A dignidade menstrual é sobre dignidade
humana. Quando falamos de dignidade, estamos clamando por acesso à informação,
a produtos de higiene básica e autoconhecimento. É preciso reconhecermos a
nossa essência como ser humano, os nossos ciclos fisiológicos e abraçá-los de
forma natural, afinal a menstruação não deve ser motivo de vergonha. O
autoconhecimento protege!
A menstruação é um processo natural que
ocorre com milhões de pessoas no mundo inteiro, o tempo todo. Entretanto,
infelizmente, em alguns centros o tema ainda é tratado com desconforto e, por
muitas vezes, como um tabu. Dessa forma, a principal arma de combate é o
diálogo. Debater sobre o tema simboliza o despertar da consciência, precisamos
falar sobre e é um dever de todos.
A ausência de recursos básicos
caracteriza o que chamamos de “pobreza menstrual”, que além de colocar em risco
a saúde da pessoa, afeta totalmente o poder de desenvolvimento humano a partir
do momento que ocorre a exclusão na sociedade. Em uma enquete realizada pelo
UNICEF com pessoas que menstruam, 62% afirmaram que já deixaram de ir à escola
ou a algum outro lugar de que gostam por causa da menstruação e 73% sentiram
constrangimento nesses ambientes.
Em uma pesquisa realizada pela Johnson
& Johnson Consumer Health, em parceria com os Institutos Kyra e Mosaiclab,
estima-se um gasto de R$ 21,00 por ciclo menstrual. Considerando que, segundo dados
da Fundação Getúlio Vargas Social, 13% da população brasileira vive com menos
de R$
246,00 mensais, torna-se inviável destinar uma parte do orçamento à compra
desse tipo de produto. Dessa forma, a pobreza menstrual acaba se tornando
corriqueira entre as famílias de baixa renda.
Por esse e vários outros motivos, as
iniciativas sociais são fundamentais nesse processo. Todo projeto que visa ao
desenvolvimento do ser humano tem como resultado um grande impacto positivo no
mundo, principalmente quando falamos de um tema que implica acesso à
informação, inclusão e dignidade.
Mais do que ações sociais para doações
de produtos, as iniciativas devem levar atitudes revolucionárias com o intuito
de incluir todos como aliados e fazer dessa causa uma questão humana. Melinda
Gates, no livro O momento de voar: Como o empoderamento feminino muda o
mundo, deixa claro quando afirma que mulheres e homens devem trabalhar
juntos para derrubar as barreiras e acabar com os preconceitos que ainda
prejudicam a sociedade.
Quando eu digo que a luta pela
dignidade menstrual é um papel de todos, estende-se para as empresas também.
Estamos totalmente ligados ao ESG (Ambiental, Social e Governança) quando
trazemos a necessidade de a empresa promover munição para seus colaboradores,
humanizando, entendendo o ciclo de funcionamento do corpo humano e conectando a
responsabilidade e compromisso para promover esses espaços de conscientização.
Assim como fizemos na agência com a Roda de Conversa, realizada em março, sobre
o tema.
Enquanto não enxergarmos a menstruação
como algo natural e socialmente aceita, ela ainda será um tabu. Por mais que
trabalhemos nessa questão da dignidade menstrual, o tabu e a pobreza menstrual
ainda são uma realidade. Todos nós nascemos de um útero que menstruou por muito
tempo e precisamos falar sobre isso!
Renata Ankowski - formada em Administração de
Empresas, pós-graduada pela PUC-AR e especialista em gestão de projetos pela
ESPM, PMO Agile, Design Thinking e Service Design, atua há mais de 14 anos com
grandes multinacionais em diversas áreas, aplicando gestão estratégica.
Atualmente, é COO na MCM Brand Experience.
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