Colômbia,
Panamá, Trinidad e Tobago, Bermudas, República Dominicana, Chile e Alemanha
recebem pela primeira vez os medicamentos desenvolvidos no Brasil
O Instituto Butantan, referência na fabricação de
imunobiológicos no Brasil, iniciou nesta semana a exportação de 2.820 frascos
de soro antiofídico e antidiftérico para países da América do Norte, América do
Sul e Europa. O envio dos soros para nações estrangeiras acontece há três anos,
para localidades como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, mas desta vez
outros sete países entraram na lista de compradores do instituto.
Até setembro, entidades de saúde da Colômbia, Panamá, Bermudas,
República Dominicana, Chile e Alemanha terão recebido soro diftérico produzido
no Brasil. Para Trinidad e Tobago a remessa é de soro antibotrópico e
antilaquético (para tratamento de acidentes por picada de jararacas e
surucucu-pico-de-jaca, respectivamente) e de soro antielapídico (para
tratamento de picada de coral-verdadeira). Hoje, o Butantan soma 10 países na
lista de locais de exportação do medicamento.
Apesar de terem acesso à vacina contra difteria, é comum que os
países possuam uma reserva de emergência do soro, caso haja algum caso
confirmado da doença. Para os soros antiofídicos, contra envenenamento por
picada de serpente, a demanda vem de localidades com alto índice de acidentes por
animais peçonhentos, que contam com a expertise de 121 anos de produção do
Butantan.
O Butantan tem desempenhado papel importante junto de
organizações internacionais. Em abril, o instituto exportou 925 mil doses da
vacina contra influenza para Uruguai e Nicarágua, por meio de edital do Fundo
Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para Acesso a Vacinas.
Também foi o primeiro fornecedor de um imunizante contra Covid-19 na América
Latina, a CoronaVac.
"A parceria com entidades como a OPAS, que tem quase a
mesma idade do instituto, é um reconhecimento enorme, provando que as nossas
vacinas, soros e imunobiológicos atendem aos rígidos padrões internacionais”,
afirma o diretor de Parcerias Estratégicas e Novos Negócios do Butantan, Tiago
Rocca.
Além da expansão do mercado internacional, o Butantan reafirma
diariamente seu compromisso com a saúde pública brasileira, tendo o Ministério
da Saúde como cliente prioritário, e destaca que a exportação de soros e
vacinas não impacta no fornecimento para o atendimento no país.
Soro antibotrópico e antilaquético
Este soro age tanto contra o envenenamento por picada de
serpente do gênero Bothrops,
que reúne as jararacas (antibotrópico), quanto contra o envenenamento por
picada de serpentes do gênero Lachesis,
como a surucucu-pico-de-jaca, encontrada principalmente na Amazônia
(antilaquético).
Os soros antiofídicos começaram a ser produzidos pelo Butantan
em 1901. Desde então, a produção se modernizou e hoje o Instituto conta com
cinco tipos diferentes de soros contra acidentes por serpentes, que tratam
envenenamento por gêneros distintos, como jararacas, cascavéis e corais.
Soro antidiftérico
Produzido no Butantan desde 1906, o medicamento trata a
difteria, doença respiratória infectocontagiosa causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae,
produtora da exotoxina diftérica.
A difteria é transmitida pelo contato direto com pessoas
contaminadas por meio de gotículas de secreção respiratória, eliminadas por
tosse, espirro ou ao falar. O tratamento mais eficaz é o soro antidiftérico,
mas a vacina é a medida preventiva mais importante contra a doença.
Nova fábrica de soros
Para modernizar sua produção e atender os locais mais remotos do
Brasil, onde os acidentes ofídicos são mais frequentes, o Instituto Butantan
está construindo o Centro Avançado de Produção de Soros, que terá 6,6 mil
metros quadrados e cinco pavimentos. A instalação vai contar com um
liofilizador, aparelho que desidrata os produtos líquidos e depois transforma
em pó, mantendo as propriedades neutralizantes. Com isso, os soros poderão
chegar a regiões remotas, onde não há luz elétrica, já que o produto não
precisará ser mantido sob refrigeração.
Quando entrar em operação, a fábrica absorverá a produção de
todos os tipos de soros que o instituto produz, incluindo aqueles contra
toxinas de animais peçonhentos e microrganismos.
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