Convivência em
creches e escolas pode aumentar a transmissão do herpes simples, mais comum em
crianças
Após quase um ano da pandemia de Covid-19 no
Brasil, crianças de diferentes idades começam a retornar às creches e escolas.
Ainda que cercados de todos os cuidados necessários para evitar a contaminação
pelo Coronavírus, os pequenos seguem expostos a outros tipos de infecções, que,
embora não sejam tão graves, podem gerar incômodo e dor.
Um exemplo é a estomatite, termo utilizado para designar
doenças ou inflamações na cavidade bucal. De acordo com a
otorrinolaringologista Cleonice Hirata, do Hospital Paulista, a estomatite pode
ter diversas causas, mas a mais comum é a viral.
“Nesse caso, ela é causada pelo vírus da herpes
simples (HSV-1). A maioria das pessoas entra em contato com esse vírus em algum
momento da vida. O mais comum é que isso ocorra ainda na infância, entre os
seis meses e os cinco anos de idade”, explica a especialista.
É justamente a convivência mais próxima e intensa
em creches e escolas um dos motivos que levam à maior prevalência do vírus
nesta faixa etária. Além disso, a partir dos seis meses muitas crianças passam
a receber uma carga muito menor de anticorpos da mãe, já que o aleitamento, em
alguns casos, é interrompido ou reduzido.
“Cerca de 95% das crianças com estomatite
apresentam quadros bem leves, até mesmo assintomáticos, sem apresentar qualquer
lesão na boca. Os outros 5%, entretanto, podem ter um quadro mais
significativo, que requer o acompanhamento médico e o tratamento
individualizado”, complementa a médica, que fala também sobre os sintomas da
estomatite viral.
“As lesões aparecem, muitas vezes, como vesículas,
como bolhas bem pequenas, que se espalham em toda a cavidade oral, inclusive na
gengiva e nos lábios. É bem doloroso, e pode gerar também febre, mal-estar,
indisposição e falta de apetite”, afirma Cleonice.
Após o diagnóstico, no entanto, o tratamento é
simples. Trata-se de uma terapia de suporte, com hidratação e uso de medicações
leves, de acordo com o quadro. Para cenários mais graves, que envolvam uma
infecção secundária, os médicos podem fazer uso de antibiótico.
Cuidados
Os cuidados relativos ao Covid-19, de certa forma,
servem também para a estomatite. Isso porque a recomendação inclui cuidados
normais com a higiene, evitando compartilhar objetos como talheres, copos,
mamadeiras e chupetas.
“São cuidados normais, mas é muito difícil que a
criança não tenha contato com o vírus nesta fase. O importante é observar a
ocorrência dos sintomas e procurar auxílio médico”, explica a
otorrinolaringologista.
Reativação do vírus
Assim como outras infecções, a estomatite também
pode afetar adultos entre 18 e 25 anos, caso não tenha havido contato com o
vírus na primeira infância. A médica ressalta, no entanto, que o herpes é um
vírus que fica no organismo, mesmo após o desaparecimento dos sintomas.
“Cerca de 20% a 30% das pessoas que tiveram contato com o vírus podem ter sua reativação na idade adulta. São aqueles quadros de herpes próximo ao lábio, ao nariz. Arde um pouco, gera uma ‘casquinha’, mas melhora em pouco tempo. Isso, geralmente, acontece quando a imunidade da pessoa cai, seja por estresse, nervoso ou cansaço”, complementa Cleonice.
Hospital Paulista de
Otorrinolaringologia
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