Saúde:
30% dos idosos têm dificuldade para realizar atividades diárias
Pela
primeira vez, são estabelecidas medidas para reduzir risco de perda da
capacidade funcional, aumentar a sobrevida e o desempenho cognitivo. Idosos já
representam 14,3% da população
O
Ministério da Saúde vai qualificar o atendimento aos idosos na rede pública de
saúde. Lançada nesta segunda-feira (6/11), a Estratégia Nacional para o
Envelhecimento Saudável traz pela primeira vez orientações aos profissionais de
saúde e gestores para aumentar a qualidade de vida dessa população, que vai
representar cerca de 20% dos brasileiros em 2030. Com as novas medidas, o
atendimento às pessoas com 60 anos ou mais deve priorizar avaliação funcional e
psicossocial, além dos dados clínicos. O objetivo é reduzir a perda da
autonomia, aumentar o desempenho cognitivo e a sobrevida desses pacientes.
O Brasil possui a quinta maior
população idosa do mundo, com cerca de 29,3 milhões de pessoas com 60 anos ou
mais. Desse total, 69,9% são independentes para o autocuidado e 30,1% têm
alguma dificuldade para realizar atividades da vida diária, segundo estudo de
2017 (Lima-Costa, MF et al, com base em dados da Pesquisa Nacional de Saúde
2013). Dessa parcela, 17,3% tem muita dificuldade com
atividades instrumentais, que são aquelas diárias, como preparar alimentos,
cuidar da casa, se deslocar; e outros 6,8% apresentam dificuldades com
atividades básicas, como vestir-se e alimentar-se.
Preocupa também o avanço das
doenças crônicas nessa população. Atualmente, entre os idosos de 60 a 69 anos,
25,1% tem diabetes, 57,1% foram diagnosticados com hipertensão, além de a
maioria estar com excesso de peso (63,5%) e 23,1% com obesidade.
“O Brasil está com a projeção de ter
um crescimento de pessoas idosas muito maior que outros países e de forma muito
acelerada. Com isso, precisamos estar mais preparados para essa nova realidade
e é justamente isso que estamos fazendo. A nossa proposta é que o olhar não
seja focada apenas na doença e sim na saúde, ou seja, vamos parar de financiar
a doença e investir em um atendimento integral à população idosa, justamente
para evitar que essas pessoas desenvolvam doenças”, destaca o ministro da
Saúde, Ricardo Barros.
De acordo com as estimativas, em 2030
o número de brasileiros idosos ultrapassará o de crianças e adolescentes de 0 a
14 anos e representará 41,5 milhões de pessoas, ou 18,7% da população. Diante
desse cenário, o Ministério da Saúde tem priorizado ações que fortalecem a
organização da rede e investido na promoção da saúde, no acesso aos serviços e
na qualificação dos profissionais para responder a essa nova realidade.
Entre as novidades anunciadas está,
por exemplo, a implementação do atendimento multidimensional em que o foco
deixa de ser apenas na doença. O cuidado passa a ser orientado pela avaliação
clínica, psicossocial e funcional, o que permitirá identificar as reais
necessidades de cada caso. Assim, o acompanhamento desses pacientes será
norteado a partir de um projeto terapêutico individual, com ações de promoção
da saúde, prevenção de doenças e agravos, tratamentos, reabilitação e cuidados
paliativos.
Com as novas diretrizes, o
profissional deverá levar em consideração, por exemplo, o nível de
independência e autonomia para atividades cotidianas, as necessidades de
adaptação ou supervisão de terceiros, a vulnerabilidade social e o estilo de
vida das pessoas idosas, como alimentação, prática de exercícios, prevenção de
quedas, hábitos de saúde e histórico clínico.
O atendimento deve ser feito por meio
da Atenção Básica, principal porta de entrada para o SUS, em uma das 41.688
Unidades Básicas de Saúde distribuídas por todo o Brasil. Quando for
necessário, o paciente será encaminhado a unidades especializadas de saúde.
“O envelhecimento é um assunto
prioritário e deve ser tratado com cuidado, para que seja possível qualificar o
atendimento integral a essa população. Pela primeira vez nós estamos fazendo
isso, reorganizando todo o serviço e capacitando os profissionais. Já foram 14
mil profissionais capacitados no ano passado e este ano e outros 10 mil devem
ser capacitados. Todos são atuantes na Atenção Básica, porta de entrada para o
SUS”, reforça o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco
Figueiredo.
METAS – Com a implementação da linha de cuidado da pessoa idosa no âmbito
do SUS, será possível obter diversos resultados a curto, médio e longo prazo.
Além de adaptar os serviços de acordo com o novo cenário populacional que está
se formando e organizar o percurso das pessoas idosas nos serviços de saúde,
será possível promover a interlocução entre as unidades de saúde e a rede local
de assistência social e proteção de direitos.
A maior aproximação do profissional de
saúde à realidade do paciente visa, além da maior autonomia, sobrevida e
desempenho cognitivo da pessoa idosa, prevenir prescrições inadequadas de
medicamentos, o que evitará uso desnecessário de fármacos e reduzir eventuais
complicações em função desse uso, diminuindo custos com internações, exames e
medicamentos.
“O envelhecimento saudável é muito
mais que a ausência de doença. A perda das condições físicas e mentais
impossibilita o idoso de realizar atividades do seu cotidiano, o que causa
sofrimento para ele e para a família. Por isso reafirmamos a importância de que
o cuidado seja multidimensional, organizado por meio de uma linha de cuidado
muito mais ampla, considerando diferentes fatores que influenciam na sua
condição de saúde”, completou a coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa do
Ministério da Saúde, Cristina Hoffmann.
CADERNETA DA
PESSOA IDOSA – Outra novidade é a atualização e
implementação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que permite conhecer as
necessidades de saúde dessa população atendida na atenção básica. As
informações contidas nesse documento passarão a ser inseridas no Prontuário
Eletrônico.
Pela Caderneta é possível identificar
o comprometimento da capacidade funcional, condições de saúde, hábitos de vida,
vulnerabilidades, além de ofertar orientações para o autocuidado como
alimentação saudável, atividade física, prevenção de quedas, sexualidade e
armazenamento de medicamentos. Em 2017, serão distribuídas 3,9 milhões de
exemplares aos municípios, um investimento de R$ 2,9 milhões. Em 2018, mais 1,5
milhão de unidades serão entregues.
APLICATIVO – O Ministério da Saúde também está lançando, em parceria com a
Universidade Aberta do SUS (UNASUS/DF), um aplicativo que possui três
ferramentas para subsidiar profissionais de saúde na avaliação das pessoas
idosas. Com o aplicativo, será possível identificar a pessoa idosa vulnerável
na comunidade, identificar a vulnerabilidade familiar para definir o foco do
acompanhamento e avaliar a massa corporal em relação à altura, detectando o
estado nutricional dos idosos. A ferramenta estará disponível gratuitamente
pelo Google Play para Android.
A partir de 7/11, o Ministério da
Saúde vai colocar em consulta pública o documento com as orientações técnicas
para implementação da linha de cuidado da pessoa idosa no SUS, para colaboração
de cidadãos e especialistas. O documento ficará disponível para contribuições
por 30 dias no link http://portalms.saude.gov/audiencias-e-consultas-publicas.
Gustavo
Frasão
Agência
Saúde
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