A falta de
convívio físico com outras pessoas pode prejudicar o desenvolvimento social,
intelectual e emocional
Hoje, quem não tem rede social é considerado
ultrapassado e se tornará incomunicável, pois as ligações por telefone estão em
extinção. Só restará chamadas por aplicativos de voz e vídeo. Pesquisas apontam
que, cada vez mais cedo, as crianças têm acesso às redes sociais. Atualmente, o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relata que no Brasil,
houve um aumento significativo da população com acesso à internet pelo celular.
As pessoas utilizam os aplicativos para troca de mensagens de texto, de voz,
imagens e vídeos, ou seja, todas as idades “sofrem” interferência do uso da
internet, incluindo os idosos, para se sentirem “acompanhados”.
Em função do crescimento desenfreado do acesso à
internet e de novas tecnologias, está se elevando o número de pessoas
sedentárias e solitárias. “Consequentemente, cada vez mais pessoas buscam ajuda
para tratar a autoestima, depressão e fobia social, além de isolamento e
dependência dos grandes centros, pois necessitam de conexão da internet,
celular e vídeo game”, explica Cristiane Duez V. Santos, psicóloga do NAPP
(Núcleo de Apoio Psicológico e Psicopedagógico) da Faculdade Santa Marcelina.
“Além da dependência notória da conexão, podemos
falar também sobre a dependência emocional de estar conectado, de saber o que
está acontecendo com as pessoas próximas ou consideradas próximas, isto é,
hoje, os influenciadores atualizam seus status minuto a minuto, causando a
sensação de estarmos juntos em uma compra no mercado da esquina, assim como, em
uma balada, ou até mesmo na troca de fraldas de seu filho ou afilhado. Este
movimento, faz com que permaneçamos online, tempo suficiente para acreditarmos
que, aquilo que é mostrado como cotidiano, é real e verdadeiro, disse a
psicóloga.
A seguir, a especialista fala
dos malefícios da dependência tecnológica.
Quais os sintomas da
dependência tecnológica?
Os sintomas são: baixa autoestima, necessidade de
aumentar o tempo conectado (online), irritabilidade, depressão e prejuízos no
trabalho e nas relações interpessoais.
Quando a dependência
tecnológica pode se tornar uma doença?
Quando ultrapassa o limite da realidade e da
fantasia. A tecnologia faz parte da nossa rotina e, não dá para dizer que,
ficar horas na internet é uma doença que precisa de tratamento, porém, chama
atenção, quando a pessoa deixa de ter vida social para ficar no celular (redes
sociais). Neste caso, seria importante avaliação médica.
Quais os malefícios da
dependência tecnológica?
A falta de convívio físico com outras pessoas como:
olho no olho e sentir o calor humano devido ao uso excessivo
das tecnologias, pode prejudicar o desenvolvimento social, intelectual
e emocional. Os dependentes da tecnologia não conseguem controlar seu
envolvimento e seu uso com a vida real e social, o que pode além do isolamento
provocar desconforto emocional, ansiedade, agitação, irritabilidade, depressão,
perturbação, TOC (transtorno-obsessivo-compulsivo) e outros, por conta de
comparações entre a fantasia da vida idealizada e a fantasia da vida mostrada.
Quais os gatilhos que podem
provocar uma dependência tecnológica?
Todo excesso é falta de algo e busca preencher um vazio
existente. Com a tecnologia não é diferente, o excesso de conexão pode ser
considerado uma busca por uma vida idealizada como o, “viveram felizes para
sempre’. Estamos em uma era que basta aparentarmos sermos alegres, felizes,
termos roupas e carros, que todos acreditam que somos felizes. O gatilho que
considero mais importante, são os likes, isto é, a opinião do outro expressa se
o que fazemos e vivemos, traz a felicidade. A quantidade de curtidas, valida ou
não os sentimentos experienciados, o que pode trazer a certeza irreal do valor
de nossa vida. Nestes casos, a opinião do outro importa sim, e muito. E é capaz
de fazer a pessoa adoecer por acreditar que todos vivem bem e ela não.
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