Retorno dos EUA ao compromisso internacional pressiona país a seguir a conduta dos signatários
Ao assinar o retorno dos EUA ao Acordo
de Paris, compromisso mundial para redução das emissões de gases de efeito
estufa, o presidente americano Joe Biden não apenas mostra seu posicionamento
interno e externo, como afeta a política ambiental de outras nações, inclusive
o Brasil. Para Alessandro Azzoni, professor, economista e especialista em
Direito Ambiental, um dos efeitos mais imediatos pode ser o recebimento de
recursos destinados ao meio ambiente. "Os países ricos signatários do
acordo têm que destinar recursos para os países subdesenvolvidos. A economia
americana tem a capacidade de financiar as ações de tratamento de resíduos e de
esgotos, cuidar do processo de recuperação ambiental e, ainda, auxiliar na
mudança de cultura de produção industrial", explica.
O posicionamento de Biden tem forte impacto internacional porque dita como deve
ser a conduta para todos os outros países. "Para nós, os recursos seriam
importantes para a redução do desmatamento e o reflorestamento de áreas
degradadas, entre outras medidas, mas o posicionamento americano deixa claro
que os países que forem contra o acordo sofrerão represálias".
Na gestão anterior dos EUA, explica Azzoni, Donald Trump incentivou a
industrialização, saiu do Acordo de Paris e flexibilizou normas ambientais,
voltando sua economia só para crescimento, alegando ser cético sobre o impacto
da produção humana para o aquecimento global. No entanto, o mundo pensa
diferente do ex-presidente americano: hoje o Acordo de Paris é o principal
tratado mundial do tema, estabelecido pela Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), com quase 200 países signatários e que
substituiu o Protocolo de Kyoto. Entre suas metas, estão: manter o aquecimento
global abaixo de 2º C, limitando-se a 1,5ºC; investir em modelos de energia que
saiam da matriz fóssil garantir que que nações ricas destinem US$ 100 bilhões
ao ano em ações de combate às mudanças no clima do planeta e de ajuda a países
em desenvolvimento para implantar essas ações.
Alessandro Azzoni pondera que mesmo após essa mudança em relação ao governo
anterior, Joe Biden tem questões internas pendentes. "Todas as medidas do
governo Trump ocorreram por meio de decretos e foi mais fácil para o novo
presidente recompor a posição do país no tema ambiental. O que não será fácil é
cumprir as metas do acordo, porque os países signatários têm que elaborar uma
política de emissão de gases de efeito estufa e, na prática, isso quer dizer
rever a matriz energética, meios de transporte e linhas de produção",
enumera. Segundo o professor, as ações são desafiadoras para o líder americano
porque todas essas mudanças terão que ser discutidas nos congressos e com a
indústria do país. "Se o país não tomar medidas realmente concretas, as
ações se mostram apenas paliativas e não ativos ambientais. Não foram firmados
compromissos com prazos, apesar da citação do ano de 2035 para reformulação da
matriz energética", destaca ele.
Alessandro Azzoni - advogado e
economista, especialista em direito ambiental, com atuação nas áreas do Civil,
Trabalhista e Tributário. É mestre em Direito da Universidade Nove de Julho,
especializado em Direito Ambiental Empresarial pela Faculdade Metropolitanas
Unidas (FMU). Graduado em direito pela FMU. Bacharel em Ciências Econômicas
pela FMU. Professor de Direito na Universidade Nove de Julho (Uninove). É
Conselheiro Deliberativo da ACSP - Associação Comercial de São Paulo;
Coordenador do NESA -Núcleo de Estudos Socioambientais - ACSP - Associação
Comercial de São Paulo; Conselheiro membro do conselho de Política Urbana -
ACSP - Associação Comercial de São Paulo; Membro da Comissão de Direito
Ambiental OAB/SP.
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