Pandemia, vacinação,
definição de políticas econômicas e início da corrida eleitoral vão nortear as
ações dos empreendedores no País
O ano de 2021 será o ano da resiliência para o
empresariado brasileiro. Para quem não sabe o que significa este termo,
resiliência é a capacidade do indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a
mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas —
choque, estresse, algum tipo de evento traumático, entre outros.
Na minha opinião, 2021 será tão ruim quanto foi
2020. Primeiro, vale lembrar que enquanto não houver vacinação em massa, não
haverá retomada das atividades normais das indústrias. A falta de matéria
prima, de produto acabado, eleva os preços dia a dia, pois a lei da oferta e da
procura não se pode revogar. A construção civil, por exemplo, sofre com a
inflação de insumos como cimento, aço, pedras, acabamento, tintas, entre
outros, estando ainda em falta no mercado. Sem contar a mão de obra que está
exposta à contaminação e que, quando contaminados, no mínimo se afastam por 15
dias.
Outros setores também vêm enfrentando aumentos
generalizados como as indústrias de plásticos, higiene pessoal, alimentação.
Além da péssima notícia envolvendo o encerramento das fábricas da Ford, com
mais de 5.000 desempregados diretos, sem contar os indiretos. Em sã
consciência, não há como mensurar o que as empresas vão enfrentar este ano.
O número de falências, infelizmente, deve manter-se
em alta, com aumento de 87% em 2020. O pequeno empresário não consegue manter
as portas abertas, seja pela indefinição de políticas de reabertura do
comércio, indústria e serviços, além de outros fatores, como afastamento de
empregados pela Covid-19, cancelamento de programações de compras de seus
clientes, pagamento de ágio de matérias primas como o aço, são alguns exemplos.
Tudo isto leva o empresário a cada dia estar mais
vulnerável financeiramente, crescendo assim a inadimplência e por sua vez,
pagando com atraso a folha de pagamento e, consequentemente, os empregados não
possuem recursos para honrar suas dívidas, ou seja, é um enfileirado de dominó
aguardando o primeiro empurrar a pedra inicial e as demais virão caindo uma a
uma.
Para quem conseguiu sobreviver ao devastador ano de
2020, 2021 vai exigir ainda mais a busca do equilíbrio financeiro, pois muitos
empreendedores precisam se reinventar e criar novas demandas para seus
produtos. A onda de vendas de equipamentos para home office tem
tendência de decrescimento, pois todos já se abasteceram com os equipamentos. O
setor de restaurantes sofrerá ainda mais este ano com o aumento de casos e
mortes pelo novo coronavírus, havendo um maior incentivo para o trabalho em
casa.
Conheço vários escritórios de advocacia que estão
em home
office desde março de 2020, ou seja, há 11 meses. Esta nova
modalidade de trabalho veio para ficar, tanto que várias empresas têm planos de
reduzir os escritórios e, deixando trabalhadores que não são essenciais
presencialmente, em regime de trabalho em casa.
A reorganização ou reinvenção deve iniciar com
redução de custos, redefinição do mercado alvo, produtos com preços acessíveis
à população consumidora, entre outras medidas que cada ramo em particular
requer.
Medidas de redução de custos são necessárias dia a
dia, em especial para este ano que está incerto se teremos ou não vacina para
todos. A recuperação econômica só deve vir a partir do último trimestre deste
ano, quando, em princípio, grande parte da população deva estar vacinada e
protegida.
A vacinação é a grande aposta do mundo, que está
sofrendo com esta pandemia. De modo que as várias vacinas que foram criadas e
já começam a ser produzidas e distribuídas, são a grande saída para todos.
Paulo Eduardo Akiyama - formado em economia e em
direito desde 1984. É palestrante, autor de artigos, sócio do escritório
Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito
de família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário