Síndrome descoberta há 40 anos atinge
80% dos bem-sucedidos profissionalmente
O ano era 1978. Duas cientistas e pesquisadoras da Universidade do Estado da
Geórgia, Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, despontaram ao mundo ao
denominarem, durante a produção de um artigo científico, de “Síndrome do
Impostor”, o transtorno sofrido por quem se boicota e possui pensamentos e
sentimentos de se considerarem como “não merecedoras” do sucesso profissional e
econômico que possuem. Quarenta anos passados, outras pesquisas já deixaram
mais que comprovado o transtorno, como a da psicóloga Gail Mattews, que
descobriu que 80% das pessoas bem-sucedidas profissionalmente já haviam tido
alguma experiência com os sintomas de Síndrome do Impostor.
E que sintomas são estes? O psicólogo Fernando Elias José, que há 20 anos
pesquisa o tema e trabalha com estudantes que se preparam para exames e
concursos, observa que é possível identificar o transtorno em pessoas que
atingiram o sucesso, mas não se consideram habilitadas para tal: “Entre os
sinais que a pessoa pode transparecer, o maior, sem dúvida, é a própria fala
onde se diz ser uma fraude, que não ‘trabalhou tanto’ para estar onde está.
Trabalho com estudantes que se preparam para concursos públicos, e vários,
depois de passarem nos concursos desejados, relatam serem uma fraude, de que
não sabem como conseguiram enganar as pessoas”.
Justamente por se mostrar de forma sutil e que não fique muito clara para as
pessoas que convivem com o portador do transtorno, a Síndrome do Impostor pode
ser prejudicial para o caminho ao sucesso profissional em qualquer área. Há,
porém, uma diferença gritante da síndrome para a baixa autoestima, pois pessoas
com este sentimento geralmente não possuem históricos de conquistas,
diferentemente dos portadores da Síndrome do Impostor. Mas por quê? O ponto
principal é que pessoas que sofrem com a Síndrome do Impostor simplesmente não
valorizam as próprias conquistas, dando a causa delas simplesmente para o acaso
ou então que elas mesmas não merecem este sucesso.
Além deste ponto, outra característica marcante dos portadores da Síndrome do
Impostor é que eles batalharam muito para atingirem seus objetivos
profissionais e financeiros, e, por isso, o transtorno não é ocasionado
geralmente em pessoas que herdaram grande fortuna e sucesso profissional e
financeiro. E outra característica marcante que exemplifica o sofrimento de
pessoas diagnosticadas com a síndrome é que, ao conseguirem alcançar seus
objetivos, elas não ficam felizes, mas sim apenas aliviadas.
Porém, ao mesmo tempo que o excesso é prejudicial, é possível conviver com
doses moderadas dos sintomas de Síndrome do Impostor. O psicólogo Fernando
Elias dá a dica: “Confie no seu potencial, pois uma dose pequena deste
sentimento poderá ser muito útil para estimular e impulsionar na busca de novos
desafios”. Mas caso o transtorno esteja incontrolável, é importante que o
“bem-sucedido(a)” aprenda a anular o sentimento e perceba o mérito em cada ação
que o levou até o ponto que se encontro. O psicólogo Fernando dá cinco dicas
para cumprir esta missão:
1) Observe os dados de realidade da sua história;
2) Converse com pessoas que você confie e ouça sobre o seu
potencial;
3) Aceite seus erros, pois todos erramos;
4) Assuma somente riscos possíveis;
5) Trabalhe em algo que goste.
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