O coronavírus fez com que a semana começasse
alvoroçada, inclusive no cenário das startups brasileiras. Com a propagação do
COVID-19, muitas empresas de tecnologia já estipularam planos de contingência,
para garantir a saúde dos seus funcionários e também dos negócios.
Uma questão que foi levantada neste momento por
muitos empreendedores é se o vírus vai atrapalhar as rodadas de investimento
das startups brasileiras.
Afinal de contas, os fundos de
venture capital vão continuar realizando investimentos?
Tradicionalmente, os fundos de venture capital
reservam uma porcentagem do seu dinheiro total para realizar investimentos de follow-on.
Isto é: reinvestir em startups que já estão em seus portfólios e que
eventualmente precisam de novas rodadas de capital.
Por conta disso, pode ser que nos próximos meses
esses fundos que estão com o capital comprometido adiem novos investimentos.
Isso garante que eles entendam o cenário econômico e decidam se destinarão esse
dinheiro para as suas próprias investidas ou novas empresas.
Por outro lado, a tendência é que os fundos que
foram captados a menos tempo, como a Caravela Capital, continuem realizando a
busca e a seleção de empresas. Isso acontece justamente pelo fato de esses
fundos contarem com uma porcentagem maior de capital para investir.
"Como a Caravela Capital está com um fundo
recém-captado, nosso objetivo é continuar com o nosso cronograma de análises.
Se encontrarmos empresas que preenchem os nossos pré-requisitos de
investimento, vamos realizar os aportes", afirma Lucas de Lima, managing
partner do fundo de venture capital.
Esse é um momento de muita volatilidade. Isso vai
exigir que tanto os empreendedores quanto os investidores ajam com cautela, mas
continuem fazendo os seus trabalhos para chegar o mais próximo possível de suas
metas.
"Entendemos perfeitamente que esse momento
pode atrapalhar as vendas e vai exigir que os empreendedores revisem os seus roadmaps.
Porém, acreditamos que venture capital é, por natureza, um investimento de
longo prazo. Entendemos que as empresas investidas precisam ter a capacidade de
passar por cima desses momentos de dificuldade, seja coronavírus, ou outros
desafios futuros", conta Mario Delara, managing partner da Caravela Capital.
"Então, por ora, o nosso objetivo é continuar conversando e analisando
startups", completa ele.
Cenário do COVID-19 e as
startups brasileiras
Esse cenário de incertezas está deixando muitos
empreendedores preocupados. Independente do plano de levantar capital nos
próximos meses ou não, as startups brasileiras devem tomar alguns cuidados
extras durante esse período de incerteza. Isso garante que as empresas
consigam, mesmo com os desafios, chegar próximo de suas metas do
semestre.
Alguns pontos que merecem atenção dos
empreendedores e potenciais ajustes na empresa são:
É provável que o COVID-19
interfira nas metas dos próximos meses. Como todo
o cenário ainda está muito incerto, a tendência é que as grandes empresas
segurem a contratação de novas soluções, como as oferecidas pelas startups.
Isso pode tornar o processo de vendas no B2B mais lento, o que comprometeria as
metas do primeiro semestre.
Isso pode se dar por conta da contenção de gastos e
também pela complexidade das vendas enterprise. Em geral, esse tipo de
transação costuma ser mais complexa, envolvendo reuniões presenciais e até
mesmo um período de implantação e setup presencial (que ficariam comprometidos
por conta do contágio do coronavírus).
Portanto, é fundamental que as startups reavaliem
suas projeções e criem um plano de contingência para entrar nos trilhos o mais
rápido possível quando tudo se acalmar.
Como as vendas vão diminuir é
interessante que as startups sejam ainda mais conscientes com os seus gastos. Ampliação de times que não sejam de extrema importância, contratação de
ferramentas supérfluas (principalmente as que são cobradas em dólar) ou
investimentos que não sejam urgentes devem esperar.
Foco total no time. Além de todos os cuidados básicos para garantir a saúde do funcionários,
é importante que os líderes ofereçam as ferramentas necessárias para garantir
que o trabalho da equipes seja realizado da melhor maneira possível. Isso
inclui uma comunicação ainda mais constante, bem como o reforço e
acompanhamento das metas do momento.
Grande parte das startups está adotando uma medida
de home office e é papel dos gestores garantir que seus times continuem
performando.
Foco total nos clientes. Como esse é um cenário de incerteza em diversos segmentos, é importante
que as equipes de customer success já tenham um plano para a retenção de
clientes que possam ser prejudicados financeiramente pelo COVID-19. Vale
entender a situação da startup para possíveis negociações de valores,
pagamentos e renovação de contratos.
Lucas de Lima e Mário Delara
Caravela Capital
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