Para criar um
animal de estimação em apartamento é preciso se atentar ao ambiente em que ele
viverá, e se terá espaço e atividade adequados; confira dicas do especialista
em comportamento animal Cleber Santos
Crédito: iStock
No Brasil, existem mais de 500 milhões de cães e
200 milhões de gatos de estimação. Os números são de pesquisa do Instituto de
Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2016. Os pets hoje são
considerados por muitos tutores como membros da família e, por isso, é
necessário dar a eles um tratamento adequado, prezando por conforto e
segurança.
"A moradia é um dos principais fatores que
influencia os brasileiros na hora de adquirir ou adotar um animal, já que
muitas pessoas vivem em condomínios ou em casas que não possuem grandes
espaços, o que causa a preocupação com o bem-estar do pet", explica o
adestrador e especialista em comportamento animal Cleber Santos, proprietário
da ComportPet.
No entanto, de acordo com o especialista, é
possível ter um pet com segurança e de forma saudável, mesmo morando em
apartamento. "O tutor precisará adaptar sua rotina para proporcionar ao
animal a atividade e o espaço que ele precisa, seja com passeios pelo bairro,
em parques, ou até mesmo recorrendo a um day care (creche para pets). Mas hoje as
opções são muitas", explica Cleber.
Para ele, investir em uma casa grande com quintal
não é mais um pré-requisito para ter um animal de estimação. "Com o
crescimento do setor pet no Brasil, é possível proporcionar um lar confortável
e uma vida saudável, mesmo que o lugar seja pequeno", avalia ele.
Abaixo, ele lista dicas para quem tem pet e vive em
condomínio:
Organize o ambiente de forma segura
Para garantir a segurança do animal, principalmente
em ambientes altos, antes de mais nada é preciso verificar todas as
janelas/varandas do apartamento e descobrir até onde o animal terá acesso.
"O ideal é instalar redes de proteção para manter os pets fora de perigo,
e isso não só para gatos, como também para cães.
As redes trazem segurança para
o pet correr e brincar pelo ambiente", diz.
Outra dica, de acordo com o especialista, é deixar
o piso sempre limpo e longe de qualquer objeto potencialmente perigoso que
possa ser ingerido. "Manter plantas, alimentos, revistas e sapatos em locais
altos, fora do alcance do animal, também é importante", pontua Cleber.
Crie uma rotina de exercícios para o pet
Os apartamentos muitas vezes são pequenos, e alguns
condomínios não têm área de lazer adequada para o pet, ou não permitem a
circulação de animais. Mas o especialista alerta: isso não é desculpa para
deixar seu cão sedentário e estressado.
"É necessário criar uma rotina de atividades,
para que o seu animal se exercite de forma divertida. Mesmo dentro do
próprio apartamento, é possível entreter o animal e fazer com ele brinque e se
exercite, aliando petiscos as brincadeiras".
"Além disso, antes de comprar ou adotar um
bicho de estimação, certifique-se de que poderá passear com o animal ao menos
duas vezes ao dia para que ele faça suas necessidades e não cause problemas
dentro da casa", esclarece.
Além dos passeios diários, visitas mais longas a
parques, praças e outros locais onde o cão possa correr e se exercitar são
bem-vindos. "O tutor deve ter em mente que o animal precisa gastar energia,
e também conviver com outros cães. Caso o dono não tenha disponibilidade, vale
considerar investir em um day care, ao menos algumas vezes na semana. O cão irá
brincar, ter atividades adequadas e conviver com outros cães, voltando para o
apartamento muito mais relaxado".
Escolha o piso adequado
Se você pretende ter um animal no seu apartamento,
antes de trazê-lo para o lar, é recomendável verificar qual o piso mais
adequado, que não irá fazer barulho conforme eles andarem ou correrem pelos
cômodos, nem prejudicar o pet.
"Sugiro investir em piso de cerâmica que, além
de diminuir os ruídos, também proporcionam maior facilidade na hora da limpeza,
caso o cachorro solte muito pêlo, por exemplo", diz o especialista.
Outro ponto importante é que deve-se evitar pisos
muito lisos e escorregadios. "Além de causarem acidentes, esse tipo de
piso força o cão a fazer um esforço muito grande nas articulações para manter o
equilíbrio em tarefas simples, como sentar ou se levantar. Segundo estudos,
isso pode causar displasia coxo-femural, que afeta as articulações e é muito
dolorosa, ou agravar casos já existentes da doença", alerta Cleber.
Reserve um espaço para o animal
Mesmo que o lar seja pequeno, o pet precisa ter um
espaço específico com seus objetos e acessórios, para manter uma disciplina.
Deixe os brinquedos, potes de comida e caminha em seu devido lugar, para que
ele entenda onde fica cada um.
"Incentivar os animais e interagir com eles
por meio de brincadeiras e recompensas são ótimas dicas para não deixá-los
entediados e estressados no apartamento, principalmente se passarem muitas
horas no ambiente", diz.
Respeite os vizinhos
Nem todo mundo gosta de conviver com animais de
estimação. Por isso, latidos e barulhos excessivos podem incomodar os vizinhos.
"É responsabilidade do tutor fazer com que a convivência com o animal em
áreas comuns (elevador, jardim, hall) não prejudique a rotina dos demais
moradores do prédio".
"Alguns cachorros costumam latir muito e podem
causar problemas com os vizinhos e até com a administração do condomínio.
Nestes casos, indico procurar um especialista que treinará o cão para que fique
mais tranquilo, principalmente quando ficar sozinho no apartamento",
comenta o especialista.
Cleber Santos - Especialista
em comportamento animal, atua como adestrador de cães há 12 anos, quando
cuidava do canil de treinamento durante o serviço militar. Trabalhou para
grandes canis do interior de São Paulo, treinando cães de policiais de todo o
Brasil. Além da experiência profissional, fez diversos cursos, estágios e
especializações, inclusive em outros países - Canadá, Estados Unidos,
Argentina, Chile e Alemanha. Desde 2010, está também à frente da ComportPet,
centro que oferece consultoria comportamental, adestramento e serviços de
hotelaria e creche, além de atendimento veterinário, estética animal e terapias
alternativas para pets, como a musicoterapia. É um dos únicos profissionais do
Brasil que também adestra gatos, e vem sendo requisitado como adestrador de
pets de famosos, entre eles o DJ Alok
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