Com altas chances
de cura na fase inicial, cerca de 76% dos casos são diagnosticados em estágios
avançados, dificultando o tratamento e aumentando os riscos de óbito pela
doença
Considerado pelo Instituto Nacional de Câncer
(Inca) um dos tipos mais incidentes, o câncer de cabeça e pescoço foi
responsável por mais de 20 mil mortes no Brasil no ano de 2019, com estimativa
de mais de 685 mil novos casos por triênio no mundo.
Conforme a Dra. Beatriz Cavalheiro, cirurgiã de
cabeça e pescoço da Rede de Hospitais São Camilo SP, o maior desafio é a falta
de informação sobre a doença, levando a diagnósticos tardios.
Segundo dados da entidade, mais de 75% dos casos
são diagnosticados já em estágio avançado, o que dificulta o tratamento, além
de elevar a taxa de mortalidade. Cânceres de cabeça e pescoço são considerados
aqueles que acometem as regiões da cavidade oral, faringe (garganta), laringe e
cavidade nasal, bem como a pele, glândulas salivares, vasos sanguíneos,
músculos e nervos da região, além da glândula tireoide.
A especialista frisa que no Brasil, os cânceres de
boca são os quintos mais frequentes entre homens, enquanto os de laringe estão
em oitavo lugar. Já entre as mulheres, o câncer de tireoide é o quinto mais
prevalente (e o quarto no estado e na cidade de São Paulo), com quase 12.000
novos casos no ano de 2020, de acordo com o último levantamento do Ministério
da Saúde.
“A prevenção é nossa mais importante ferramenta no
combate ao câncer e, o diagnóstico precoce, um importante recurso para sua
cura. Por isso, é fundamental a não exposição aos fatores de risco, a
realização de exames preventivos e estar atento aos sintomas da doença”,
reforça.
Ela explica que, entre os principais indícios,
estão lesões e sintomas que não se resolvem ou cicatrizam no período de duas
semanas, como feridas na pele, lesões nos lábios, boca e garganta (vermelhas ou
brancas, como aftas); rouquidão e alteração do timbre vocal (voz anasalada, por
exemplo) e dor ou incômodo ao engolir. Deve-se atentar também ao surgimento de
nódulos no pescoço, mesmo que indolores, além do amolecimento dos dentes e
sangramentos na região.
Fatores de risco
A médica destaca que, além de tendências familiares
e a exposição à radiação, não se têm evidências precisas acerca dos fatores de
risco para o desenvolvimento do carcinoma papilífero da tireoide, o mais
frequente a acometer essa glândula (90%). Na maior parte das vezes, o
prognóstico é excelente e não há sequelas quando o paciente é adequadamente
tratado. Existem, porém, variações mais agressivas do câncer da tireoide, mas
passíveis de tratamento.
Geralmente, existem alguns agravantes para o
surgimento do câncer de cabeça e pescoço, como:
- Exposição solar
O tipo de câncer mais frequente na região é, por
sua vez, os tumores de pele, especialmente em regiões do corpo expostas ao sol
sem proteção. Há relação com a exposição solar crônica, de longa data, bem como
queimaduras solares agudas. Esses são mais preocupantes quando próximos aos
orifícios naturais como boca, nariz, olhos e orelhas.
- Tabagismo e ingestão de álcool
Já os cânceres que acometem o revestimento da boca,
garganta e laringe (trato aéreo-digestivo alto) são, na maior parte das vezes,
representados pelo carcinoma epidermoide. O consumo de álcool e fumo
(inclusive o tabagismo passivo) estão entre os principais fatores de risco para
essas lesões, além da má higiene oral, traumas locais de repetição como aqueles
ocasionados por dentaduras mal ajustadas e dieta pobre em frutas e verduras,
alerta a cirurgiã.
O hábito de fumar pode aumentar em até 20 vezes a
possibilidade de uma pessoa saudável desenvolver a doença. Esse risco
multiplica-se em associação com ingestão excessiva de bebidas alcóolicas.
- HPV (Papilomavírus humano)
O vírus pode participar do desenvolvimento de
tumores malignos na boca e, especialmente, na orofaringe, que inclui a base da
língua (porção mais posterior), as amígdalas, as partes laterais e posterior da
garganta. A sua via de transmissão é sexual.
- Exposições a substâncias
Pessoas que trabalham no setor industrial e de
construção e são expostas a substâncias químicas, especialmente derivados do
petróleo, pós de madeira e têxteis, entre outros, podem ter um risco maior de
desenvolvimento de cânceres do revestimento da via aéreo-digestiva alta.
“A indicação para este público é seguir com
consultas preventivas periódicas e estar atento a sinais e sintomas iniciais”,
orienta Dra. Beatriz.
Prevenção
De maneira geral, a adoção de bons hábitos e
prática regular de atividades físicas são ações que podem contribuir significativamente
para a prevenção de inúmeras doenças, inclusive do câncer.
A especialista do Hospital São Camilo SP recomenda
a realização de visitas anuais ao dentista, atenção ao próprio corpo e consulta
a um cirurgião de cabeça e pescoço em casos de evidências como as citadas
acima, além de:
- Manter a higiene bucal em dia;
- Não fumar (cigarro, charuto, cachimbo, maconha,
narguilé) ou mascar tabaco;
- Evitar consumo excessivo de álcool;
- Usar protetor solar adequadamente (importante
replicá-lo durante o dia e não esquecer das orelhas), inclusive em dias sem
sol, bem como chapéus e óculos escuros;
- Realizar exames preventivos da tireoide;
- Vacinar-se
contra o HPV e usar preservativos nas relações sexuais.
Hospital São Camilo
@hospitalsaocamilosp
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