A superfície articular da patela (rótula) é
revestida por uma grossa camada de cartilagem (hialina) – que normalmente
desliza sem atrito durante as flexões da articulação do joelho. Mas em pessoas
com problemas de desalinhamento, fraqueza muscular, atletas e obesos essa
cartilagem trabalha sob sobrecarga, podendo apresentar fissuras, lesões e
degeneração. Resultado: dores muitas vezes intensas crepitação (estalos) e
insegurança ao se movimentar. A seguir, o médico ortopedista Riccardo Gobbi
esclarece cinco verdades e mentiras sobre essa doença também chamada de
Síndrome Femoropatelar.
1. CONDROMALÁCIA PATELAR SÓ ATINGE PESSOAS SEDENTÁRIAS. Mentira! “A Síndrome Femoropatelar pode ocorrer em atletas
de alto desempenho, que forçam muito os joelhos nos treinos em academias
(agachamento, step etc.), e ainda em pessoas que estão bem acima do peso ideal.
Esse tipo de dor também é comum em pessoas que passam muitas horas por dia
sentadas com os joelhos dobrados na mesma posição”.
2.
CONDROMALÁCIA
É MAIS COMUM EM MULHERES.
Verdade! “De fato, as mulheres estão
no grupo de risco da Síndrome Femoropatelar. Isto por conta de sua anatomia.
Como a pelve é mais larga que a dos homens, geralmente seus joelhos são mais
projetados para dentro, formando um X (valgo dos joelhos). Isso altera a
dinâmica da articulação femoropatelar e gera uma sobrecarga relevante na região
lateral da articulação. Além disso, outros fatores predisponentes como
alterações no encaixe da patela com o fêmur são muito mais comuns em mulheres”.
3.
ATLETAS
DE ALTO IMPACTO SÃO MAIS ACOMETIDOS POR CONDROMALÁCIA. Verdade!
“Esportes de impacto, com desaceleração e mudanças de direção constantes,
exigem muito da cartilagem patelar. Sendo assim, corredores, jogadores de
futebol, vôlei, basquete e tênis estão vulneráveis ao comprometimento da
cartilagem que reveste a patela – especialmente quando há desequilíbrio
muscular e anatômico dos joelhos. Afastamentos para tratar dor no joelho são
muito comuns”.
4.
QUEM
TEM CONDROMALÁCIA NÃO PODE PRATICAR EXERCÍCIOS. Mentira! “Pacientes em tratamento de condromalácia patelar
devem fazer controle de peso e fortalecimento muscular. Esse fortalecimento é
muito importante para equilibrar a carga sobre os joelhos. Uma avaliação dos
fatores relacionados à sobrecarga – quer sejam anatômicos, quer sejam dos
exercícios – é fundamental para uma readequação individualizada das atividades,
que pode ser temporária ou definitiva. Na maior parte das vezes, o tratamento
adequado possibilita o retorno à atividade física desejada”.
5.
REPOUSO
E ANTI-INFLAMATÓRIOS SÃO AS ÚNICAS OPÇÕES DE TRATAMENTO. Mentira!
“Não podemos subestimar a importância de um repouso inicial durante o
tratamento da Síndrome Femoropatelar. O reequilíbrio muscular e a readequação
das atividades são muito importantes. Existem também recursos mais avançados
que podem poupar o atleta de insistir nos anti-inflamatórios, diminuindo a dor
de maneira significativa. É o caso da PST – Pulsed Signal Therapy. Esse
tratamento é realizado com sessões diárias, durante nove dias, em que o joelho
do atleta é submetido a pulsos eletromagnéticos para estimular ossos e tecidos
moles. Estudo empreendido por nosso Grupo de Joelho do Instituto de
Ortopedia e Traumatologia da USP avaliou 41 joelhos de 25 pacientes, sendo
que alguns receberam tratamento placebo e outros seguiram o protocolo da PST.
Aqueles tratados com PST apresentaram melhora da dor e dos testes funcionais
após o tratamento – melhora essa que foi progressiva e se manteve por um
período de até um ano depois de terminadas as sessões. O tratamento não é
invasivo nem provoca dor ou desconforto nos pacientes”.
Fonte: Dr. Riccardo Gobbi - médico ortopedista especialista em cirurgia
do joelho.
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