Demora do
vírus em se manifestar, adultos sexualmente mais ativos e falta de prevenção
estão entre os principais fatores do aumento
Das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), as
provocadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ainda são as que mais
provocam internações na região de Ribeirão Preto, representando mais de 87% do
total. Entre 2008 e 2017, foram realizadas 6.324 internações por DSTs no
Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 5.531 por HIV.
Os dados são do Boletim Saúde do Ceper/Fundace,
baseados nos indicadores do DATASUS (Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde do Brasil). Durante o período analisado, foram internados 3.858
homens (61%) e 2.466 mulheres com DSTs, sendo contabilizados 555 óbitos (65% do
público masculino). Somente em 2017, das 37 mortes registradas por doenças
sexualmente transmissíveis, 33 foram causadas por doenças relacionadas ao vírus
do HIV.
Segundo o Ministério da Saúde, de 4% a 5% da
população acima de 65 anos no Brasil são portadores do vírus HIV. O número de
casos da doença entre pessoas acima dos 50 anos dobrou na última década, em
razão da demora do vírus em se manifestar, de adultos sexualmente mais ativos
e, principalmente, da falta de prevenção.
Ribeirão Preto e Serra Azul lideram o ranking das
cidades na região com maior número de internações provocadas por doenças
sexualmente transmissíveis. A cada 10 mil habitantes, cerca de 6 pessoas são
internadas anualmente por DSTs. Outra cidade da região que chama a atenção é
Cajuru, com média de 4,8 pessoas (a cada 10 mil habitantes) internadas por DST
a cada ano.
Os números são considerados alarmantes por
especialistas da área, já que as doenças sexualmente transmissíveis são
preveníveis e ainda há muitos jovens, adultos e idosos, de todas as classes
sociais e opção sexual, que ignoram o risco e acreditam que jamais serão
vítimas de alguma DST.
As internações totalizaram para o SUS da região um
valor de R$ 10.810.440,55 entre 2008 e 2017. Os gastos com a doença pelo vírus
HIV representaram 96,2% desse valor (cerca de R$10.400.000,00). Os impactos vão
além da carga no sistema de saúde e atingem diretamente o desempenho da
economia, com afastamentos nos empregos para tratamentos temporários ou
permanentes.
As DSTs não são transmitidas exclusivamente pela
ação sexual. Há também o contágio por contato com sangue e materiais
contaminados, compartilhamento de seringas e agulhas relacionadas com drogas
injetáveis, além da transmissão parental, quando a mãe infectada sem tratamento
transmite para o bebê durante a gravidez ou o parto.
É consenso na área da saúde de que a informação
constante sobre prevenção, o acesso a preservativos, medidas como seringas
descartáveis para as populações mais vulneráveis, e atendimento às pessoas
reclusas em unidades prisionais são ações positivas que podem ser adotadas ou
incentivadas por gestores da administração pública, com o apoio da sociedade
civil, para evitar um impacto ainda maior não só para o paciente, o setor, mas
a economia como um todo.
Sobre o Ceper – O Centro de
Pesquisa em Economia Regional (Ceper) foi criado em 2012 e tem como objetivo
desenvolver análises regionais sobre o desempenho econômico e administrativo
regional do País. Reúne a experiência de diversos pesquisadores da FEA-RP
(Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto) da
Universidade de São Paulo em pesquisas relacionadas ao Desenvolvimento
Econômico e Social em nível regional, a análise de Conjuntura Econômica,
Financeira e Administrativa de municípios e Gestão de Organizações Municipais,
entre outros. A iniciativa de criação do Centro foi dos pesquisadores Rudinei
Toneto Junior, Sérgio Sakurai, Luciano Nakabashi e André Lucirton Costa, todos
da FEA-RP/USP. Os Boletins Ceper têm o apoio do Banco Ribeirão Preto, Stéfani Nogueira
Incorporação e Construção, São Francisco Clínicas, Citröen Independance,
Ribeirão Diesel e CM Agropecuária e Participações.
Sobre a Fundace – A Fundação
para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia
(Fundace) é uma instituição privada, sem fins lucrativos, criada em 1995 para
facilitar o processo de integração entre a FEA-RP e a comunidade. Oferece
cursos de pós-graduação (MBA) e extensão em diversas áreas. Também realiza
projetos de pesquisa in company, além do levantamento de
indicadores econômicos e sociais nacionais regionais. https://www.fundace.org.br/_up_ceper_boletim/ceper_201807_00386.pdf
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