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terça-feira, 5 de julho de 2022

Estudo do Instituto Votorantim mostra crescimento no número de brasileiros que não votam ou optam por votar branco ou nulo

● Entre 2006 e 2018, a alienação eleitoral cresceu quase 8% no caso da escolha do presidente da República e 10% no processo de eleição de deputados federais 

 

O número de eleitores brasileiros que não comparecem às seções eleitorais somado àqueles que votam branco ou nulo – fenômeno tecnicamente chamado de alienação eleitoral – vem crescendo a cada eleição, nos últimos 15 anos. Apesar da obrigatoriedade do voto obrigatório e do comparecimento às urnas no Brasil ainda estar em patamares considerados saudáveis, na casa de 75%, a alienação eleitoral cresce de forma persistente desde 2006, sobretudo entre o público jovem.

O alerta é do estudo A Alienação Eleitoral no Brasil Democrático, que acaba de ser lançado pelo Instituto Votorantim, com o objetivo de fornecer insumos para análise da participação dos eleitores nos processos de votação. A iniciativa faz parte do Programa Cidadania, criado pelo instituto em 2018 para fortalecer a cultura democrática brasileira a partir do protagonismo cidadão, com atuação em temáticas relacionadas à geração de conhecimento, inovação e fortalecimento de lideranças e de organizações comunitárias que trabalham no tema.

De 2006 a 2018, ano das últimas eleições para o legislativo e o executivo nacionais, a decisão de não votar ou optar pelo voto branco ou nulo cresceu 7,86%, no caso da escolha do presidente da República e 9,99%, quando se trata da eleição de deputados federais.

Enquanto um a cada quatro eleitores brasileiros não exerce o direito ao voto em pleitos presidenciais, nas eleições para governador o número apresenta variação de 10%, e para o Senado a alienação eleitoral chega ao total de 46,8% de votos válidos, ambos em relação a 2006 e 2018. O Sudeste é a região com a maior taxa de alienação, chegando a 37,5% para eleições de prefeitos em 2020. Segundo as análises do estudo, quanto mais distante do dia a dia do eleitor e menos clara a função do cargo, menor o interesse do eleitor em registrar seu voto.

Em regiões metropolitanas, por exemplo, a alienação dos eleitores chega a ser 10% maior em pleitos estaduais/federais na comparação com as eleições municipais.

 

Outros destaques

O estudo mostra que o público com menor engajamento nas eleições são os jovens entre 16 e 24 anos. Nas eleições de 2018, por exemplo, eleitores acima dessa faixa etária votaram quase duas vezes mais do que os jovens.

O nível de escolaridade é a variável que mais influencia o não comparecimento às urnas. Pessoas com Ensino Superior compareceram três vezes mais às urnas em comparação com eleitores que possuem apenas o ensino primário.

‘‘O estudo indica que, na média, o exercício do voto pelos brasileiros encontra-se em um patamar saudável. Porém, o fato de a alienação ser crescente e mais forte entre jovens reforça a necessidade de fomentarmos a conscientização e a participação política, um movimento que vai além das eleições”, diz Rafael Gioielli, gerente-geral do Instituto Votorantim. 

Outro ponto que influencia o desinteresse em escolher representantes é a baixa identificação partidária do eleitor. Os dados mostram que pessoas que se identificam partidariamente votam três vezes mais nas eleições presidenciais e duas vezes mais nas eleições legislativas que os eleitores sem nenhuma identificação ideológico-partidária.

A alienação eleitoral poderia ser ainda maior no Brasil sem as urnas eletrônicas. Segundo dados analisados pelo estudo do Instituto, a adoção da tecnologia de votação por meio do uso de teclados simples reduziu de maneira relevante o número erros que resultavam na anulação de votos. O sistema eletrônico contribuiu com uma queda de 42% dos votos nulos e brancos em eleições presidenciais e de 57% em eleições para governos estaduais entre 1994 e 2002, quando as urnas foram totalmente implementadas. “Provavelmente, essa queda está relacionada à facilidade que a tecnologia trouxe para o eleitor indicar seus candidatos, sobretudo para as populações menos escolarizadas”, afirma Gioielli.

Para composição do estudo e análise comportamental do eleitorado brasileiro, o Instituto Votorantim cruzou as bases de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), desde 1992, e do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp (Universidade de Campinas), desde 2002. O estudo foi desenvolvido em parceria com Ivan Filipe Fernandes, professor doutor de Políticas Públicas na Universidade Federal do ABC (UFABC), onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), com apoio do cientista político Caique Terenzzo.

A íntegra e o sumário executivo do estudo A Alienação Eleitoral no Brasil Democrático estão disponíveis no site do Programa Cidadania (https://www.programacidadania.org.br/alienacao-eleitoral/) do Instituto Votorantim.

 

  

Instituto Votorantim

https://www.institutovotorantim.org.br/

 

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