Mães do Instituto Abacare, em Ribeirão Preto, falam sobre os desafios da maternidade e do amor como fator de superação
O Dia das Mães, comemorado no próximo domingo, é
celebrado na comunidade do autismo com um gostinho a mais de força e superação.
Todas as mães encontram desafios na maternidade que exigem dedicação, entrega e
muitas mudanças na rotina e no estilo de vida. Mas, para as mães de crianças
com TEA (Transtorno do Espectro Autista), além de todos os cuidados,
preocupações e atividades a serem cumpridas, ainda tem o dia a dia com a
criança, que apresenta inúmeras necessidades, exigências e desejos que precisam
ser acolhidos.
Giovana Escobal, especialista em Análise do
Comportamento e diretora do Instituto Abacare, explica que a rotina de uma mãe
com autismo envolve muita dedicação e cuidados constantes e que nem sempre
essas mães encontram o apoio necessário na família ou no círculo de amigos.
“Quando uma criança é diagnosticada com autismo, dúvidas, angústias e uma série
de medos tomam conta do coração dos pais, mas a gente observa na clínica que as
mães têm uma força incrível para superar os desafios que são diários. Não são
poucas que abandonam tudo, carreira, vida pessoal, relacionamentos e se dedicam
exclusivamente aos cuidados dos filhos e vem até nós sobrecarregadas, sem o
apoio necessários do pai ou familiares. São verdadeiras guerreiras”, explica.
“O impacto surge de duas formas, a primeira é
para as crianças que saíram de seus institutos e tratamentos e foram para casa
com pais, que de certa forma, são despreparados”, cita o Prof. Dr. Celso Goyos,
coordenador do Instituto Lahmiei e professor associado da UFSCAR ao falar sobre
as dificuldades encontradas durante a pandemia, o professor cita um refugo
desse período para as crianças com TEA: “outro extremo é a escolha de pais que
escolheram um tratamento que permita um aprendizado contínuo, fora dos
institutos, como a Terapia ABA. A mãe é a principal força dessa ação, as mães
que temos em nossos institutos são exemplos a serem seguidos”, fala o Prof. Dr.
Celso Goyos.
Mãe, agente de amor e
cuidados
“É uma conexão extrema. Meu filho me procura para
tudo o que precisa. Sinto que sou seu porto seguro”, relato da Samira Ubaid,
médica e mãe do Gustavo, de 13 anos, com TEA. Ela fala sobre a experiência com
o filho: “Aos 2 anos iniciei terapias convencionais com psicóloga,
psicopedagoga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional. Inicialmente, minha
família viveu o luto do diagnóstico. Tudo era muito doloroso e o que ouvimos
dos profissionais que atendiam meu filho era que talvez ele não falaria, não
evoluiria e que se ele chegasse aos 4 anos sem falar, não falaria mais”,
explica a mãe.
A médica explica que resolveu agir, deixou a
emoção de lado e fez o que estava ao seu alcance para melhorar a qualidade de
vida do Gustavo: “Os 4 anos chegaram e ele nem tinha feito contato visual. Ora
fazia, ora não. A emoção foi dando lugar para a razão e comecei a fazer alguns
cursos, comecei a questionar as terapeutas e disseram que eu era muito ansiosa
e deveria procurar um psiquiatra. Na verdade, eu apenas queria ver a evolução
dele. E já que não via, fui buscar. Finalmente, aos 5 anos veio a indicação
formal para fazer ABA e o Gustavo começou a responder já nos primeiros 15 dias”,
fala Samira.
Marcela Parreira, professora e mãe do Israel, de
15 anos, diagnosticado com TEA, fala sobre a emoção e a experiencia da
maternidade. “Nós somos as mães que sabemos o valor de pequenas palavras, de um
pequeno gesto, valorizamos cada pequena coisa, com os olhares mais atentos e os
ouvidos mais apurados. Conseguimos ouvir o que não é verbalizado, o que está na
alma dos nossos filhos”. Marcela enfatiza que não se considera uma mãe
especial: “Não sou uma mãe especial, mas tenho um filho especial, não pela sua
condição, mas sim pela pessoa que ele é, amorosa, gentil e que me encanta a
cada dia”, conclui.
Samira e Marcela são apenas alguns exemplos de
mulheres que vivem o amor e a cumplicidade e uma entrega ainda mais intensa na
maternidade. “O Dia das Mães é especial, embora o Gustavo não entenda bem o
significado da data, festejamos o dia e explicamos o motivo. Ele adora festas”,
fala Samira, que ainda deixa um recado para mães atípicas com diagnóstico
recente: “É difícil, é doloroso, mas quando eles começam a desenvolver suas
habilidades, a vida vai voltando a ter sentido novamente. Comecem o tratamento
o mais precoce possível, sejam persistentes sempre”, finaliza a Samira.
Sobre o Instituto Abacare
O Instituto Abacare, tem como diretoras a Profa.
Dra. Giovana Escobal e a Psicóloga Dafne Fidelis, com sólida formação
conceitual em pesquisa, atendimento e supervisão na área de Análise de
Comportamento. No instituto, são realizadas intervenções comportamentais,
ensino, estágios, pesquisas, consultorias e capacitações, visando atender
serviços em nível Municipal, Estadual e Federal. Com localização privilegiada o
Instituto está instalado na Av. Carlos Consoni, 791, no bairro Jardim Canada em
Ribeirão Preto.
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