A Educação, uma das áreas mais atingidas em 2020 pela pandemia, inicia um novo ano ciente de que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que a Covid-19 esteja controlada, mas educadores e gestores já conseguem olhar para o ano letivo de 2021 confiantes e muito mais preparados do que quando iniciaram 2020. O ensino remoto, que foi sacado da prateleira às pressas para ser aplicado de forma emergencial e provisória - e porque não dizer improvisada, de início? -, permanece em nossos horizontes como alternativa para o que ainda teremos que conciliar em 2021, e nos permite enxergar um universo de novas possibilidades. É seguro afirmar que a Educação pós pandemia nunca mais será a mesma, ela mudou - e para melhor. Não é segredo para ninguém que antes da pandemia se instalar, tínhamos, dentro das próprias escolas, educadores ainda muito resistentes ao uso da tecnologia e às inovações que já se anunciavam há tempos. Agora é justo dizer que não apenas o ensino se modificou em 2020, mas também a mentalidade daqueles que, sem outra alternativa para continuarem ligados e próximos de seus alunos, se conectaram e se uniram ao que tanto temiam e resistiam.
E são as mudanças que nos obrigam a fazer diferente
e melhor! Em 2021, a realidade escolar vai mudar novamente. O cenário será
outro em relação a 2020: professor em sala de aula, parte dos alunos presentes
na escola e outra parte em casa, também precisando da atenção e intervenção do
docente. O ensino híbrido - que é diferente do EaD e do semi presencial -
coloca os professores novamente diante de uma situação nova, desafiando-os a
fazerem diferente mais uma vez, fazendo uso de tudo o que temos de
possibilidades (e elas são muitas!). A vantagem, desta vez, é que esses
profissionais já deixaram de lado o hábito da resistência, já descobriram que
podem sim se reinventar e todo o sistema educacional já passou os últimos meses
debatendo, experimentando, planejando e construindo as condições para que este
novo ensino seja concretizado em sua plenitude.
A pandemia permitiu a nós, educadores, a
oportunidade de perceber que pode-se muito mais, que o potencial para
reinvenção e inovação é enorme. Com o apoio da tecnologia, professores
conseguem analisar dados e terem uma visão muito mais precisa sobre as
aprendizagens dos alunos, o que permite um acompanhamento individual de cada
estudante que os aproxima. O docente consegue enxergar também o que deve ser
priorizado no presencial e o que pode ser aprendido de forma on-line,
conectando essas duas aprendizagens. Esse é o ensino híbrido, que oferece
muitas chances de personalização. É necessário apenas que o professor tenha um
planejamento adequado, que vá de encontro com o que se pretende ensinar, com
intencionalidade pedagógica. E para isso, afirmo que as aulas devem então ser
preparadas do fim para o começo. O ponto de partida para o preparo de uma aula
deve ser sempre a afirmação "ao final dessa aula, meu aluno deverá ser
capaz de….". E, a partir do que o aluno já sabe, passar a construir a aula
combinando o presencial com o on-line, montando as partes dessa aula como se
fosse um mosaico. Inúmeras peças que oferecem um número infinito de
possibilidades, para serem montadas com um único horizonte: onde se quer
chegar.
É certo que as escolas estarão diferentes. Todos:
professores, colaboradores, pais e alunos também estarão. A pandemia modificou
- pouco ou muito - a todos nós, mas isso não é um problema. Ao contrário, mudar
é o que diferencia a natureza humana. O que precisamos é trabalhar e nos
empenhar para fazer da escola um espaço vivo, colaborativo, que priorize o
protagonismo do aluno, esteja ele onde estiver, e que ofereça experiências de
valor e de aprendizado. Nossos alunos são nativos digitais e atuarão como
protagonistas no ensino híbrido se conseguirmos engajamento. O estudante terá
em mãos suas próprias ferramentas e conteúdos. O professor se assume como
maestro, garantindo que a partitura planejada seja realizada. E como fazer para
que 2021 nos confirme tudo isso? Podemos começar aceitando o fato de que as
circunstâncias estão, sim, nos elevando a um patamar muito melhor na
Educação.
Acedriana
Vicente Vogel - diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.
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