A violência infantil pode passar despercebida pelas pessoas
mais próximas da criança; por conta disso, a psicóloga Vanessa Gebrim,
especialista em Psicologia Clínica pela PUC, fala um pouco sobre o tema e lista
algumas expressões das crianças que os responsáveis precisam ficar atentos
A
violência contra a criança pode existir tanto dentro quanto fora de casa. Para
se ter ideia, um levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP) aponta que entre 2010 e 2020, pelo menos 103.149 crianças e adolescentes
acabaram morrendo no Brasil vítimas de agressão. Deste número, cerca de 2 mil
vítimas tinham menos de quatro anos. Recentemente, esteve em destaque o caso de
Henry Borel, uma criança de quatro anos que sofreu uma série de lesões que
indicavam agressões físicas e supostamente causaram sua morte dentro da casa do
padrasto.
De
acordo com a psicóloga Vanessa Gebrim,
especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, é importante estar sempre
atento às reações das crianças sobre determinados temas. “Os sinais de que a
criança está sofrendo algo podem aparecer de variadas formas, desde alterações
no sono, crises de choro, marcas no corpo, dificuldade para dormir, problemas
na escola e medo de certas pessoas. São alguns sinais que muitas vezes podem
ser pequenos e interpretados como ‘birra’ pelos adultos, mas é necessário
manter os olhos abertos para nunca deixar com que os casos cheguem a extremos”,
explica.
Além
disso, quando os responsáveis não conseguem identificar o motivo de certas
reações da criança a determinadas situações, é importante buscar o olhar de um
profissional. “Muitas vezes, a criança não consegue explicar o que está
acontecendo com ela, seja por medo de alguém ou por não entender as situações
direito. Por conta disso, uma boa iniciativa dos responsáveis é entrar em
contato com profissionais que entendam de comportamento infantil para encontrar
a melhor forma de compreender o que está acontecendo com a criança e ajudá-la”,
complementa a psicóloga.
Pensando nisso, a psicóloga listou quatro expressões que podem ajudar a identificar situações de abuso e/ou violência infantil. Confira:
“Mãe, não quero ir para escola”
O
medo de ir para a escola é uma característica de crianças que costumam sofrer
violência física ou verbal dentro das dependências escolares. “Dentro das
escolas, alguns jovens costumam se juntar em grupos para ter atitudes agressivas
contra alguém. Quando a criança demonstra o medo de ir à escola, é importante
que o responsável converse com ela e busque entender o motivo do sofrimento.
Além disso, o ideal é ir até a escola para ter uma conversa com os
coordenadores e professores e buscar algum posicionamento da parte deles para
que isso não volte a ocorrer novamente”, explica.
“Eu
não quero voltar para casa”
O
receio da criança de voltar para casa é um grande indício de que ela pode estar
sofrendo algum tipo de violência vinda por parte de alguém que mora com ela. “É
necessário se manter atento aos mínimos sinais quando falamos de violência,
seja física ou psicológica, dentro de casa. Se cometida por algum dos
responsáveis, o esperado é que a criança tenha medo e mais dificuldade em
contar o que está acontecendo dentro de casa. Por conta disso, é importante
buscar criar uma relação de confiança com a criança para que ela consiga contar
o que está acontecendo, e não invalidar suas reações, como muitas vezes acaba
acontecendo por acreditarem que é birra ou algo que não merece atenção”, diz a
psicóloga.
“Quando
ele(a) vem quero ir para vovó ou outro parente”
A
necessidade de manter-se afastado de alguma pessoa, pode acontecer por conta de
determinadas ações cometidas contra a criança. “Quando a criança não consegue
ficar perto de alguém, os responsáveis devem se alertar imediatamente. Em
situações como estas, é provável que a criança tenha sofrido com tentativas de
violências, sejam físicas ou verbais, pela pessoa em específico. A melhor forma
de lidar com a situação, é perguntar para a criança se aconteceu algo que tenha
a deixado assustada”, explica Gebrim.
“Eu
não quero brincar, quero ficar sozinho(a)”
A
mudança drástica de comportamento é um dos principais indicativos de que a
criança está passando por algum tipo de dificuldade. “Muitas vezes, os sinais
são encontrados quando uma criança que é alegre e agitada, se torna quieta,
acuada, triste e às vezes até mesmo agressiva. O sono e alimentação da criança
podem mudar, além dela poder começar a apresentar sinais de baixa autoestima e
depressão. Quando o responsável identifica esses comportamentos, é preciso
procurar ajuda profissional para entender a origem do problema, principalmente
se a criança não se abrir sobre o que está acontecendo", conclui a
psicóloga.
É
sempre importante ficar atento ao perfil do agressor que, na maioria das vezes,
são diagnosticados com algum distúrbio. Nos casos de psicopatia, que podem
estar entre as opções de diagnóstico, é preciso entender que existem diferentes
graus, ou seja, nem todo psicopata comete crimes, podendo conviver em sociedade
sem que jamais suspeitem da sua condição. Entretanto, é importante sempre
manter os olhos abertos com qualquer atitude considerada suspeita.
“A
psicopatia é um transtorno mental grave, em que a pessoa pode apresentar
comportamentos amorais sem demonstrar remorso ou arrependimento. Na maioria das
vezes, o psicopata não tem nenhuma empatia ao ver a dor do outro, conseguindo
não desenvolver grandes vínculos afetivos. São pessoas que costumam manipular,
mentir e fingir as próprias emoções. Por conta de tudo isso, é importante que
os responsáveis estejam sempre atentos à quem colocam perto das crianças”,
conclui Vanessa Gebrim.
Vanessa Gebrim - é
Pós-Graduada e especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu
desenvolvimento profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia
de apoio na área de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias
que orientam psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de
pacientes com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É
precursora em Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR,
Brainspotting, Play Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas
modernas que otimizam o tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito
cerebral. Atua também como Consteladora Familiar, com abordagem sistêmica que
promove o equilíbrio e melhora relações interpessoais. Tem amplo conhecimento
clínico, humanista, positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças
profundas que contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20
anos de atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata
transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC,
ansiedade, transtorno de estresse pós traumático, orientação de pais,
distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto,
entre outros.
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