Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica provoca complicações cardiorrespiratórias, que, em períodos
de 1 a 7 anos são responsáveis por mais mortes do que ataques cardíacos
Neste mês é comemorado o Dia Mundial da DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica), data designada para conscientização da população sobre a importância
do diagnóstico e tratamento da doença. Causada principalmente pelo tabagismo, a
doença pode causar tosse, chiado no peito, falta de energia, falta de ar e
dificuldade para realizar atividades diárias[i].
Estudos mostram que as complicações da DPOC são responsáveis por mais mortes do
que infarto agudo do miocárdio (ou IAM). Enquanto que 23% dos pacientes acima
de 50 anos que apresentavam uma crise grave de DPOC faleceram dentro de 1 ano,
menos de 20% dos pacientes da mesma faixa etária que infartaram vieram a óbito
nesse período[ii]-[iii]. Os dados são ainda mais
expressivos quando observados no intervalo de 7 anos. Analisou-se que 31% dos
homens e 47% das mulheres que sofreram um infarto chegaram a falecer, enquanto
70% dos pacientes que apresentaram uma crise grave da DPOC faleceramv-[iv].
De acordo com dados da
OMS, a DPOC atinge mais de 65 milhões de pessoas no mundo[v],
e dados do Ministério da Saúde estimam que a enfermidade afete mais de 7
milhões de pessoas no Brasil[vi]. A
doença é responsável pela morte de 3 milhões de pessoas no mundo por ano[vii], sendo 40 mil brasileiros[viii]. O Dr.
Mauro Gomes, diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, explica porque isso acontece: “A
DPOC é uma doença grave que, quando não recebe o tratamento adequado, pode
trazer diversas complicações pulmonares e até mesmo cardiovasculares. Dessa
forma, além de riscos de crises respiratórias, como pneumonia e exacerbações,
os pacientes estão sujeitos à problemas cardíacos como infartos, arritmias e
hipertensão”. Atualmente, a DPOC é a
quinta causa de morte no mundo, e a previsão é que esse cenário piore,
tornando-se a terceira da lista até 2030i.
A DPOC é o termo usado
para denominar o conjunto de duas doenças que causam a obstrução crônica das
vias aéreas dentro dos pulmões: a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. A
bronquite é a inflamação dos brônquios e bronquíolos, e causa a constante
produção de muco, falta de ar, chiado e tosse crônica com expectoração. Já o enfisema
se caracteriza pela destruição do pulmão e surgimento de bolhas, com
aprisionamento de ar nas cavidades, o que dificulta a respiração e leva ao
cansaço ou falta de ar. A DPOC é diagnosticada quando o paciente apresenta a
sobreposição das duas doenças.
Dr. Mauro explica que uma
das dificuldades no diagnóstico da DPOC é que as pessoas negligenciam um dos
principais sintomas: “Muitas vezes, quando perguntamos se o paciente tem
falta de ar ele responde que não. Porém, ao perguntarmos se ele apresenta cansaço
ao subir um ou mais lances de escadas, é comum responderem que sim. Há uma
confusão quanto à diferença entre cansaço e a falta de ar, quando em essência,
elas são a mesma coisa. As pessoas costumam achar que se sentem cansadas devido
à idade, ao sobrepeso, ao tabagismo ou ao sedentarismo, quando na verdade esse
pode ser um sinal de doença pulmonar”.
O diagnóstico é realizado
por um pneumologista por meio de um exame simples chamado espirometria, também
conhecido como "teste do sopro”. O exame que mede a quantidade de ar e a
velocidade com a qual ele entra e sai dos pulmões, identificando valores
alterados quando o paciente apresenta DPOC.
Foi assim que Abel Nunes foi diagnosticado com DPOC
há 7 anos. O contador conta que teve complicações pulmonares devido à doença:
“Já faz 18 anos que eu parei, mas fui fumante por mais de 40 anos e, apesar de
saber dos malefícios causados pelo cigarro, nunca imaginei que poderia
desenvolver uma doença crônica. O diagnóstico da DPOC veio após ser internado
diversas vezes com pneumonia em curtos períodos de tempo. Faço o tratamento
adequado desde então e percebo que a doença está sob controle, por isso não
sinto muitas limitações no meu dia a dia ”, pontua.
Apesar de ser uma doença grave e sem
cura, existem medicamentos que são capazes de controlar os sintomas, aumentando
a qualidade de vida dos pacientes. Além de tratamento
medicamentoso com broncodilatadores inalatórios, que contribuem para a
suavização dos sintomas e das crises de exacerbação, procedimentos não farmacológicos
também são importantes para garantir uma melhor qualidade de vida, como a
prática de atividade física regular com o acompanhamento médico, vacinação e,
quando necessário, o uso de suplementação de oxigênio.
Sobre a DPOC
A OMS projeta que em 2030 a DPOC será a terceira causa de morte no mundoi. A DPOC atinge 65 milhões de pessoas no mundoi. Apesar disso, um em
cada dois brasileiros nunca ouviu falar da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
(DPOC), enfermidade que atinge 7 milhões de pessoas no paísii e é a
5ª causa de morte no mundoi. Causada principalmente pelo tabagismo,
a DPOC leva à dificuldade de respirar e ao cansaço progressivo e constante,
impossibilitando uma série de atividades de rotina. Todos os anos, a
DPOC leva a óbito cerca de 40 mil brasileiros, o equivalente a quatro pacientes
por hora, segundo dados do Ministério da Saúdeiii. A
doença custa aos cofres públicos aproximadamente R$ 100 milhões por anoii.
Segundo o Gold – Iniciativa Global para Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica – um programa mundial que atua com objetivo de sistematizar, padronizar
e orientar o diagnóstico e tratamento da DPOCviii, existem cinco
perguntas básicas que ajudam o profissional de saúde a identificar
pacientes que podem ter a doença:
·
Possui mais de 40 anos
·
Fumante ou ex-fumante
·
Tosse frequente
·
Expectoração ou
“catarro” constante
·
Cansaço ou dificuldade
para respirar, como subir escadas ou caminhar
[i] Global Initiative for Chronic Obstructive Lung
Disease. Global Strategy for the Diagnosis, Management and Prevention of COPD
[Internet] 2015. [Acesso em 07/Abri/2016] Disponível em: www.goldcopd.org/guidelines-global-strategy-for-diagnosis-management.html
[v] World Health Organization. Chronic of
respiratory disease. Burden of COPD. [Internet]. [Acesso em 24/out/2016]
Disponível em: www.who.int/respiratory/copd/burden/en/index.html
[vi] Ministério
da Saúde do Brasil. [Internet]. [Acesso em 13/Abril/2016] Disponível em:
www2.datasus. gov.br/DATASUS/index.php?area=02033
[vii] World Health Organization. Chronic of
respiratory disease. Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) FACT SHEET. [Internet].
[Acesso em 24/out/2016] http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs315/en/
[viii]
Bronquite crônica causa 40 mil mortes a cada ano, revela dados do DATASUS.
[Acesso em 09/ago/2016] Disponível em: www.datasus.saude.gov.br/noticias/atualizacoes/564-bronquite-cronica-causa-40-mil-mortes-a-cada-ano-revela-dados-do-datasus
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