos anos veremos
esse avanço e com ele, as diversas oportunidades que aparecerão nas mais diferentes
indústrias.
Com produtos e
serviços oferecidos no metaverso - e, consequentemente transações financeiras
-, invariavelmente, questões ligadas à fraude, experiências, segurança e
personalização virão à rebote e mais uma vez, a plataforma decisional terá
espaço para plugar as diferentes informações para auxiliar empresas e marcas na
tomada de decisão.
ESG
Como último
tema, mas longe de ser o menos importante, trago o ESG (governança ambiental,
social e corporativa) e como a tecnologia pode contribuir.
Temos um case
muito interessante da Traxión que utilizou a capacidade de dados da plataforma
decisional aliada à IA para, dentro das rotas de entrega previstas, reduzir
quilos de carbono lançados no meio ambiente por meio de rotas mais curtas,
seguras e responsáveis.
As organizações globais estão se conscientizando, cada vez mais, da necessidade de terem os três pilares do ESG alinhados aos seus objetivos de negócio. E contar com a tecnologia para apoiar e sustentar ações que colaborem com o tema é fundamental.
Ao final dessa reflexão é possível
perceber que as tendências estão todas interligadas e conectadas como
facilitadoras e impulsionadoras de negócios e mercados, tendo o cliente como um
ponto focal. É importante acompanhar os desdobramentos e uso das tecnologias e,
principalmente, acompanhar as demandas e evolução do mercado.
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