Ciclo longo demais, curto demais, irregular ou acompanhado de sintomas específicos podem indicar problemas. Fique atenta!
Presente na vida da mulher desde a
puberdade, a menstruação é um acontecimento importante do corpo feminino. Tão
importante que ela apresenta sinais quando algo foge do normal e é necessário
atentar-se a eles. Por isso, quando se é tentante ou se pretende engravidar no
futuro, é preciso reconhecer os sinais da menstruação para preservar,
principalmente, a fertilidade.
“Muitas vezes, a mulher não se atenta a
um sinal porque, para ela, naquele momento, não é prioridade pensar numa
possível gravidez, então ela não dá importância àquilo”, comenta a especialista
em reprodução assistida, Cláudia Navarro, Diretora Clínica da Life Search. “O
problema é que um mínimo sinal pode indicar uma doença que trará complicações
futuras”, completa.
Abaixo, a especialista enumera alguns
sinais que merecem atenção.
Ciclo muito longo
O ciclo menstrual normal, segundo
Cláudia, é, em média, 28 dias, mas podendo oscilar entre 21 e 35 dias. “Já recebi
paciente dizendo que menstrua mês sim, mês não. É importante observar que um
ciclo de 60 dias, por exemplo, não é normal!”, alerta a médica. Uma das
questões relacionadas à amenorreia (ausência de menstruação) e à oligomenorreia
(ciclo longo) é a anovulação, ou seja, a ausência de ovulação.
Essa característica está presente, por
exemplo, na Síndrome dos Ovários Policísticos, que é caracterizada por
anormalidades hormonais que são, ao mesmo tempo, causa e consequência da
doença. “Nesse caso, a mulher com SOP pode ter dificuldade para engravidar por
causa da anovulação e deve buscar auxílio médico”, diz Cláudia.
Ciclo irregular
O ciclo irregular é aquele que não
segue um padrão mês a mês. “A primeira dificuldade no ciclo irregular, e que
desperta a atenção da paciente, é não conseguir localizar o período fértil. Mas
é importante entender, antes de tudo, o motivo desse ciclo estar desajustado”,
pondera a especialista.
Várias situações levam ao
desregulamento do ciclo menstrual, como alterações hormonais, estresse, SOP,
presença de cistos, uso de remédios e outros. Alterações na tireoide, por
exemplo, têm diversos impactos na fertilidade,
entre eles as variações nos ciclos.
“Os hormônios da
tireoide têm total relação com o processo de amadurecimento dos óvulos e da
ovulação. Se houver falhas nesse processo, como no hipotireoidismo, isso
implicará, entre outros sintomas, na irregularidade do ciclo”, explica.
“Não é interessante
conviver com a dúvida sobre estar ou não com algum problema, se a paciente
menstrua, por exemplo, duas vezes num mês e no outro nem chega a menstruar, ela
precisa avaliar com um profissional”, opina.
Ciclo muito curto
O ciclo muito curto também é indicativo
de possíveis problemas. “21 dias ainda é considerado um ciclo normal. Menos que
isso, é interessante observar”, alerta Cláudia Navarro.
Além disso, Cláudia lembra do
sangramento de escape, constantemente confundido com menstruação. “O escape é
um sangramento que aparece no meio do ciclo e dura um ou dois dias, e ocorre
por diversos motivos”, diz. “Se esse escape for frequente, é importante buscar
avaliação médica”, alerta.
Fluxo intenso e cólicas
excessivas
A médica lembra que miomas uterinos e
endometriose podem provocar um fluxo menstrual intenso acompanhado de cólicas
incapacitantes. Essas questões interferem na fertilidade de maneiras
diferentes, e para cada uma delas haverá um tratamento.
“A endometriose, por exemplo, há casos
de pacientes assintomáticas. Mas é muito importante observar quando há presença
desses sintomas”, diz.
Cláudia
Navarro - especialista em reprodução assistida, diretora clínica da Life Search
e membro das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM e Europeia de
Reprodução Humana e Embriologia – ESHRE. Graduada em Medicina pela UFMG em
1988, titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela
mesma instituição federal e hoje é membro do Corpo Clínico do Laboratório de
Reprodução Humana do Hospital das Clínicas, vinculado à mesma instituição.
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