O consumo de álcool e drogas tem aumentado muito nos últimos
anos e atingido pessoas cada vez mais jovens
Números da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a média
de consumo de bebidas alcoólicas per capita anual, considerando brasileiros
acima de 15 anos, é de 7,8 litros. Esse número está acima da média mundial, que
é de 6,4 litros. Por ocasião do Dia Nacional de Combate às Drogas e
Alcoolismo (20 de fevereiro), o psiquiatra do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), dr. Clemente Soares Neto, alerta
para o problema, destacando se tratar de doença incurável e que traz prejuízos
de toda ordem.
“Ainda não temos levantamentos oficiais, mas a pandemia do novo
coronavírus certamente contribuiu para o aumento do consumo de álcool e drogas
ilícitas. A ansiedade causada pelos riscos provocados pela doença, a ociosidade
e a maior permanência em casa são alguns dos componentes desse cenário
explosivo, agravando este que é um dos maiores problemas de saúde pública no
mundo”, afirma o especialista.
Ele destaca que o consumo de drogas, sejam lícitas ou ilícitas,
traz prejuízos socais, psicológicos, familiares e econômicos. “No contexto dos
recursos financeiros, o impacto é muito significativo para a economia do país.
Primeiro porque o tratamento desses pacientes é longo, custoso e, muitas vezes,
recorrente. Temos de incluir também nessa conta os acidentes de trabalho e de
trânsito, homicídios, suicídios e os casos de violência doméstica.
Acrescenta-se a isso o fato de que grande parte desses pacientes está em plena
idade produtiva e a doença acarreta baixa produtividade e pode levá-los ao
desemprego”.
O psiquiatra enfatiza que o usuário de álcool e drogas é com
frequência vítima de preconceito, que recai com maior intensidade sobre as
mulheres. Ele pode ser taxado como preguiçoso, vagabundo, sem caráter, quando
na verdade é uma pessoa acometida de uma doença que não tem cura e que exige
que o paciente se mantenha vigilante por toda a vida.
“Há pacientes que ficaram longe do álcool por décadas, mas uma
perda ou um acontecimento familiar até mesmo positivo os levou de volta ao
hábito compulsório”, explica o dr. Clemente.
As causas que levam uma pessoa a se tornar dependente são
provocadas por múltiplos fatores, que envolvem gênero, condição física,
emocional, o meio social e, em especial, a genética.
“O sucesso do tratamento depende muito do apoio da família, porém o principal requisito é admitir que é impotente diante das drogas e que precisa de ajuda. Sem a vontade do paciente, o tratamento é fadado ao fracasso”, orienta o psiquiatra.
Ele acrescenta que o Seconci-SP dispõe de equipe de psiquiatras,
que podem prescrever o tratamento mais indicado para cada caso. “No
consultório, recebo pacientes que agendaram consulta diretamente com a
psiquiatria, porém há também muitos que foram encaminhados por outros colegas
especialistas, vindos da cardiologia, neurologia, gastroenterologia e do
Serviço Social, ou direcionados pela empresa onde trabalham. Oferecemos
tratamento também para os familiares, orientando-os como lidar com o paciente e
como administrar os problemas decorrentes dessa convivência nociva, que podem
gerar a codependência”.
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