Grande parcela da
população brasileira se encontra endividada ou inadimplente, ocasionando
problemas que vão muito além do dinheiro, envolvendo até mesmo relações
familiares e saúde. Esse crescimento, com certeza tem muito em relação à crise
política, financeira e de saúde que passamos, todavia, outras questões também
são geradoras desse problema.
Repare que, mesmo antes desse
período de dificuldades, a quantidade de endividados e inadimplentes já era
alta. Enfim, existem outros fatores que geram essa situação e, para melhor
entendimento, decidi detalhar os sete principais pecados que levam as pessoas a
se tornarem inadimplentes:
Falta de educação financeira: sem possuir educação financeira, as
pessoas não conhecem sobre a importância do dinheiro e as formas corretas de
utilizá-lo, então, ficam a um passo das dívidas. Isso acontece com a maior
parte da população, pois nem os pais e nem as escolas ensinam isso para as
crianças e adolescentes e depois que crescem, ficam expostos a sociedade de
consumo, na qual esse tipo de informação não é interessante. O caminho para
sair desta situação é buscar cursos e livros sobre o tema. Também é fundamental
a preocupação com as crianças, ensinando de forma lúdica e solicitando a
inserção deste nas escolas.
Falta de
planejamento: as pessoas não
sabem para onde vai o dinheiro que recebem e não possuem controle. Isso é
reflexo direto do pecado anterior, as pessoas ganham e gastam sem controle
nenhum ou com um controle superficial, não se dando conta que o descontrole
financeiro não acontece nos grandes gastos, mas sim nos pequenos. Para evitar
que isso ocorra, o correto é o preenchimento de uma caderneta diária de todos
os gastos, que chamamos de apontamento, e realizar uma planilha mensal por três
meses, conhecendo, assim, os seus verdadeiros números.
Marketing e
publicidade: a suscetibilidade às
ferramentas de marketing e publicidade faz com que as pessoas comprem o que
elas não precisam. Isso acontece diariamente por meio de ações expostas na
televisão, nas ruas, no trabalho. As mensagens são muitas e as pessoas passam a
acreditar que parte do que é oferecido é realmente necessário. O caminho para
evitar esse problema é não comprar por impulso; o ideal é se questionar se
realmente precisa desse produto, qual a função que terá em sua vida, etc.
Também é interessante deixar a compra para outro dia, quando terá refletido
sobre se quer realmente o produto.
Crédito fácil: buscar ferramentas de crédito fácil, como empréstimos,
crediários, financiamentos, limite do cheque especial ou pagar o mínimo de
cartão de crédito já é uma forma de endividamento. O mercado oferece milhares
de produtos de fácil acesso, contudo, os juros cobrados são abusivos e fazem
com que a inadimplência se torne alta. Assim, a solução é evitar esses meios.
No caso de cartão de crédito, o ideal é ter só um e, em caso de descontrole,
até mesmo eliminar. Também é interessante não ter limite de cheque especial e
evitar os empréstimos e crediários.
Parcelamentos: ao parcelar as compras, as pessoas não percebem que já estão
se endividando. Para piorar, muitas vezes, o consumidor esquece de colocar
esses valores no orçamento, o que pode comprometer seriamente as finanças. Um
parcelamento, na verdade, é uma forma de crédito, pois você está usando um
dinheiro que não possui para comprar um produto. Caso seja fundamental
parcelar, deverá constar no orçamento mensal da pessoa, que sempre que receber
seus rendimentos, separará parte do valor para pagar essa dívida. Também é interessante
ter uma poupança paralela, para que, em caso de imprevistos, tenha como arcar
com esses valores.
Falta de sonhos: não ter objetivo para o dinheiro causa
inadimplência. Se a pessoa não tem determinado o objetivo para o dinheiro,
gastará de forma irresponsável, levando ao endividamento. Isso ocorre muito
pela falta de capacidade das pessoas de sonharem, vivendo apenas o presente.
Para sair deste problema, é recomendável fazer um exercício simples, refletir
sobre quais são realmente os seus sonhos, o que se quer para o futuro. Tendo
isso estabelecido, deve cotar os valores e determinar parte de seu dinheiro,
quando recebê-lo para esse fim. Com isso em mente, será muito mais difícil cair
nas armadilhas do consumismo e crédito fácil.
Necessidade de status social: acreditar que consumir é importante
para ser aceito socialmente faz com que as pessoas comprem sem ter condições.
Isso porque acreditam que possuir alguma coisa é o que fará a diferença para os
outros, e não o que ela realmente é. Isso é um valor errado de que ter produtos
é sinônimo de felicidade. O consumo dessa maneira irá apenas suprir a
dificuldade de relacionamento interpessoal. A solução para esta questão é ter
objetivos claros e perceber que é muito mais importante ter conteúdo do que ter
produto.
Ao citar esses sete
erros que levam à inadimplência, não quer dizer que não existam outros, mas
acredito que esses sejam vitais para que uma pessoa ou família se atentem. Quem
investe em seus conhecimentos, tem maior chance de se dar bem na vida e, quem
tem a educação financeira como um dos requisitos básicos para se viver bem,
certamente, poderá desfrutar muito melhor desta vida. Enfim, vamos todos
investir em nossa saúde financeira para dar sustentabilidade às nossas
principais saúdes: física, mental e espiritual.
Reinaldo
Domingos - PhD em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de
Educadores Financeiros (Abefin), da DSOP Educação Financeira e autor de
diversas obras sobre o tema dentre as quais o best-seller Terapia Financeira.
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