Quem já completou 60 anos pode se inscrever na iniciativa, que está com inscrições abertas e ensina a usar as funções básicas dos dispositivos móveis e de aplicativos que tiveram seu uso disseminado durante o período de distanciamento social
Aos 70 anos, Nely
Conceição superou vários desafios nesta pandemia. Ao frequentar aulas remotas
na USP, ela descobriu que a luta pela sobrevivência pode ser facilitada com o
uso da tecnologia: “Nessa pandemia, que estou em casa, o curso está me ajudando
a ter uma atividade. Essas horas que eu fico nas aulas, e depois fazendo as
tarefas, são ótimas. Então, está preenchendo bastante o meu tempo e estou
adquirindo conhecimentos”.
Gravado com a câmera de vídeo do smartphone de Nely, o relato ajuda a compreender
a relevância do curso online Práticas com Tablets e Celulares, que é
oferecido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP,
em São Carlos.
“Antes, o celular para mim era um bicho
de sete cabeças”, confessa Claudete Pena, 73 anos. “Hoje, a gente, no dia a
dia, precisa de certas coisas como pedir um Uber, um almoço... E se a gente não
souber, tem que ficar dependendo dos outros. Realmente, esse curso é bem
precioso”, completa.
Gratuita, a iniciativa está com
inscrições abertas para duas novas turmas: o módulo para iniciantes é destinado
a quem não possui nenhum conhecimento prévio no assunto; e o módulo avançado é
voltado para os idosos que já conhecem as funcionalidades básicas do celular ou
do tablet. Aos iniciantes serão disponibilizadas 30 vagas e as aulas
acontecerão semanalmente às quartas-feiras, de 3 de março a 23 de junho, das 19
às 21 horas. As inscrições devem ser realizadas por meio deste formulário
online: icmc.usp.br/e/3df28.
No caso do nível avançado, haverá 20
vagas e as aulas também acontecerão semanalmente às quartas, de 10 de março a
16 de junho, das 14 às 16 horas. Para se inscrever, basta preencher este
formulário online: icmc.usp.br/e/e7aa2.
Além de possuir um celular ou tablet
próprio – habilitado para navegar na internet e com sistema operacional Android
–, outro pré-requisito do curso é ter 60 anos ou mais, acesso à internet e
e-mail, pois as aulas serão ministradas a distância via Google Meet. No módulo
para iniciantes também é necessário que o idoso tenha o acompanhamento de um
tutor durante as aulas, como, por exemplo, um familiar que possa auxiliá-lo
presencialmente.
"As pessoas idosas inscritas no
curso irão passar por uma avaliação global do processo de envelhecimento e uma
avaliação sobre conhecimentos prévios em uso de dispositivos móveis",
explica a professora Kamila Rios da Hora Rodrigues, que coordena o curso
juntamente com a professora Maria da Graça Pimentel.
Ensinando e
aprendendo – Desde o primeiro semestre de 2015, o
curso Práticas com Tablets e Celulares era oferecido presencialmente no
campus da USP, em São Carlos. Rapidamente, tornou-se uma das atividades de
extensão universitária mais procuradas pela comunidade são-carlense.
No início de cada semestre, no dia em
que as inscrições eram abertas, os idosos se sentavam, em fila, à frente do
balcão em que aconteciam as inscrições e as vagas se esgotavam rapidamente. Nas
tardes de quarta-feira, ao longo do semestre, quem percorria os corredores do
ICMC estava acostumado a ver duas salas de aula do bloco 4 repletas daqueles
alunos experientes, animados com os novos aprendizados obtidos com a ajuda de
tutores, estudantes de mestrado e doutorado que constantemente eram acionados
pelos idosos para esclarecer dúvidas.
Então, em março de 2020, uma pandemia
exigiu que mantivéssemos o distanciamento social. A professora Kamila tinha
realizado apenas duas aulas presenciais. “Um mês depois de interrompermos o
curso, comecei a receber várias mensagens nos grupos de WhatsApp dos alunos
idosos”, conta a docente.
Um sinal de alerta no aplicativo:
relatos de depressão e de outros distúrbios psicológicos se proliferavam.
“Então, convidei os idosos para continuarmos o curso a distância, apenas na
modalidade avançada. Nessa primeira tentativa, gravávamos a aula no Youtube e
os alunos assistiam quando tinham disponibilidade e nos mandavam as atividades
que realizavam em casa. Mas não deu certo, rapidamente eles se desmotivaram
porque não sentiam que estavam em um ambiente de aprendizado e de trocas
sociais”.
Então, no segundo semestre de 2020,
Kamila mudou a estratégia: continuou a oferecer o curso apenas na modalidade
avançada, só que dessa vez as aulas tinham horário definido para acontecer
semanalmente, via Google Meet. Para realizar os exercícios em casa, os idosos
continuavam contando com a ajuda dos tutores que, remotamente, acompanhavam de
perto o desempenho de cada um. “Aí deu certo. Eles se sentiram, de fato, parte
de algo e os laços continuaram a ser formados entre alunos, tutores e
professores”, avalia Kamila.
“No início de cada aula remota, sempre
reservávamos um tempo para bate-papo. Permanecíamos duas horas conectados,
ensinando e aprendendo juntos. Esse novo formato das aulas foi um desafio para
nós e para eles, mas quando a gente notava que eles estavam conseguindo fazer
os exercícios, era muito gratificante para todos”. Kamila explica que o
aprendizado ficava evidente nas mensagens que os idosos mandavam ao longo da
semana, depois de entrarem em um aplicativo como o Spotify, por exemplo, achar
uma música do artista predileto, fotografar a tela (tirar um print) e
enviar aos professores.
Nem tudo funcionava às mil maravilhas.
Um dia, ao simular uma compra em um aplicativo de entrega de comida, uma aluna
confirmou a operação “sem querer”. Resultado: Kamila teve que saborear dois
escondidinhos de calabresa – e nem era o sabor predileto da professora e sequer
hora do almoço.
Um equívoco similar aconteceu durante a
simulação do pedido de uma corrida de Uber. Sem perceber, um dos alunos
solicitou um carro, mas não precisava ir a lugar algum. Enfim, no final, todos
esses contratempos foram resolvidos e renderam boas risadas e muitos
ensinamentos.
De fato, é por meio da repetição de
exercícios com aplicativos – e da possibilidade de cometer erros e de se
arriscar – que se garante o aprendizado de todos nós, quer sejamos idosos ou
não.
USP 60+ –
O curso gratuito e online Práticas com Tablets e Celulares faz parte do Programa USP 60+, promovido pela
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP. Criado há mais
de 25 anos, o Programa proporciona um intercâmbio geracional com os alunos da
Universidade, criando um polo de discussão sobre o tema do envelhecimento, com
atividades destinadas especificamente a esse público.
Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC-USP
Curso gratuito na
USP: Práticas com Tablets e Celulares
Pré-requisitos
básicos:
·
ter 60 anos ou mais;
·
possuir celular ou tablet próprio,
habilitado para navegar na internet e com sistema operacional Android;
·
ter acesso à internet e e-mail.
Módulo iniciante
·
Pré-requisito adicional: é preciso ter
um familiar/tutor para auxiliar o idoso presencialmente durante as aulas.
·
Quando: aulas online às quartas-feiras,
de 3 de março a 23 de junho.
·
Horário: das 19 às 21 horas.
·
Link para inscrições: icmc.usp.br/e/3df28.
Módulo avançado
·
Pré-requisito adicional: já possuir
conhecimentos prévios em utilizar o celular ou o tablet – habilitado para
navegar na internet e com sistema operacional Android.
·
Quando: aulas online às quartas-feiras,
de 10 de março a 16 de junho.
·
Horário: das 14 às 16 horas.
·
Link para inscrições: icmc.usp.br/e/e7aa2.
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