O começo do ano é o momento mais complicado para o
planejamento financeiro das famílias brasileiras. Além das despesas mensais
normais, entram na ordem do dia os pagamentos de impostos como IPVA e IPTU, as
pesadas faturas de cartão de crédito com as compras de final de ano e a “temida”
lista de material escolar. A compra do material escolar é um dos principais
desafios financeiros dos pais no início do novo ano. A variação de preços entre
as lojas – físicas e online – é enorme e a melhor forma de economizar continua
sendo pesquisar antes de ir às compras.
Importante frisar que, antes de sair comprando a
lista que a escola envia, os pais devem fazer uma crítica minuciosa. Primeiro,
o que seu filho já tem e consegue continuar usando, ou o que pode ir de um
irmão para outro. Nesse caso vale destacar a recomendação para os filhos,
durante todo o ano, de cuidarem de seus materiais. Segundo, com a lista de
materiais em mãos, verificar se tudo o que a escola pede é realmente necessário
e nas quantidades indicadas? Por exemplo, conheci um caso que uma escola que
solicitou “um bloco de papel canson”, produto caríssimo. Entretanto, os
alunos utilizaram apenas uma folha do papel canson durante o ano todo. Ou seja,
um bloco poderia ter sido utilizado para a sala toda. O bloco foi solicitado de
maneira desnecessária e encareceu as listas dos pais.
Os pais, com a lista dos materiais que realmente
precisam ser adquirido em mãos, devem realizar uma pesquisa minuciosa. Não
devem deixar de ir aos estabelecimentos perto de sua residência e abusar das
oportunidades de pesquisa online. Neste começo de ano, por exemplo, o Procon de
São Paulo constatou que a diferença de preços dos materiais escolares pelas
lojas podem chegar até 333%. A maior variação ocorreu na venda da borracha
látex branca da Faber Castell, que em um estabelecimento foi encontrado por R$
2,60 e no outro, por R$ 0,60. Realmente são números que chamam a atenção, mas o
consumidor deve ter cuidado com essa medida, pois o preço menor está sendo
praticado pode ser de uma loja longe de sua residência e, só por esse item,
pode não valer a pena percorrer uma longa distância. O ideal é calcular o valor
total em reais que irá economizar se fizer as compras em lugares diferentes,
levando em conta quanto tempo e dinheiro custaria para ir a cada lugar, pois a
conveniência pode sair barato ou não.
Outra dica importante é participar ou organizar de
um grupo de mães e pais para realizar uma compra, do que for possível, em lojas
de atacado. Importante ressaltar que é necessária uma pesquisa para indicar se
vale a pena comprar no atacado, para que as famílias dividam os valores e os
produtos. Uma vantagem adicional é o de usar o tempo de menos mães para as
compras. Umas podem pesquisar online, outras irem efetivamente às compras, por
exemplo.
Uma outra vantagem do grupo de pais e mães é a
possível troca de livros didáticos e paradidáticos. Em algumas escolas, as
associações de pais fazem esse trabalho há anos, com esquemas de pontuação
maior e prioridade para quem doa livros em bom estado. Neste item estamos
falando de potenciais centenas de reais de economia. Vale destacar também que
os pais e alunos podem verificar se os livros paradidáticos estão disponíveis
em bibliotecas públicas, ou na própria biblioteca da escola. Visitas a sebos
(online ou de rua) podem também render boas pechinchas.
Os pais devem ter cuidado com os pedidos das
crianças por itens de marca. É comum eles quererem a mochila da marca x, estojo
da marca y, canetinhas caríssimas, etc.. Cabe, então, aos pais educar seus
filhos sobre o valor versus o custo das coisas, e saber o que faz sentido pra
você e para seu filho. Já que a educação financeira ainda não faz parte
oficialmente do currículo escolar, esse é um bom momento para discutir sobre a
economia da família com os filhos.
Educação financeira é uma parte da educação que
você dá a seus filhos. E seus filhos sempre olharão para você para aprenderem o
que é certo, como se faz as coisas da melhor maneira. É essencial ser
consciente e dar bons exemplos.
Caco Santos - planejador
financeiro com certificação CFP (Certified Financial Planner),sócio da GFAI –
Empresa Especializada em Planejamento Financeiro , formado em Administração de
Empresas pela FEA-USP e MBA em Finança pela FIA –USP e produtor e apresentador
do podcast “Planejamento Financeiro”
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