Tratamento neuropsicológico auxilia o paciente a lidar com a doença
Veio
a público na última semana, um relato do ator norte americano Brad Pitt de 59
anos, sobre ser portador de cegueira facial. Um distúrbio neurológico que
impede a capacidade de reconhecimento facial.
O bem sucedido ator de diversos filmes de sucesso do cinema, não possui um
diagnóstico formalizado, mas declarou que essa dificuldade em identificar o
rosto das pessoas, faz com que se sinta envergonhado além de prejudicar sua
vida social, pois já foi até rotulado como “antipático” e “mal educado” por não
se lembrar do outro. Mas o que vem a ser esse distúrbio e como tratar?
Vamos entender melhor sobre esse problema. A prosopagnosia é o nome científico
para a cegueira facial. Quem recebe esse diagnóstico, por não conseguir
distinguir as pessoas pela face, de forma estratégica, tenta identificar os
indivíduos, mesmo que sejam muito conhecidos e íntimos, através de outras
características físicas, como: cabelo, barba, altura, voz, roupas e etc.
Essa condição, infelizmente, pode afetar qualquer pessoa, podendo ter uma causa
genética ou ser uma consequência neurológica de doenças como a esquizofrenia,
AVC, traumas cerebrais, Alzheimer ou depressão severa.
Por ser pouco conhecido, o distúrbio é, muitas vezes, classificado como falta
de memória, falta de educação, arrogância ou até mesmo estrelismo. No caso do
ator de Hollywood, a limitada interação social, discutida em alguns tabloides,
apontam Brad como sendo um “ator estrela”, fato que o levou a desenvolver
episódios de ansiedade, tristeza e depressão.
Falta de memória ou racionamento da inteligência nada tem a ver com a cegueira
facial, conforme estudos neurológicos e neuropsicológicos já confirmaram. O
diagnóstico se dá através da aplicação de diversos testes e exames de imagem
que detectam as nuances e diferenças entre as pessoas, a partir da análise
fatiada de áreas do cérebro que podem indicar alterações cognitivas visuais.
Porém, não existe cura para o distúrbio, mas o tratamento neuropsicológico
auxilia o paciente a criar estratégias de identificação facial e meios de
amenizar a sua dificuldade interativa com as pessoas à sua volta.
De todos os sintomas e afetações da cegueira facial, talvez o medo, a
insegurança, a ansiedade e a vergonha, sejam umas das características mais
desafiadoras do paciente. Principalmente para uma pessoa como o ator que vive
de sua imagem e das suas relações interpessoais em seu universo de fama e
sucesso.
Tanto que o astro fez a escolha pelo isolamento e afastamento dos holofotes em
diversos momentos da vida, para evitar situações constrangedoras decorrentes da
prosopagnosia.
Enfim, fica aqui um alerta despertado pela condição de saúde de Brad Pitt:
antes de julgar as atitudes do outro, sejam quais forem, atirar pedras e
rotular como “estrelismo” certas ações, devemos considerar que o outro possa
estar com algum tipo de problema.
Não escolhemos estar doentes e a cegueira facial, por exemplo, por ser
pouco divulgada, pode confundir e facilitar os julgamentos alheios em cima de
quem convive com o distúrbio.
Verdade seja dita: a angústia por não reconhecer facialmente as pessoas,
principalmente, as mais próximas, é imensa e pode potencializar uma sensação de
nulidade e impotência.
Desta forma, ao menor sinal de que algo está errado, busque ajuda médica aliada
a sessões de psicoterapia para encontrar respostas e maneiras estratégicas de
conviver com essa doença incurável.
Dra. Andréa Ladislau
Psicanalista
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