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segunda-feira, 6 de março de 2017

Afinal, o que é esse tal “limite” que tanto se fala que as crianças não têm?



Será que as crianças, atualmente, estão sem educação? O que fazer quando elas interrompem as conversas dos adultos, não ouvem e querem toda a atenção só para si?


O que mais se escuta, atualmente, em relação à educação infantil, é que “as crianças não têm limites”. Mas, afinal, o que isso significa? Será que, por mais que os pais tentem, os pequenos não aprendem a educação que lhes é ensinada? “Não é bem assim. Hoje, as crianças têm mais liberdade e menos orientação clara em relação às regras de convívio social. Por isso, invadem o limite alheio”, diz Katarina Bergami, Pedagoga, Coordenadora Educacional da Faces Bilíngue, escola situada no bairro de Higienópolis, em São Paulo, que há quase 20 anos educa crianças dos quatro meses aos dez anos de idade.

É por isso, portanto, que o termo “limite” é tão utilizado. “Em tempos passados, era dentro de casa que se ensinava a criança a não interromper a conversa dos adultos, a respeitar o espaço e os objetos das outras pessoas, a não mexer no que não lhe pertencia... Agora, essas regras se perderam e se elas não existem dentro de casa, não serão respeitadas em nenhum lugar, mesmo quando a pessoa se torna adulta e vai para o mercado de trabalho. A criança possui uma liberdade infinita e não sabe o que fazer com essa liberdade porque ninguém a ensina”, pondera a educadora.


Saber ouvir

Para Katarina, um dos principais exercícios que os pais precisam realizar em casa é o de ensinar a criança a ouvir. “Em família, toda a atenção é para a criança. Ela é ouvida o tempo todo e atendida em todas as suas necessidades, imediatamente. Desta maneira, não aprende a escutar os demais membros da família e dar a eles espaço para que falem. É justamente por isso que surge o comportamento inconveniente da criança que quer toda a atenção para si e não deixa os pais conversarem”, diz.

Na prática, Katarina explica que os pais precisam ser firmes, dizendo à criança: “eu escuto você, agora você me ouve (ou ouve o irmão ou outro familiar)”. Desta maneira, a criança vai criando o hábito de ouvir, entender e a paciência de esperar sua vez. “No começo, não é fácil, como nada é fácil na educação. Mas, com o tempo, tudo se ajeita.

Para se ter ideia de como essa questão é importante e se repete em todas as famílias, ela é uma das mais problemáticas na escola. “Os professores levam meses para conseguirem ser ouvidos porque todas as crianças querem falar ao mesmo tempo. Realmente, eles não sabem respeitar o limite entre ficar quietos e escutar o professor porque não têm essa regra em casa”, exemplifica.

A questão dos “limites”, portanto, passa por regras claras e aplicação de bons hábitos. “Se os pais forem firmes em seus propósitos, não precisarão punir as crianças. Elas entendem, mas querem toda a atenção para si. Nós temos a tendência óbvia – e justa – de amá-las a ponto de colocar toda a atenção à disposição delas, mas, devemos nos lembrar que elas precisam saber que fazem parte de um mundo em que há outras pessoas que merecem ser ouvidas, respeitadas e amadas também”, finaliza a educadora.







Katarina Bergami -  pedagoga, mestra em Psicopedagogia pela Leibniz Universität Hannover - School of Education e atua como Coordenadora Educacional da Faces Bilíngue, escola situada no bairro de Higienópolis, em São Paulo, que há quase 20 anos educa crianças dos quatro meses aos dez anos.


Faces Bilíngue




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