Faz dias
veio a público a notícia de que desejam considerar a velhice como uma doença.
Pasme, mas é isso mesmo. Entre os 50 e 60 anos, em vez de você começar a se
considerar idoso, estará acometido gravemente pelo passar dos anos.
Era só o
que faltava. Tenham dó. A ideia é da Assembleia Mundial de Saúde, órgão de
governança que estrutura e apresenta as ações a serem cumpridas pela
Organização Mundial da Saúde, OMS. Prevê instituir oficialmente a velhice como
doença, na Classificação Internacional de
Doenças, em sua próxima edição – a CID 11, a partir de 1º de
janeiro de 2022.
A
despeito do histórico e valoroso trabalho em prol da vida humana empreendido
pela OMS, trata-se de uma invenção sem pé ou cabeça, como diriam os mais
velhos. Ou seriam os mais doentes?
A
Sociedade Brasileira de Clínica Médica, da qual sou presidente, contesta a
proposição, assim como já o fez a Associação Médica Brasileira (AMB), entre
outras instituições lisas e sérias de todos os continentes.
Se tal
absurdo vingar, inúmeros registros de doenças específicas e relacionadas à
idade mais avançada simplesmente serão catalogados como velhice no Código
Internacional, CID.
Assim, ao
registrá-las de forma nada criterioso, teremos prejuízos gravíssimos a sistemas
de saúde de todo o planeta. Eles perderão todos os parâmetros reais para a
elaboração de políticas de saúde baseadas em ocorrências por idade.
No Brasil, 3 em cada 4 mortes
ocorrem a partir dos 60 anos. São desfechos de doenças cardiovasculares,
oncológicas e neurológicas, entre outras. Seguido o entendimento da Assembleia Mundial de Saúde, todos os óbitos
futuros dessa faixa etária, a partir de 2022, terão a causa catalogada como
velhice.
De acordo com o Centro Internacional da
Longevidade – ILC Brasil
seria um retrocesso e viria a acentuar globalmente preconceitos em relação à
longevidade. É verdade em 100%.
Convido a
todos a se contraporem e essa proposta. A sociedade que almejamos deve
respeitar e valorizar os idosos. Aqui, cabe bem o slogan que as mulheres honram
no dia a dia: nenhum direito a menos. Os mais experientes, agradecemos.
Antonio Carlos Lopes - presidente da Sociedade
Brasileira de Clínica
Médica
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