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quarta-feira, 4 de maio de 2022

Entrega e muita dedicação: ingredientes especiais na maternidade de filhos autistas

Mães do Instituto Abacare, em Ribeirão Preto, falam sobre os desafios da maternidade e do amor como fator de superação

 

O Dia das Mães, comemorado no próximo domingo, é celebrado na comunidade do autismo com um gostinho a mais de força e superação. Todas as mães encontram desafios na maternidade que exigem dedicação, entrega e muitas mudanças na rotina e no estilo de vida. Mas, para as mães de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista), além de todos os cuidados, preocupações e atividades a serem cumpridas, ainda tem o dia a dia com a criança, que apresenta inúmeras necessidades, exigências e desejos que precisam ser acolhidos. 

 

Giovana Escobal, especialista em Análise do Comportamento e diretora do Instituto Abacare, explica que a rotina de uma mãe com autismo envolve muita dedicação e cuidados constantes e que nem sempre essas mães encontram o apoio necessário na família ou no círculo de amigos. “Quando uma criança é diagnosticada com autismo, dúvidas, angústias e uma série de medos tomam conta do coração dos pais, mas a gente observa na clínica que as mães têm uma força incrível para superar os desafios que são diários. Não são poucas que abandonam tudo, carreira, vida pessoal, relacionamentos e se dedicam exclusivamente aos cuidados dos filhos e vem até nós sobrecarregadas, sem o apoio necessários do pai ou familiares. São verdadeiras guerreiras”, explica.

 

“O impacto surge de duas formas, a primeira é para as crianças que saíram de seus institutos e tratamentos e foram para casa com pais, que de certa forma, são despreparados”, cita o Prof. Dr. Celso Goyos, coordenador do Instituto Lahmiei e professor associado da UFSCAR ao falar sobre as dificuldades encontradas durante a pandemia, o professor cita um refugo desse período para as crianças com TEA: “outro extremo é a escolha de pais que escolheram um tratamento que permita um aprendizado contínuo, fora dos institutos, como a Terapia ABA. A mãe é a principal força dessa ação, as mães que temos em nossos institutos são exemplos a serem seguidos”, fala o Prof. Dr. Celso Goyos.

 

 

Mãe, agente de amor e cuidados

 

“É uma conexão extrema. Meu filho me procura para tudo o que precisa. Sinto que sou seu porto seguro”, relato da Samira Ubaid, médica e mãe do Gustavo, de 13 anos, com TEA. Ela fala sobre a experiência com o filho: “Aos 2 anos iniciei terapias convencionais com psicóloga, psicopedagoga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional. Inicialmente, minha família viveu o luto do diagnóstico. Tudo era muito doloroso e o que ouvimos dos profissionais que atendiam meu filho era que talvez ele não falaria, não evoluiria e que se ele chegasse aos 4 anos sem falar, não falaria mais”, explica a mãe.

 

A médica explica que resolveu agir, deixou a emoção de lado e fez o que estava ao seu alcance para melhorar a qualidade de vida do Gustavo: “Os 4 anos chegaram e ele nem tinha feito contato visual. Ora fazia, ora não. A emoção foi dando lugar para a razão e comecei a fazer alguns cursos, comecei a questionar as terapeutas e disseram que eu era muito ansiosa e deveria procurar um psiquiatra. Na verdade, eu apenas queria ver a evolução dele. E já que não via, fui buscar. Finalmente, aos 5 anos veio a indicação formal para fazer ABA e o Gustavo começou a responder já nos primeiros 15 dias”, fala Samira.

 

Marcela Parreira, professora e mãe do Israel, de 15 anos, diagnosticado com TEA, fala sobre a emoção e a experiencia da maternidade. “Nós somos as mães que sabemos o valor de pequenas palavras, de um pequeno gesto, valorizamos cada pequena coisa, com os olhares mais atentos e os ouvidos mais apurados. Conseguimos ouvir o que não é verbalizado, o que está na alma dos nossos filhos”.  Marcela enfatiza que não se considera uma mãe especial: “Não sou uma mãe especial, mas tenho um filho especial, não pela sua condição, mas sim pela pessoa que ele é, amorosa, gentil e que me encanta a cada dia”, conclui.

 

Samira e Marcela são apenas alguns exemplos de mulheres que vivem o amor e a cumplicidade e uma entrega ainda mais intensa na maternidade. “O Dia das Mães é especial, embora o Gustavo não entenda bem o significado da data, festejamos o dia e explicamos o motivo. Ele adora festas”, fala Samira, que ainda deixa um recado para mães atípicas com diagnóstico recente: “É difícil, é doloroso, mas quando eles começam a desenvolver suas habilidades, a vida vai voltando a ter sentido novamente. Comecem o tratamento o mais precoce possível, sejam persistentes sempre”, finaliza a Samira.

 

 

Sobre o Instituto Abacare

 

O Instituto Abacare, tem como diretoras a Profa. Dra. Giovana Escobal e a Psicóloga Dafne Fidelis, com sólida formação conceitual em pesquisa, atendimento e supervisão na área de Análise de Comportamento.  No instituto, são realizadas intervenções comportamentais, ensino, estágios, pesquisas, consultorias e capacitações, visando atender serviços em nível Municipal, Estadual e Federal. Com localização privilegiada o Instituto está instalado na Av. Carlos Consoni, 791, no bairro Jardim Canada em Ribeirão Preto.

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