Estudos comprovam que investir no autocuidado agrega saúde financeira para o sistema de saúde e qualidade de vida para a população
No dia 24 de julho, o Brasil e o mundo
celebram o Dia Internacional do Autocuidado. Instituído pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), a data tem como objetivo conscientizar e engajar as
pessoas na tomada de decisões em relação à própria saúde. Segundo a OMS, a
definição de autocuidado já fala por si e trata-se da habilidade de indivíduos,
famílias e comunidades promoverem saúde e prevenirem doenças, com ou sem o
apoio de um provedor de saúde.
De acordo com a ACESSA (Associação
Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde), principal
interlocutora e representante no país sobre o tema, os chamados sete pilares do
autocuidado, também estabelecidos pela OMS, são primordiais para a manutenção
de uma boa saúde e qualidade de vida. São eles: o uso racional de produtos e
serviços de saúde, conhecimento seguro de informações em saúde (ou literacia em
saúde), bem-estar mental e autoconhecimento, a prática de atividades físicas,
uma alimentação saudável, consciência de atitudes de risco (como tabagismo e
álcool em excesso) e uma boa higiene pessoal e do ambiente.
Segundo a própria OMS, reduzir fatores de risco pessoais, como inatividade física ou uso de tabaco, por exemplo, pode prevenir 81% das doenças do coração. Ou seja, poderiam ser evitados se o autocuidado fosse uma prática adotada pelos países como parte de uma política pública de saúde. O empoderamento e a educação da sociedade, além de impactar na qualidade de vida da população, também gerariam uma economia ao setor de saúde no geral.
“A educação é de grande importância para toda a sociedade, para que se possa
ter acesso a dados e informações verídicas de qualidade, além de contribuir com
a sustentabilidade do setor de saúde, visto que já é comprovado que quando as
pessoas conseguem se autocuidar, elas utilizam menos o sistema. Esse impacto é
positivo, tanto para a população, que se expõe menos a riscos, quanto para o
sistema de saúde. Claro que, caso os sintomas persistam, é recomendável que um
médico seja sempre consultado”, afirma Marli Martins Sileci, vice-presidente executiva da ACESSA.
Estudo realizado pela Fundação Instituto de
Administração (FIA), intitulado ‘Utilização
de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e economia gerada para os sistemas
de saúde’, publicado em 2017, mostrou que o uso de MIPs gera uma economia
anual de R$ 364
milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento ainda trouxe que,
para cada R$ 1,00
investido no consumo deste tipo de medicamento, há uma economia para o setor
público de saúde de até R$ 7,00.
Isso acontece, pois se reduz as faltas ao trabalho
(absenteísmo), idas desnecessárias aos consultórios médicos e aos serviços de
pronto atendimento e ainda a realização de exames diagnósticos para questões
simples de saúde.
Em um contexto de frequente pressão e déficit de
recursos do sistema de saúde brasileiro, a disponibilização de Medicamentos
Isentos de Prescrição (MIPs) reduz a necessidade de os cidadãos irem a um
serviço de saúde para tratar de um sinal ou sintoma já conhecido de uma doença
não grave. “Isso não quer dizer que os MIPs possam ser utilizados
indiscriminadamente, muito pelo contrário, é preciso que o consumidor utilize
um MIP, em seus primeiros sintomas, observando sempre as instruções de bula e
rotulagem”, enfatiza Marli.
Brasil no contexto
mundial do Autocuidado
Recentemente, foi publicado pela Federação Internacional de Autocuidado (GSCF) um
estudo intitulado “Self-Care Readiness Index”, levantamento global que comprova
que capacitar as pessoas a praticarem o autocuidado contribui para a
sustentabilidade dos sistemas de saúde, além de os impactos
positivos na vida e na saúde dos indivíduos. Os
10 países participantes foram avaliados por meio das seguintes categorias:
Apoio e Adoção do Autocuidado pelos Stakeholders; Empoderamento do consumidor e
do paciente; Política de Saúde de Autocuidado; Ambiente Regulatório.
No cenário mundial, o Brasil é o quarto
país, dentre os avaliados, que mais pratica o autocuidado. Ao avaliar as quatro
categorias do estudo, observa-se que no país, geralmente os profissionais da
saúde e steakeholders, recomendam a prática e os pacientes se sentem
bem-informados. Entretanto, ainda falta investimento na qualidade de saúde e no
acesso às informações, para que o público se sinta mais seguro. Por ser uma das
principais interlocutoras sobre o tema do autocuidado no Brasil, a ACESSA
esteve entre os entrevistados.
O estudo mostrou ainda que na América
Latina, 84% da população afirmou ter praticado o autocuidado entre 2020/2021,
porém dentro dessa porcentagem, 56% precisaram suspender visitas ao médico
devido ao isolamento social e ao colapso do sistema público de saúde.
PL do 'Dia Nacional do
Autocuidado'
Existe um projeto de lei em tramitação,
o PL 3099/2019, de autoria do Deputado Juninho do Pneu (União-RJ), que institui
no calendário nacional o 'Dia Nacional do Autocuidado'.
"Desejamos que essa data também se replique nacionalmente.
O Projeto de Lei para a criação da data oficial já está em tramitação na Câmara
dos Deputados e aguarda parecer da Comissão de Seguridade Social e Família. Com
a inclusão em nosso calendário local, seríamos capazes de criar programas de
política pública para valorizar ainda mais a prática do autocuidado no
Brasil", ressalta Marli.
ACESSA
- primeira ação no sentido de
agregar as indústrias produtoras de medicamentos isentos de prescrição médica,
motivada pela defesa do direito à informação, data de meados de 1986.
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