A comunicação está presente no nosso dia a dia de várias formas: oral, escrita e, principalmente, não verbal, representando 70% da nossa linguagem corporal. Dessa forma, a capacidade de se comunicar afeta, e muito, os sentimentos e, consequentemente, a saúde mental.
Os sentimentos são registrados pelo sistema límbico - responsável por todas
as respostas emocionais -, que tem a função de realizar avaliações de
afetividade e aversidade, integrando os sistemas nervoso, endócrino, imunológico
e psicológico.
O sistema límbico também está ligado à memória: quando sentimos um cheiro,
ouvimos uma música ou mesmo saboreamos um alimento. Então, quando um desses
sentidos apresentam algum comprometimento, o emocional pode ser afetado e levar
a um quadro de desestabilização da saúde mental, como, por exemplo, ansiedade e
depressão.
Somos seres sensíveis com histórias de vidas distintas e que passamos por
uma pandemia, que já é um desencadeador do mal-estar.
Conforme a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial
da Saúde (OMS), a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25% no primeiro
ano de pandemia (2020), a situação que se agrava em países com baixo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). Mesmo em países de alta renda, apenas 1/3 dos
cidadãos recebem cuidados formais de saúde mental. Até 2030, a depressão será
mais incapacitante do que câncer, infarto, diabetes e obesidade mórbida.
Todos os 194 estados membros da OMS assinaram o plano de saúde integral da
saúde mental, que compreende o período de 2013 a 2030, e se comprometeram com
metas globais para transformar o problema.
No entanto, essa mudança não está acontecendo na velocidade necessária.
Nesse sentido, o trabalho multidisciplinar, com equipes integradas, auxilia o
melhor diagnóstico, que, se for precoce, terá mais chances de obter resposta
positiva.
Otorrinos e fonoaudiólogos são profissionais que podem receber os pacientes com
um olhar atento e uma escuta ativa. Para além da queixa, o médico pode realizar
o encaminhamento ao psiquiatra ou psicólogo - que precisa ser desmistificado.
Comunicação é emoção e passa pelo órgão dos sentidos. Então, nesta seara,
os fonoaudiólogos audiologistas precisam falar sobre boa audição, habilitação e
reabilitação auditiva, pois o ser humano escuta e interpreta com o cérebro, que
está em rede interconectado com todo o sistema. A função deste profissional é
reduzir riscos e desmontar barreiras de comunicação, como a falta de audição.
Em 2022, a OMS lançou um novo padrão de combate à ameaça crescente da perda
de audição. Para se ter uma dimensão, mais de um bilhão de pessoas entre 12 e
35 anos correm o risco de apresentar algum comprometimento auditivo em razão da
exposição prolongada e excessiva à música alta, o que pode ter consequências
devastadoras à saúde física e mental.
Uma das recomendações da OMS para eventos com alto volume é o acesso à zona de
silêncio, para que as pessoas descansem os ouvidos, diminuindo, assim, o risco
de danos auditivos. E nós, profissionais da saúde, temos o dever de olhar,
detectar e cuidar.
Christiane
Nicodemo - fonoaudióloga no Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
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