Vagner Miguel, farmacêutico da Associação
Nacional de Farmacêuticos Magistrais, tira as principais dúvidas sobre o
assunto
Dezembro
já chegou e, com ele, as confraternizações de fim de ano, os happy hours com os
amigos, o Natal e o ano novo. Com muita frequência, essas comemorações envolvem
o consumo de bebida alcoólica. A principal dúvida que surge para quem está
tomando medicação é: será que posso beber? E o anticoncepcional, será que perde
o efeito? Quais serão as consequências da interação da bebida com o
antidepressivo?
Para
sanar essas e outras questões, Vagner Miguel, farmacêutico da Anfarmag –
Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais –, explica que as consequências
da interação entre álcool e medicamentos dependem de vários fatores. Entre eles
está a composição do medicamento, o organismo do paciente e a quantidade de
álcool ingerida. Por isso, de forma geral, a recomendação é evitar misturar
álcool com medicamento. O principal órgão prejudicado é o fígado, que
metaboliza, por meio das enzimas que produz, o álcool e grande parte dos
medicamentos, ficando sobrecarregado. O álcool também afeta especialmente o
sistema nervoso central, que comanda nossas ações, alterando substancialmente
as capacidades cognitivas estruturais e comportamentais.
Como
a bebida altera o metabolismo, o tempo de eliminação do medicamento será
alterado, podendo ocorrer antes ou depois do previsto, com possibilidade de
prejudicar o tratamento. Aumenta a gravidade quando são utilizadas drogas para
tratar problemas neurológicos e psiquiátricos, pois o álcool em geral
potencializa o efeito dessas substâncias. “Antidepressivos agem diretamente no
sistema nervoso central. Inicialmente, as bebidas alcoólicas aumentam o efeito
do antidepressivo, deixando a pessoa mais estimulada; porém, após passar o
efeito da bebida, os sintomas da depressão podem aumentar. Já quando os
ansiolíticos são misturados ao álcool aumenta o efeito sedativo, deixando a
pessoa inabilitada para conduzir um veículo por exemplo, além de uma maior probabilidade
de efeitos adversos graves, a exemplo de coma e insuficiência respiratória”,
explica o farmacêutico.
As
mulheres que tomam anticoncepcional devem conversar com o médico para usar um
método contraceptivo complementar, já que, com a bebida, o efeito pode cair até
pela metade. Vagner alerta: “Os anticoncepcionais podem ter tempos variados de
permanência no organismo antes de serem eliminados, com duração que varia entre
12 a 24 horas ou mais, dependendo da substância, e isso gera riscos, já que a
mulher pode achar que está protegida e ter atividade sexual sem preservativo.”
A
mistura de
antibióticos e álcool, por sua vez, pode causar desde vômitos,
palpitação, cefaleia, hipotensão, dificuldade respiratória até a morte.
“Esse tipo de reação seria mais comum com as substâncias metronidazol;
trimetoprima-sulfametoxazol, tinidazole e griseofulvin. Já outros antibióticos
– como cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida –
tampouco devem ser tomados com cerveja e afins pelo risco de inibição do efeito
e potencialização de toxicidade hepática”, diz o especialista.
Vagner
completa explicando o efeito com analgésicos e antitérmicos. “O efeito do
álcool pode ser potencializado e a velocidade de eliminação do medicamento do
organismo será maior, diminuindo seu efeito. Nos casos mais graves, o uso do
álcool com paracetamol pode danificar o fígado, uma vez que ambos são
metabolizados nesse órgão. Já a mistura com ácido acetilsalicílico pode causar,
em casos extremos, hemorragia estomacal, pois ambos irritam a mucosa estomacal”
“Portanto,
na dúvida, a regra é: não misturar álcool com nenhum tipo de medicamento”,
finaliza o farmacêutico. A medicação não pode ser desculpa para faltar a
reunião de amigos, afinal, o mais importante nestas festas é o carinho, a
atenção e a comemoração por terem passado mais um ano juntos e felizes.
Sobre
o profissional: Vagner Miguel é Gerente Técnico e de Assuntos Regulatórios da
Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais), farmacêutico, palestrante
e docente. Formado pela Unesp como farmacêutico em 1985, o profissional pós
graduou-se em Gestão pela Trevisan e em Engenharia Farmacêutica Cosmética pelo
Instituto Racine.
Anfarmag - Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais
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