Preconceito
social e alterações no organismo pioram a situação
Além de causar uma série de
problemas para a saúde, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças
cardiovasculares, hepáticas e renais, a obesidade também pode condenar o
paciente ao estigma social do excesso de peso – a chamada gordofobia. E, para
as mulheres, essa situação pode ser ainda mais desafiadora.
Segundo a professora dra.
Luciana El-Kadre, coordenadora
do Centro Metabólico da Gávea, unidade do Hospital São Lucas Copacabana, trata-se de um ciclo vicioso que, muitas vezes,
começa ainda na infância. Por causa das questões hormonais, genéticas ou como
resultado de um estilo de vida pouco saudável, a menina obesa tem grandes
chances de sofrer exclusão social tanto no ambiente escolar quanto na própria
família. E, com o passar dos anos, a situação tende a piorar.
“Quanto maiores a exclusão e o
preconceito, seja no trabalho, seja entre os amigos ou em público, maior pode
ser a chance de ela desenvolver sintomas depressivos e ter menos vontade de se
expor, praticar exercícios físicos ou participar ativamente da vida social.
Nesse momento, a procura por alimentos que estimulem o sistema de recompensa
cerebral pode aumentar, determinando piora na condição, com mais ganho de peso.
O estigma relacionado com a obesidade não escolhe classe social ou idade”,
explica a médica.
Uma pesquisa realizada pelo
Instituto Forsa, na Alemanha, evidenciou que mais da metade da população
acredita que uma pessoa obesa é antiestética e cerca de 15% delas evitam
contato com quem tem sobrepeso ou obesidade. Para as mulheres, a questão pode
chegar a um nível ainda mais pessoal: grande parte delas terá dificuldade de
engravidar por causa do excesso de peso.
“É sabido que o acúmulo de
gordura influencia na fertilidade, diminuindo as chances de a paciente ser mãe.
E quando ela consegue engravidar, ainda há a realidade da gravidez de risco, já
que uma paciente obesa tem grandes chances de receber o diagnóstico de
hipertensão e diabetes”, explica a dra. Luciana.
Mas não se trata de uma
situação que não possa ser resolvida. Se a paciente obesa estiver obstinada em
reverter a situação, existem opções de tratamento que reduzem a gordura – como
a mudança no estilo de vida com exercícios físicos e/ou a cirurgia bariátrica.
Independentemente do método para perder peso, é essencial que a paciente mude
seu comportamento e passe a ter uma nova relação com a comida, preferindo as
opções mais saudáveis e nutritivas.
Segundo
a dra. Luciana, a rede de apoio formada pela família, por amigos, colegas de
trabalho e outras pessoas que convivam com a paciente também é muito importante
para mantê-la sempre motivada e no caminho certo.
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