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sexta-feira, 15 de julho de 2022

O que vem a ser a cegueira facial que afeta o ator Brad Pitt?

 Tratamento neuropsicológico auxilia o paciente a lidar com a doença

 

Veio a público na última semana, um relato do ator norte americano Brad Pitt de 59 anos, sobre ser portador de cegueira facial. Um distúrbio neurológico que impede a capacidade de reconhecimento facial.

O bem sucedido ator de diversos filmes de sucesso do cinema, não possui um diagnóstico formalizado, mas declarou que essa dificuldade em identificar o rosto das pessoas, faz com que se sinta envergonhado além de prejudicar sua vida social, pois já foi até rotulado como “antipático” e “mal educado” por não se lembrar do outro. Mas o que vem a ser esse distúrbio e como tratar?

Vamos entender melhor sobre esse problema. A prosopagnosia é o nome científico para a cegueira facial. Quem recebe esse diagnóstico, por não conseguir distinguir as pessoas pela face, de forma estratégica, tenta identificar os indivíduos, mesmo que sejam muito conhecidos e íntimos, através de outras características físicas, como: cabelo, barba, altura, voz, roupas e etc.
Essa condição, infelizmente, pode afetar qualquer pessoa, podendo ter uma causa genética ou ser uma consequência neurológica de doenças como a esquizofrenia, AVC, traumas cerebrais, Alzheimer ou depressão severa.

Por ser pouco conhecido, o distúrbio é, muitas vezes, classificado como falta de memória, falta de educação, arrogância ou até mesmo estrelismo. No caso do ator de Hollywood, a limitada interação social, discutida em alguns tabloides, apontam Brad como sendo um “ator estrela”, fato que o levou a desenvolver episódios de ansiedade, tristeza e depressão.

Falta de memória ou racionamento da inteligência nada tem a ver com a cegueira facial, conforme estudos neurológicos e neuropsicológicos já confirmaram. O diagnóstico se dá através da aplicação de diversos testes e exames de imagem que detectam as nuances e diferenças entre as pessoas, a partir da análise fatiada de áreas do cérebro que podem indicar alterações cognitivas visuais.

Porém, não existe cura para o distúrbio, mas o tratamento neuropsicológico auxilia o paciente a criar estratégias de identificação facial e meios de amenizar a sua dificuldade interativa com as pessoas à sua volta.

De todos os sintomas e afetações da cegueira facial, talvez o medo, a insegurança, a ansiedade e a vergonha, sejam umas das características mais desafiadoras do paciente. Principalmente para uma pessoa como o ator que vive de sua imagem e das suas relações interpessoais em seu universo de fama e sucesso.

Tanto que o astro fez a escolha pelo isolamento e afastamento dos holofotes em diversos momentos da vida, para evitar situações constrangedoras decorrentes da prosopagnosia.

Enfim, fica aqui um alerta despertado pela condição de saúde de Brad Pitt: antes de julgar as atitudes do outro, sejam quais forem, atirar pedras e rotular como “estrelismo” certas ações, devemos considerar que o outro possa estar com algum tipo de problema.

 Não escolhemos estar doentes e a cegueira facial, por exemplo, por ser pouco divulgada, pode confundir e facilitar os julgamentos alheios em cima de quem convive com o distúrbio.

Verdade seja dita: a angústia por não reconhecer facialmente as pessoas, principalmente, as mais próximas, é imensa e pode potencializar uma sensação de nulidade e impotência.

Desta forma, ao menor sinal de que algo está errado, busque ajuda médica aliada a sessões de psicoterapia para encontrar respostas e maneiras estratégicas de conviver com essa doença incurável.


Dra. Andréa Ladislau 

Psicanalista


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