No
Brasil conhecemos muito bem o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, mas você
já ouviu falar do Dia Internacional da Igualdade Feminina? Ele é comemorado em
26 de agosto e celebra o dia em que os Estados Unidos permitiram que as
mulheres fossem às urnas pela primeira vez, em 1920.
Quem
tornou essa conquista possível foi o movimento
sufragista, composto por mulheres de diversas classes sociais que chegaram
a recorrer à desobediência civil para garantir o direito de votar. Isso parece
tão distante da gente, não é mesmo? Mas veja só que surpresa: no Brasil, o direito
só foi garantido por lei em 1932. Na Arábia Saudita, apenas em 2015.
Baixa
representatividade, direitos restritos
Apesar
de podermos escolher nossos governantes, apenas 10% dos parlamentares da Câmara
dos Deputados e 16% do Senado são do sexo feminino, mesmo depois desses 84
anos. Ver outras mulheres governando e pensando em nossos direitos ainda é uma
realidade distante – e um dos grandes motivos para ressaltarmos que, sim, ainda
precisamos discutir desigualdade de gênero.
“Comparado
a outros países, o Brasil está muito aquém dos avanços em termos de
participação política das mulheres”. Quem diz isso é a jurista Silvia
Pimentel, integrante do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a
Mulher da ONU (CEDAW/ONU) e co-fundadora do Comitê Latino-Americano e do Caribe
para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM). Amargamos a 153ª posição no
ranking mundial da representatividade, atrás até do Afeganistão. Ela conta que
isso não apenas dificulta a conquista de outros direitos como, também, traz retrocessos
àqueles já adquiridos.
Por
exemplo: a Lei Maria da Penha é um grande avanço, mas ainda é difícil fazê-la
valer por causa do comportamento machista de uma parcela dos juízes e
delegados. A permissão para interromper a gravidez em casos de estupro e
anencefalia também está em xeque graças a projetos de lei que rodam na Câmara
(criados por homens, aliás).
Desigualdade
no seu bolso
Em
1970, apenas 18% das mulheres brasileiras trabalhavam fora, enquanto o número
hoje chega a 44%, segundo o IBGE. “Embora a mulher tenha saído de casa para
ajudar nas finanças da família, ela também teve que manter as funções no lar,
pois o homem não as assumiu”, aponta Silvia. O resultado? A famosa dupla
jornada, que faz com que trabalhemos 14,2 horas a mais do que eles por semana
(23,9h contra 9,7h), de acordo com a PNAD. Se olharmos de perto, ainda veremos
que a disparidade é maior entre mulheres negras e pobres.
Há,
ainda, a diferença de salário. No Brasil, nosso rendimento médio equivale a
74,6% do masculino. Infelizmente, essas disparidades afetam até mesmo a
economia. A
equidade de gênero adicionaria nada mais, nada menos do que US$ 12 trilhões ao
crescimento econômico global, o equivalente a quase R$ 39 trilhões! Se até
2025 a presença de brasileiras em cargos relevantes fosse de 51%, o PIB
cresceria 30%. Esses dados são da pesquisa da Consultoria McKinsey para o
movimento Women Matter (“Mulheres Importam”, em tradução livre).
Afinal,
por que continuar lutando?
Porque
ainda ganhamos menos, trabalhamos mais, sofremos violência doméstica, moral e
sexual e, de quebra, precisamos ouvir piadinhas sempre que nos opomos a essas
opressões.
Talvez
seu estilo de vida seja mais confortável, você possa pagar creche para seus
filhos e até contratar uma outra pessoa para cuidar dos afazeres domésticos.
Mas, e as menos favorecidas – incluindo pobres, negras, periféricas,
homoafetivas e transgênero? Apenas a união fará com que todas nós, mulheres,
alcancemos a tão sonhada igualdade de gênero celebrada neste dia 26 de agosto.
“Somos
nós que temos que abrir os olhos e atuarmos a partir do local que estamos
inseridas. Podemos conversar com filho, marido, colegas de trabalho... Ao se
deparar com uma situação machista, em vez de dar lição de moral, faça
perguntas. Mas não permita que isso aconteça sem fazer nada”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário