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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Chuvas aumentam riscos de zoonoses

Alagamentos e enchentes podem ocasionar surtos de doenças como a leptospirose


As fortes chuvas neste início de fevereiro, provocadas pelo calor e pela alta umidade na atmosfera, têm deixado várias cidades de São Paulo em estado de alerta para alagamentos. As inundações causam muitos transtornos, além de aumentarem o risco de zoonoses - doenças ou infecções transmissíveis entre animais e seres humanos.

De acordo com o médico-veterinário Luiz Henrique Martinelli Ramos, membro da Comissão Técnica de Saúde Pública Veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), o excesso de chuvas pode provocar um aumento no número de casos de leptospirose, doença grave que acomete principalmente cães e populações em situação de risco.  

“Isto ocorre principalmente porque a água invade as tocas e galerias que servem de moradia para as ratazanas, espalhando a bactéria causadora dessa doença. Portanto, todas as ações que evitem acúmulo de materiais em bocas de lobo, beira de córregos ou no leito d’água ajudam a minimizar a ocorrência da leptospirose”, afirma Ramos.  

A médica-veterinária Ana Claudia Furlan Mori, que integra a Comissão Técnica de Saúde Ambiental do CRMV-SP, explica que moradores de regiões próximas a áreas de alagamento devem ficar atentos e tomar os cuidados necessários para evitar a leptospirose, pois a urina dos roedores portadores da Leptospira pode contaminar a água, o solo e até mesmo os alimentos. “É importante ressaltar que esta é uma doença que não se restringe ao período chuvoso, por isso os cuidados devem ser tomados durante todo o ano”, afirma.

Ramos também recomenda evitar andar por áreas alagadas. “Se for necessário entrar em contato com a água, o ideal é utilizar vestimentas e calçados adequados, como botas de borracha, evitando, assim, as chances de contaminação”, orienta. Além da proteção individual, é indicado descartar todos os alimentos que estavam abertos ou que tiveram contato com a água contaminada e higienizar os utensílios de cozinha com água sanitária.


Outras zoonoses frequentes

O médico-veterinário reforça que, além da leptospirose, o acúmulo de água favorece a transmissão de outras doenças como dengue, zika e chikungunya. “Essas zoonoses têm grande impacto na saúde pública e cada um deve fazer a sua parte para evitar sua proliferação”, observa. 

Segundo Ana Claudia, “o controle das zoonoses está diretamente relacionado com o nível de exposição da população, às condições de manejo ambiental, à espécie animal envolvida, às ações da vigilância epidemiológica e à vacinação nos casos de doenças imunopreveníveis.”


Cuidados com animais domésticos são importantes para evitar doenças

Cada espécie de animal doméstico tem a sua particularidade no que se refere à susceptibilidade e transmissão de doenças. “Entre os pets, os cães são os que nos trazem maior preocupação, pois também são susceptíveis à leptospirose”, explica Luiz Henrique Ramos. 

As orientações dos médicos-veterinários para evitar as zoonoses são:

  • Vacinar os cães anualmente contra a leptospirose. 
  • Vacinar cães e gatos contra a raiva, uma zoonose fatal em que a melhor prevenção é a vacinação anual. 
  • Cuidar para o armazenamento de alimentos seja feito de forma correta. Rações de cães e gatos são muito atrativas para ratos e ratazanas, portanto é importante guardá-las em locais seguros e protegidos. 
  • Trocar a água dos animais domésticos várias vezes ao dia.
  • Manter as vasilhas sempre higienizadas.
  • Levar regularmente o animal de companhia ao médico-veterinário para uma consulta, oportunidade em que pode ser identificada qualquer situação que comprometa a saúde do pet e realizadas as devidas ações preventivas e protetivas à saúde do animal e do seu tutor.

 



Sobre o CRMV-SP

O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do estado de São Paulo, com quase 42 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, estados e municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.


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