Será que as crianças, atualmente, estão sem educação? O que
fazer quando elas interrompem as conversas dos adultos, não ouvem e querem toda
a atenção só para si?
O
que mais se escuta, atualmente, em relação à educação infantil, é que “as
crianças não têm limites”. Mas, afinal, o que isso significa? Será que, por
mais que os pais tentem, os pequenos não aprendem a educação que lhes é
ensinada? “Não é bem assim. Hoje, as crianças têm mais liberdade e menos
orientação clara em relação às regras de convívio social. Por isso, invadem o
limite alheio”, diz Katarina Bergami, Pedagoga, Coordenadora Educacional da
Faces Bilíngue, escola situada no bairro de Higienópolis, em São Paulo, que há
quase 20 anos educa crianças dos quatro meses aos dez anos de idade.
É
por isso, portanto, que o termo “limite” é tão utilizado. “Em tempos passados,
era dentro de casa que se ensinava a criança a não interromper a conversa dos
adultos, a respeitar o espaço e os objetos das outras pessoas, a não mexer no
que não lhe pertencia... Agora, essas regras se perderam e se elas não existem
dentro de casa, não serão respeitadas em nenhum lugar, mesmo quando a pessoa se
torna adulta e vai para o mercado de trabalho. A criança possui uma liberdade
infinita e não sabe o que fazer com essa liberdade porque ninguém a ensina”,
pondera a educadora.
Saber ouvir
Para
Katarina, um dos principais exercícios que os pais precisam realizar em casa é
o de ensinar a criança a ouvir. “Em família, toda a atenção é para a criança.
Ela é ouvida o tempo todo e atendida em todas as suas necessidades,
imediatamente. Desta maneira, não aprende a escutar os demais membros da família
e dar a eles espaço para que falem. É justamente por isso que surge o
comportamento inconveniente da criança que quer toda a atenção para si e não
deixa os pais conversarem”, diz.
Na
prática, Katarina explica que os pais precisam ser firmes, dizendo à criança:
“eu escuto você, agora você me ouve (ou ouve o irmão ou outro familiar)”. Desta
maneira, a criança vai criando o hábito de ouvir, entender e a paciência de
esperar sua vez. “No começo, não é fácil, como nada é fácil na educação. Mas,
com o tempo, tudo se ajeita.
Para
se ter ideia de como essa questão é importante e se repete em todas as
famílias, ela é uma das mais problemáticas na escola. “Os professores levam
meses para conseguirem ser ouvidos porque todas as crianças querem falar ao
mesmo tempo. Realmente, eles não sabem respeitar o limite entre ficar quietos e
escutar o professor porque não têm essa regra em casa”, exemplifica.
A
questão dos “limites”, portanto, passa por regras claras e aplicação de bons hábitos.
“Se os pais forem firmes em seus propósitos, não precisarão punir as crianças.
Elas entendem, mas querem toda a atenção para si. Nós temos a tendência óbvia –
e justa – de amá-las a ponto de colocar toda a atenção à disposição delas, mas,
devemos nos lembrar que elas precisam saber que fazem parte de um mundo em que
há outras pessoas que merecem ser ouvidas, respeitadas e amadas também”,
finaliza a educadora.
Katarina Bergami - pedagoga,
mestra em Psicopedagogia pela Leibniz Universität Hannover - School of
Education e atua como Coordenadora Educacional da Faces Bilíngue, escola situada
no bairro de Higienópolis, em São Paulo, que há quase 20 anos educa crianças
dos quatro meses aos dez anos.
Faces Bilíngue
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