O luto é um processo psíquico de elaboração de uma perda a
partir do rompimento de um vínculo significativo.A dor pela perda de alguém que
se ama é algo subjetivo e pessoal. Depende de uma série de fatores que mudam de
relação para relação. Cada dor é única e como não se sabe exatamente o que
acontece depois que alguém morre, quem fica tem o grande desafio de renascer de
uma dor profunda. “A morte de um cônjuge, por exemplo, traz mudanças na vida do
parceiro,que terá que aprender a conviver com a ausência física daquela pessoa.
E as mudanças acontecem desde aspectos práticos do dia a dia, até os subjetivos
que permeiam a relação”, explica a psicóloga Juliana Guimarães, especialista
em luto e sócia da clínica EntreSeres.
Quando a perda é repentina, como no caso de acidentes, ou latrocínios,
existe o fator do inesperado, que pode dificultar o processo de luto, pois quem
fica não tem a chance de se despedir, de fechar ciclos, resgatar histórias
passadas não digeridas, e outras oportunidades. “Essas oportunidades podem
ajudar no processo de enfrentamento da perda, mas não se pode afirmar que a
morte repentina é pior ou melhor do que uma longa despedida, no caso de alguém
doente”, explica Juliana. “Cada luto é único, porque cada relação é única, e
quando falamos em vínculo estamos falando de algo muito pessoal, como por
exemplo, o lugar que aquela pessoa ocupava em cada uma de suas relações”.
As fases do luto
O conceito de fases do luto surgiu para ajudar na compreensão desse
processo complexo que é o enfrentamento de uma perda. Diversos estudos
científicos elencaram comportamentos e emoções que costumam ser comuns aos
enlutados. “Nem todo mundo sente tudo, passa por ‘todas as fases’. O luto é um
processo dinâmico e fluido”. Mas dentre os comportamentos e emoções que
costumam aparecer estão:
Negação: entorpecimento, com atitudes de choque, descrença e mecanismos
de defesa da negação que costumam acontecer em um primeiro momento após a
perda;
Protesto: na medida em que surge a consciência da perda estariam
manifestações de raiva, protesto e busca pela pessoa perdida. Essa fase também
pode ser marcada por desorganização, desespero, melancolia, raiva e culpa.
Reestruturação: quando o enlutado adquire mais tolerância às mudanças
econsegue se reorganizar.
O apoio social, de amigos e familiares, é um potente recurso nesse
processo. “Oferecer ajuda na parte burocrática dos rituais, cuidados com
alimentação e hidratação, disponibilidade para estar com aquela pessoa nos
momentos em que ela precisar, manifestações de carinho, suporte no retorno à
rotina, são movimentos que amigos de enlutados podem fazer para ajudar”, diz
Juliana. “O enlutado precisa estar cercado de amor e de presenças que dêem a
ele sensação de segurança, que é uma das coisas
mais abaladas quando perdemos alguém ou algo muito importante para nós”.
O
luto é um processo que transforma as pessoas, que pede delas uma revisão da
vida,ressignificando alguns aspectos. Passar pelo luto não é fácil, mas é
possível sair dele transformado, com mais aprendizado e com mais recursos para
se enfrentar dores.
Juliana Guimarães - psicóloga, especializada em Teoria, Pesquisa e
Intervenção em Luto e terapeuta familiar.
Sobre
a EntreSeres
A Entre
Seres das psicólogas Juliana Guimarães e LectíciaRapôso, é uma clínica que
oferece psicoterapia individual, de casal ou família, em um espaço acolhedor na
zona Sul de São Paulo. Ambas as especialistas consideram o papel do terapeuta
como um facilitador do processo de ampliação das possibilidades de estar no
mundo de relações. Além do atendimento terapêutico, a clínica também é um
espaço de encontros reflexivos no projeto “EntreSaberes”. www.entreseres.com.br
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