Desde 1º de janeiro, a síndrome de Burnout, que muitos conhecem como a síndrome do esgotamento profissional, foi incorporada à lista das doenças ocupacionais reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim, os indivíduos diagnosticados (inclusive no Brasil) passam a ter as mesmas garantias trabalhistas e previdenciárias previstas para as demais doenças do trabalho.
A OMS define
como doença ocupacional os problemas de saúde contraídos pelo trabalhador após
ficar exposto a fatores de risco decorrentes da sua atividade laboral, que
afetam sua saúde física e mental.
No Brasil, a
síndrome passará a ter o código QD85, dentro da CID-11 (Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). O trabalhador
diagnosticado terá direito a 15 dias de afastamento remunerado. Acima desse
período, receberá o benefício previdenciário pago pelo INSS – o auxílio-doença
acidentário, que garante a estabilidade provisória, ou seja, este indivíduo não
poderá ser dispensado sem justa causa nos 12 meses após o seu retorno.
De acordo com
Nicoli Abrão Fasanella, médica psiquiatra, docente da Faculdade de Ciências
Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP e mestranda do programa de pós-graduação
Educação nas Profissões da Saúde, a síndrome de Burnout é resultante do
estresse intenso e crônico mal gerenciado no local de trabalho. Ela é
caracterizada pelo esgotamento mental e físico, sentimentos de negativismo
relacionados ao trabalho e redução da eficácia profissional.
“Trata-se de
uma condição que se desencadeia após um estado de tensão constante, seja no
contexto físico e/ou mental. Quem sofre dessa doença sente que não possui mais
recursos para enfrentar a situação estressante; sente frieza ou falta de
empatia nas relações com os colegas de trabalho e, também, nota um sentimento
de baixa produtividade, que pode vir acompanhado de culpa. Ou seja: é um grande
sofrimento que impacta a vida dessas pessoas”, explica.
O termo “burn
out”, em inglês, significa “queimar por completo”. Trata-se de uma referência
ao que ocorre com o a saúde psicológica do paciente conforme a doença se
agrava: ele é tomado cada vez mais pelo estresse, até se esgotar completamente.
A síndrome
costuma prevalecer entre aqueles que atuam em áreas com alto nível de estresse
ou enfrentam jornada dupla de trabalho, como os profissionais da saúde,
policiais e professores, por exemplo.
Ela foi
descrita pela primeira vez em 1974, pelo médico Herbert Freudenberger. Desde
então, a doença tem associação próxima com o contexto de trabalho. O próprio
especialista a descreveu como “um estado de esgotamento mental e físico causado
pela vida profissional”.
Os sintomas
mais comuns costumam ser cansaço excessivo, sensação de que não descansou mesmo
após dormir, dores de cabeça frequentes, queda no rendimento profissional,
distúrbios alimentares, entre outros. Eles servem como alerta de que o estilo
de vida profissional do paciente precisa mudar de alguma forma, senão, sua
saúde ficará cada vez mais comprometida. A síndrome pode ser agravada pelas
condições de trabalho da atualidade, com o aumento da pressão por resultados.
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