Em
uma democracia, todos devemos dar nossas opiniões e, posteriormente, analisar
as opiniões dos que discordam. Essa é a única forma de crescermos e mudarmos a
realidade, que muitas vezes consolida erros perigosos. Um desses enganos que
tenho observado é em relação a questão da obesidade.
Tenho
percebido atualmente uma tendência preocupante de induzir as pessoas a
simplesmente aceitarem sua obesidade; amarem seus corpos gordos e com isso
abandonarem qualquer tentativa de tratar essa terrível doença, que sem qualquer
dúvida já é o principal problema de saúde pública mundial crescendo de forma
epidêmica.
Na
série “Malhação: vidas brasileiras” apresentada diariamente pela TV Globo esse
erro é claramente cometido. Apresenta-se uma moça com um problema grave de
bulimia, mas uma outra jovem obesa é tratada como alguém muito feliz e de bem
com a vida, sem qualquer problema até em seus relacionamentos amorosos.
As
duas coisas são muito graves, com a diferença que a obesidade entre jovens e
crianças vem crescendo assustadoramente e esses serão os adultos diabéticos,
cardiopatas, hipertensos e com distúrbios de colesterol do futuro se seus pais
acharem que é uma mera questão de aceitação de corpos gordos, pois afinal
pessoas gordas (obesas ou com sobrepeso) já são maioria da população.
As
pessoas obesas têm uma doença grave, que se não for pelo menos controlada trará
serias consequências a saúde das mesmas, a medida que forem atingindo idades
mais avançadas.
Uma
coisa é lutar para que toda a humanidade tenha acesso às suas necessidades
básicas (direitos humanos) e outra é achar que somos todos exatamente iguais e
com as mesmas capacidades de realizarmos qualquer coisa.
Isso
é hipocrisia! Nós criamos padrões de comportamento; de beleza estética e tantos
outros e via mídia estimulamos seus cumprimentos e, de outro lado, ficamos
lamentando quando aqueles que não conseguem ou não querem aceitar esses padrões
sejam perseguidos ou marginalizados!
Todos
temos qualidades e limitações que devem ser respeitadas, mas não é honesto que
enganemos pessoas dizendo que seus problemas não existem e que podem ser
eternamente felizes aceitando-os; fazendo de conta que são exatamente como as
outras!
A
obesidade é uma doença crônica e como tal deve ser aceita, mas principalmente
tratada!
Antonio Monteiro - médico
preventivista e clínico geral, é formado pela Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo. Contato: prof.amonteiro@gmail.com
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