A pandemia, sabemos, despertou em muitos o espírito adormecido da solidariedade. E nosso desejo, como vicentinos, é que esse impulso conquiste perenidade e transforme-se em algo cultural: um entendimento amplo da importância do cuidado com o próximo, construído por valores e transmitido de geração em geração, para que cada um seja indivíduo atuante na transformação da sociedade, do ambiente e do futuro.
Dados do IBGE apontam que, de 2016 para 2017, aumentou em quase 13% o número daqueles que realizam trabalho voluntário: são 7,4 milhões, 4,4% da população, de voluntários. Ainda podemos fazer mais! Apesar de tão desigual, estamos longe de ser uma sociedade solidária e generosa.
Nós, da Sociedade de São Vicente de Paulo, nos dedicamos ao trabalho junto a famílias carentes (são mais de 74 mil famílias assistidas em todo o Brasil) e à administração de lares filantrópicos de longa permanência para idosos (mais de 500, também distribuídos em todo o território nacional).
Os desafios são muitos e uma responsabilidade tão grande requer disciplina: realizar o voluntariado como um compromisso com o próximo, e não apenas quando sobra algum tempo. Mas entendemos que o desenvolvimento de uma cultura filantrópica permanente faz parte da criação de uma visão de futuro estruturada, fortalecendo o papel social do indivíduo, e essa é nossa contribuição para o bem comum.
Nossa expectativa é que 2021 seja bem mais ameno do que 2020, mas que o ano passou não seja esquecido: vamos aproveitar o despertar da solidariedade e mantê-la ativa entre nós. Afinal, não é preciso somente doação de recursos, mas tempo, habilidade e afeto. São tempos difíceis, e juntos podemos ir mais longe.
Cristian Reis da Luz - presidente do Conselho Nacional do Brasil da Sociedade de São Vicente de Paulo.
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