“O especialista tem a obrigação de
explicar à paciente todos os detalhes que envolvem a cirurgia plástica,
principalmente, sobre as possíveis complicações”, conta Dr. Fernando Amato, cirurgião plástico membro da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Na opinião dele, a paciente deve
estar consciente dos benefícios e riscos para tomar a decisão – se coloca ou
não a prótese de silicone.
Abaixo, Dr. Amato explica as complicações de mamoplastia que, como o próprio nome diz, é a cirurgia plástica da mama, e envolve dois procedimentos: a mamoplastia de aumento, que é comumente realizada com a colocação de um implante de silicone, procedimento popularmente conhecido como prótese de mama, e a mamoplastia redutora, para a redução do volume das mamas. O termo mastopexia está relacionado para o tratamento da flacidez de pele e reposicionamento das aréolas, e pode estar ou não associado a colocação de implantes de silicone.
O Dr. Amato
considera extremamente importante informar as alterações que podem surgir e o
porquê aparecem após uma cirurgia mamária, sendo que as principais alterações
do formato da mama em relação ao implante são as seguintes:
Ptose
mamária - Está relacionada à flacidez mamária
e sua definição é feita com a relação do bico da mama e o sulco mamário, ou
seja, quando o bico está abaixo do sulco apresenta a ptose mamária.
Pseudoptose -É a flacidez do tecido mamário, principalmente no polo
inferior, sem alteração da relação entre o bico e o sulco mamário. Apesar da
mamoplastia e mastopexia serem o tratamento cirúrgico, o uso de implantes
mamários podem favorecer o aparecimento da flacidez mamária devido ao peso dos
implantes.
Simastia
- Quando as duas mamas estão unidas por
uma ‘ponte’ de pele. A causa pode ser genética, mas, na maioria das vezes,
ocorre devido ao volume exagerado da prótese de silicone colocada na
mamoplastia. Pode acontecer também devido ao pós-operatório inadequado. É
possível corrigir a simastia, inclusive, por meio da mesma incisão da cirurgia
anterior.
“Alerto sobre a
importância de ter bom senso na escolha do volume das próteses e sempre seguir
as orientações pós-cirúrgicas, justamente, para não haver problemas de
simastia”, diz Dr. Fernando.
Rippling
e wrippling - Termos em inglês que se referem às
ondulações e enrugamento que o implante pode apresentar. Essas alterações podem
ficar mais visíveis em pacientes muito magras.
Bottoming
out – É quando acontece o deslocamento do
implante mamário no sulco da mama. Como consequência, o colo da mama fica mais
vazio e o bico fica projetado para cima.
Dupla
bolha - Ocorre quando a mama fica com dois
contornos, um marcando o polo superior, e outro com a própria mama logo abaixo.
Isso pode acontecer devido às técnicas de fixação e sustentação do implante, ou
mesmo de uma contratura capsular, associado à flacidez da mama, que não mais se
sustenta a frente do implante.
Seroma
- É um líquido inflamatório que pode ser
formar ao redor do implante. Não é comum e quando aparece de forma tardia deve
ser investigado para afastar doenças graves como o linfoma.
Além disso, o
especialista explica as seguintes alterações que podem acontecer no implante e
que são importantes para serem informadas à paciente:
Contratura capsular - Acontece quando há a contração da cápsula que envolve a prótese mamária. Como consequência, a mama fica mais dura, pode mudar de formato e até causar dor nos casos mais graves.
Dr. Fernando explica que alguns fatores podem causar a contratura capsular, como o tempo de uso do implante e a qualidade do material. “Outros aspectos mais sérios são infecção, complicações pós-operatórias como hematomas, seromas, trauma cirúrgico intenso (mastectomias), rompimento do implante e a radioterapia nos casos de reconstrução pós-câncer”, explica o especialista.
Ruptura
de implante – Quando o implante de silicone é rompido
pode acusar alteração no formato, perda da consistência, assimetria
mamária e dor. Porém, muitas vezes a paciente não apresenta sintomas ou sinais
clínicos. Traumas mecânicos, qualidade do implante, desgaste natural e
contratura capsular podem ser as causas de ruptura do implante.
Bleeding
– Termo em inglês relacionado ao
extravasamento do silicone sem ruptura do implante mamário e que pode estar
associado com a toxicidade do silicone. É uma situação rara, segundo o
especialista, mas pode acontecer e a paciente deve ser informada sobre a
possibilidade antes de passar pela cirurgia.
Linfoma
– Linfoma anaplásico de células gigantes
é raríssimo, mas é um câncer que pode ter relação com a prótese de silicone.
Apesar de ter poucos casos no mundo, é uma complicação que precisa ser
explicada à paciente antes da cirurgia. “Nesses casos, a cirurgia para remoção
do implante é a indicação. A prótese deve ser retirada em bloco, ou seja, o
implante intacto dentro de sua cápsula, explica o cirurgião plástico.
Carcinoma
- Mais raro que o Linfoma, até o momento
tem menos de 20 casos descritos no mundo, também está relacionado à cápsula
formada ao redor do implante mamário.
Doença
do Silicone - Termo genérico, que pode englobar
todas as complicações relacionadas ao implante. Porém, muitos a associam apenas
com toxicidade causada pela presença do silicone.
Síndrome
ASIA – Quando o implante de
silicone serve como gatilho para desenvolver sinais e sintomas semelhantes aos
das doenças inflamatórias e autoimunes como dor nas articulações do corpo,
cansaço, distúrbios do sono, perda de cabelo, olho e boca secos.
Exames complementares como a ultrassonografia, mamografia e a ressonância magnética podem identificar alteração na mama e na integridade da prótese mamária, juntos como exame físico ajudam no diagnóstico dessas alterações, sendo que o mais importante, e que deve nortear o tratamento, é o desejo da paciente.
Para todos os
problemas citados anteriormente e que podem acontecer com a colocação da
prótese de silicone, o Dr. Fernando explica que é possível corrigi-los:
Mudança
de plano - Alterando a posição do implante em
relação ao músculo. A vantagem de colocar atrás do músculo está em aumentar a
cobertura do implante por tecido muscular e estabilizá-lo. E quando colocado na
frente, a vantagem está na melhora da relação dinâmica do implante com a
movimentação.
Troca
de implante – Além do volume, existem
implantes com formatos, texturas e consistência diferentes, dessa forma é
possível corrigir algumas deformidades com escolhendo implantes que se adaptem
melhor para a correção da deformidade.
Enxerto
de gordura – Além
da prótese de silicone, é possível reconstruir a mama
utilizando a gordura do próprio corpo, retirada do abdômen ou coxas através de
uma lipoaspiração. Ou complementando numa colocação de
implante mamário, cirurgia conhecida como mamoplastia híbrida.
Explante
mamário - retirada do implante sem a
substituição por um novo implante, podendo realizar uma reconstrução com
retalhos locais ou mesmo complementada por enxerto de gordura.
“O mais importante é conversar com o seu médico, perguntar tudo e não só sobre os benefícios da cirurgia como os riscos que ela pode oferecer à paciente. Com o diálogo sincero, é possível chegar à uma decisão do que é melhor, sempre visando a saúde e o bem-estar da paciente”, ressalta Dr. Fernando Amato.
Dr. Fernando C. M. Amato – Graduação, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Mestrado pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Membro Titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).
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