Use o conflito na sua empresa como uma oportunidade
para crescer. O profissional deve ter em mente a necessidade de compartilhar
sua visão, mesmo que talvez se indisponha com alguém.
Costumo dizer que se tornar referência, prosperar,
ser autoridade em algo só é possível a partir do momento em que definimos um
foco, falando a verdade primeiro para si mesmo. Desta forma, nos tornamos aptos
para dizer “não” para tantas outras oportunidades que possam surgir e nos tirar
do foco proposto que nos elevará a ser referência em algo.
E é claro, uma empresa com profissionais assim,
consequentemente se tornará referência também! Portanto para que uma empresa inove,
evolua, cresça, deve contar com pessoas que pensam, que usam suas capacidades e
as aplicam no negócio.
O profissional deve ter em mente a necessidade de
compartilhar sua visão, mesmo que talvez se indisponha com alguém. Até porque
se todos olharem para a mesma direção, que neste caso geralmente está em prol
da evolução e bem estar da empresa, algumas divergências são naturais e
saudáveis, pois possibilitam várias formas de olhar para um mesmo objeto de
vários ângulos, assim, decisões são tomadas com mais assertividade.
Certa vez fui convidada para realizar um trabalho
em determinada empresa. Fiquei impressionada com a cordialidade entre as
pessoas. A maneira como todos eram educados, elegantes e formais, mas o dono do
negócio me chamou mesmo assim, pois sua preocupação era: "Se continuarmos
com esses resultados iremos fechar”, disse.
Uma empresa com mais de 20 anos de tradição, muitos
resultados positivos e destaques até ali. O que poderia estar acontecendo?
Fomos checar.
Ao ouvir vários líderes e funcionários: "A
gente está levando, não concordamos com muitas coisas, mas preferimos aguardar
as instruções. Não queremos nos indispor...", relatou um funcionário.
"Precisamos do emprego, não temos aquele ânimo
de estar aqui. Mas não queremos conflitos, vamos levando. O salário é bom e o
mercado não está para arriscar ficar desempregado!", explicou outro
colaborador.
Entre os sócios: "Não concordo com ele, mas
cada um tem sua área e para evitarmos desentendimentos combinamos que ninguém
interfere na área de ninguém!", concluiu o empresário.
Me espantei com tudo aquilo. “Meu Deus! O que está
acontecendo aqui?”, pensei.
À primeira vista, para quem olha as pessoas, os
resultados e a crise atual no país: “Que empresa perfeita! Como São cordiais!
Que crise cruel!”
Para um olhar que observa sistemicamente,
considerando a crise de mercado, resultados insatisfatórios e pessoas
convivendo "harmoniosamente", logo pude ver que algo muito grave
estava acontecendo ali. E de longe, a crise não era o grande vilão daquele
negócio.
A falta de franqueza iria matar aquela empresa, em
prol do bem estar individual. Uma empresa estava sendo sacrificada, sem
perceberem que isso no fundo significava o sacrifício deles também. É
algo sistêmico e muitas vezes não somos capazes de enxergar a um palmo do nosso
nariz.
Nesse caso, podemos fazer uma comparação com aquele
que vê algo errado, mas não faz nada para não se comprometer, se indispor ou
ser taxado com o chato da história.
Já dizia Martin Luther King: “A verdadeira medida
de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e
conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio.”
Creio que a passividade, falta de franqueza e
palidez organizacional representam, na última instância, o ponto mais grave que
uma empresa pode enfrentar.
Como dizia Jack Welch, aposentado como CEO da GE,
no seu livro "Paixão por Vencer", no qual dedica um capítulo inteiro
à franqueza, a falta de franqueza é "o maior truque sujo em negócios.”
Se hoje você como empresário, ou você que é
profissional, se vê chateado diante de conflitos e alguns desentendimentos que
vem enfrentando, pense... Que bela oportunidade, que maravilhosa possibilidade
de crescimento para você e a empresa!
Existe vida nesse lugar. Mesmo que no conflito arrisco
dizer que ainda existe um motivo em comum que está "gritando socorro"
e que quer ser ajustado, alinhado e compreendido! Ainda existe conexão, um
ponto de ligação.
Porém sabemos que para que os resultados aconteçam,
é preciso ajustar, acalmar para enfim conciliar um ponto de vista em comum, não
mais entre você e o outro, mas sim no nível da intenção, entre o elo que
interliga todos, ou seja, a empresa.
Só que para isso, é preciso elevar o nível de pensamento
acima do ego, do olhar para si mesmo, para um olhar sistêmico onde consigo
incluir olhando a mim mesmo, mas também a todos os envolvidos no conflito, suas
intenções e como seria ter um resultado que fosse positivo para com o todo.
Quando falo em sistema quero dizer a nível de toda
a empresa, clientes, colaboradores, todos os setores e ainda o mercado. Como
seria um resultado que contemplasse a intenção mais elevada que une a todos de
alguma forma e que acaba gerando conflitos?
Como seria um resultado positivo deste conflito
para todas as partes, considerando suas intenções positivas. Nesse momento,
talvez possamos sair de nós mesmos, o ego pode ficar em segundo plano e dar
lugar ao sistema organizacional e todos os envolvidos, em prol de um resultado
maior onde todos ganham.
Mas para atuar desta forma é preciso elevar o nível
de pensamentos, então a premissa básica é essencial: “Sou fiel a mim mesmo, aos
meus talentos, aos meus valores, à missão que me conecta a esse negócio, a
essas pessoas?”
Você tem que ter consigo de que não é um fantoche
de alguém ou uma situação, seu posicionamento deve ser de alguém que
influencia, que fala a verdade mesmo com a condição de tal atitude representar
riscos, pois sabe que o crescimento pessoal e profissional será consequência de
respeitar e incluir um olhar ao macro, que será o grande impulsionador capaz de
promover você a um nível de profissional de valor.
Cynthia Lemos - psicóloga empresarial e coach na
Grandy Desenvolvimento Humano, especialista no desenvolvimento de líderes e
empresas e tem a missão de expandir a consciência e gerar ações transformadoras
para pessoas e empresas que desejam evoluir em seus projetos e objetivos.
E-mail: cynthia@grandy.com.br
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