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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Dependência química: precisamos falar sobre essa grave doença, alerta o Seconci-SP

O consumo de álcool e drogas tem aumentado muito nos últimos anos e atingido pessoas cada vez mais jovens

 

Números da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a média de consumo de bebidas alcoólicas per capita anual, considerando brasileiros acima de 15 anos, é de 7,8 litros. Esse número está acima da média mundial, que é de 6,4 litros.  Por ocasião do Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo (20 de fevereiro), o psiquiatra do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), dr. Clemente Soares Neto, alerta para o problema, destacando se tratar de doença incurável e que traz prejuízos de toda ordem.

“Ainda não temos levantamentos oficiais, mas a pandemia do novo coronavírus certamente contribuiu para o aumento do consumo de álcool e drogas ilícitas. A ansiedade causada pelos riscos provocados pela doença, a ociosidade e a maior permanência em casa são alguns dos componentes desse cenário explosivo, agravando este que é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo”, afirma o especialista.

Ele destaca que o consumo de drogas, sejam lícitas ou ilícitas, traz prejuízos socais, psicológicos, familiares e econômicos. “No contexto dos recursos financeiros, o impacto é muito significativo para a economia do país. Primeiro porque o tratamento desses pacientes é longo, custoso e, muitas vezes, recorrente. Temos de incluir também nessa conta os acidentes de trabalho e de trânsito, homicídios, suicídios e os casos de violência doméstica. Acrescenta-se a isso o fato de que grande parte desses pacientes está em plena idade produtiva e a doença acarreta baixa produtividade e pode levá-los ao desemprego”.

O psiquiatra enfatiza que o usuário de álcool e drogas é com frequência vítima de preconceito, que recai com maior intensidade sobre as mulheres. Ele pode ser taxado como preguiçoso, vagabundo, sem caráter, quando na verdade é uma pessoa acometida de uma doença que não tem cura e que exige que o paciente se mantenha vigilante por toda a vida.

“Há pacientes que ficaram longe do álcool por décadas, mas uma perda ou um acontecimento familiar até mesmo positivo os levou de volta ao hábito compulsório”, explica o dr. Clemente.

As causas que levam uma pessoa a se tornar dependente são provocadas por múltiplos fatores, que envolvem gênero, condição física, emocional, o meio social e, em especial, a genética.

“O sucesso do tratamento depende muito do apoio da família, porém o principal requisito é admitir que é impotente diante das drogas e que precisa de ajuda. Sem a vontade do paciente, o tratamento é fadado ao fracasso”, orienta o psiquiatra. 

Ele acrescenta que o Seconci-SP dispõe de equipe de psiquiatras, que podem prescrever o tratamento mais indicado para cada caso. “No consultório, recebo pacientes que agendaram consulta diretamente com a psiquiatria, porém há também muitos que foram encaminhados por outros colegas especialistas, vindos da cardiologia, neurologia, gastroenterologia e do Serviço Social, ou direcionados pela empresa onde trabalham. Oferecemos tratamento também para os familiares, orientando-os como lidar com o paciente e como administrar os problemas decorrentes dessa convivência nociva, que podem gerar a codependência”.


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