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quarta-feira, 23 de maio de 2018

O alto risco de ser um fumante ocasional


 Fumar esporadicamente pode ser tão ruim quanto recorrer ao cigarro sempre; chance de sofrer morte prematura dobra e risco de ter câncer de pulmão aumenta 9 vezes


Um item que contém cerca de 4.7 mil substâncias tóxicas, entre elas material radioativo, monóxido de carbono - o mesmo que é expelido pelo escapamento dos veículos –, gases venenosos e a famosa nicotina, responsável pela dependência química, não deveria despertar o interesse de ninguém; no entanto, no mundo, cerca de 1 bilhão de pessoas faz uso dele, o cigarro. Destas, existem aquelas que podem ser classificadas como fumantes ocasionais. Não consomem altas quantidades, fumam apenas esporadicamente. Mas engana-se quem pensa que esse hábito é menos nocivo. "Não existe margem segura para o consumo de cigarro. Fumar ocasionalmente não protege as pessoas das doenças decorrentes desse vício", afirma o otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Cícero Matsuyama.
Um estudo feito pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI) constatou que fumar um cigarro ou menos por dia aumenta em 9 vezes as chances de morrer de câncer de pulmão, e 64% de sofrer uma morte prematura.

"Os riscos para essas pessoas são muito semelhantes aos daquelas que fumam em quantidade maior. Se houver predisposição genética para certas doenças, como tumores, as chances aumentam ainda mais", explica o médico. As enfermidades relacionadas ao cigarro são inúmeras: entre as mais perigosas estão os cânceres de garganta, pulmão, mama, enfisema pulmonar e doenças cardiovasculares.

O tabagismo é a maior causa de morte evitável do mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Por isso o ideal é ficar longe desse hábito.

Muitos dos fumantes ocasionais, por exemplo, recorrem ao cigarro quando estão estressados. Para esses, o especialista lista algumas atitudes que podem ajudar a combater a vontade de fumar. "Algumas manobras para deixar as mãos ocupadas, tais como o artesanato, a pintura, e mesmo atividades físicas, como artes marciais e pilates, podem ser úteis para acabar com a necessidade de fumar", diz.

Vale lembrar que os danos do cigarro à saúde são cumulativos. Ou seja, cada dia alimentando esse vício é contabilizado negativamente no organismo. Já que não existe margem segura, o melhor é evitar o cigarro, a todo custo. "As pessoas que querem reduzir as chances de adquirir doenças degenerativas ou tumorais do sistema respiratório não devem fumar e nem usar nenhuma substância inalável, pois não importa a quantidade ou frequência, o cigarro sempre vai fazer mal", finaliza.





 Instituto CEMA
 www.cemahospital.com.br


As propostas de investimento na infraestrutura brasileira – o caso do setor elétrico


É comum encontrarmos tabelas comparativas mostrando alguns aspectos defendidos pelos partidos dos possíveis candidatos à Presidência da República, principalmente quanto às suas propostas para a previdência social, ajustes fiscais e outros itens como tributação e privatizações. Porém, poucos têm apresentado propostas para o desenvolvimento dos projetos de infraestrutura do país. O motivo parece ou pode ser simples: poucos conhecem estes setores ou então são propostas e projetos que não são interessantes aos eleitores.

São setores que requerem elevados investimentos, são geradores de emprego, possuem significativo impacto regional e nacional. Muitos destes projetos estiveram relacionados na operação “Lava Jato”. São polêmicos. Talvez este seja o motivo de exclusão destes itens destas tabelas comparativas. É inegável que os investimentos em infraestrutura no país são essenciais para o desenvolvimento da nação. Mais ainda por reduzir o famoso “Custo Brasil” ou custo do país.  Um pouco de “déjà vu”: o custo Brasil ou custo de um país relaciona elementos estruturais existentes na economia que dificultam a competitividade dos bens produzidos pela nação. Causam grandes perdas de produtos no transporte, mantém os preços elevados pela qualidade de sua infraestrutura e justificam a baixa qualidade de diversos bens, tanto os destinados ao mercado internacional quanto ao nacional. Desenvolver a infraestrutura brasileira colaborará na redução destes custos: reduz custo de logística, custo da energia elétrica, dos combustíveis, gás, da água potável e de outros insumos essenciais para a indústria, para o setor de serviços, comércio e do agronegócio. Uma parcela significativa dos recursos do governo e da sociedade serão direcionados a estes projetos. Não parecem ser segmentos, portanto, que não mereçam a atenção dos eleitores.

O caso particular do setor elétrico mostra que muito se evoluiu, porém, os custos das tarifas ainda são elevados. O país, conforme a ANEEL, possui 6.736 empreendimentos de geração de energia elétrica em operação. É um sistema sofisticado. As hidroelétricas são responsáveis por 60% da potência ofertada, as térmicas por 26 % e as eólicas atingem a maravilhosa participação de 8%. Novos empreendimentos estão sendo construídos ou estão em programação de construção, onde as fontes térmicas mostram significativa participação. O país deixa de possuir a expressiva participação de 80% de suas fontes de energia tendo como combustível a água.

A sociedade ganha recursos se a tarifa de energia elétrica tiver um baixo custo. Os problemas para permitir uma significativa redução desta tarifa e tornar este um elemento que contribua para o desenvolvimento da nação merece a atenção dos candidatos para as eleições deste ano. Na geração de energia elétrica ainda existem questões sociais a serem resolvidas como as questões dos desapropriados pelas barragens, mesmo que a fio d’água. Persistem questões relacionadas ao risco de racionamento que ainda estão exemplificadas pela manutenção das bandeiras tarifárias e às diversas e importantes restrições ambientais para todas as fontes de produção de energia.

Na transmissão, levar a eletricidade das áreas de produção para os pontos de consumo, considerando as grandes distâncias e a enorme quantidade de empreendimentos geradores requer grandes desafios de gestão. Esta gestão tem sido realizada com sucesso, porém, as construções de novas linhas estão atrasadas ou paralisadas por questões legais diversas e a carga elétrica gerada não encontra os consumidores finais.

Na distribuição de energia, principalmente considerando os clientes cativos das distribuidoras de eletricidade, a política tarifária incorpora elementos de ganhos de produtividade que resultam em redução de receita para a concessionária. Não estimula a adoção de inovações ou aplicações de novas tecnologias. Novos elementos de avaliação poderiam ser incorporados à tarifa de energia elétrica e que reunissem o desenvolvimento de aspectos sociais, que estimulassem o crescimento e desenvolvimento de uma região, elementos de estímulo à inovação refletidos no aumento do PIB regional, aumento no emprego, mesmo que em determinados setores e que resultassem em maior consumo de energia e aumento de receita das concessionárias. A modicidade tarifária pode ser atingida através de técnicas em que são utilizados diversos outros instrumentos, principalmente os sociais.

Existem, portanto, diversos itens dentro do setor elétrico que mereceriam a atenção não apenas dos candidatos à Presidência da República, mas de todos os que estão concorrendo aos cargos públicos nesta eleição. Estes precisam ser relacionados e submetidos à apreciação dos eleitores.  





Agostinho Pascalicchio - doutor em Ciências pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, mestre em Teoria Econômica pela University of Illinois at Urbana-Champaingn/USA, é professor universitário nas áreas de economia, engenharia econômica e de energia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Responsável pela avaliação financeira de projetos na Comunidade Européia.


O BRASIL TORNOU-SE MAIS POLITIZADO? O VOTO NAS MÃOS DA PAIXÃO


O debate político além do discurso passional, a urgente necessidade de entender o dever do cidadão nas eleições  


Uma grande pergunta que podemos fazer ao olhar o cenário político nacional é: o brasileiro se tornou mais politizado com a crise do sistema? Para refrescar a memória, vamos analisar o histórico dos últimos anos. Em 2013, acredito ter sido um marco, quando houve grandes manifestações, o assunto era o aumento da tarifa dos transportes públicos. Ao chegarmos em 2016, os protestos foram contra a ex-presidente Dilma e reuniram mais de três milhões de pessoas pelo País. E esse envolvimento dá a impressão de que a resposta para a questão é positiva.

Outros fatores apontam para essa rápida resposta. Uma recente pesquisa, realizada pela Datafolha, mostra que 84% dos brasileiros são a favor da continuidade da operação Lava Jato, que a luta contra a corrupção não deve parar. Essa e outros dados dão a impressão de que nos tornamos mais politizados, mas será que isso realmente aconteceu?

Quando analisamos a fundo as pesquisas, elas nos alertam que não existe, na verdade, uma racionalidade na hora da votação eleitoral, e isso é um problema. Ser politizado é ser capaz de compreender a importância da ação política e de se tornar consciente dos deveres e direitos do cidadão. Em um regime democrático, temos apenas o momento da eleição para realmente condenar a corrupção sistêmica da forma mais eficaz possível. E ainda escolher o candidato mais competente na administração pública.

Apenas para exemplificar o que pretendo dizer, é com tristeza que vemos um ex-presidente preso, que obteve direito de defesa em todo o sistema jurídico brasileiro, liderar as pesquisas para os presidenciáveis nas próximas eleições. Ele contratou excelentes advogados, foi para a segunda estância, recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça, foi debatido no STF, e, enfim, a prisão prosseguiu. Mesmo que a figura política seja um condenado, de acordo com a Datafolha, ele continua líder na corrida eleitoral de 2018. Como é possível que a população vote em um condenado?

Sem entrar no mérito da questão da defesa dos advogados para o seu cliente, esse comportamento mostra que o que determina as escolhas de votação não são critérios técnicos racionais. Algumas pesquisas alegam que até mesmo a “primeira impressão” e uma beleza facial afetam na tomada de decisão do candidato, além das questões da proximidade ideológica, doutrina e paixão. E isso não tem ligação com a alta formação acadêmica ou por pertencerem à população pobre ou privilegiada.

Encontramos uma ótima metáfora no futebol. Ninguém muda de time só porque o clube ganhou de forma injusta, jogando mal ou porque comprou o juiz. A torcida comemora a vitória e continua a torcer nos próximos jogos. Observamos assim que são muito raras as mudanças de paixão, seja no esporte ou na política.

No Brasil o voto não está nas mãos da razão e sim da paixão. Uma escolha que deveria ser feita por meio de critérios técnicos carrega o tom de algo totalmente irracional. Hoje, existem pensadores, acadêmicos e artistas que votariam no ex-presidente, e declaram que ele não é um “político preso, mas um preso político”. Então, essa conduta não é exclusiva de pessoas de baixa renda, com baixa escolaridade. Assim, podemos retomar a analogia do futebol. Existem torcedores do Corinthians, Palmeiras, Flamengo, entre outros times, de todos os níveis sociais, com diversos graus de escolaridade, porque a relação com o clube é de paixão. Atualmente, vemos a identificação com o político da mesma forma, por questões extremamente subjetivas.

Então, no Brasil, a política se tornou uma conversa de botequim. Antes, falávamos de futebol e ganhar dinheiro. Agora, falamos de política com mais frequência. Podemos perceber que o tema está mais na boca do povo, mas isso não quer dizer que o brasileiro tenha se tornado mais politizado. Ainda existe um longo caminho para que isso aconteça. 





Rabino Samy Pinto - formado em Ciências Econômicas, se especializou em educação em Israel, na Universidade Bar-llan, mas foi no Brasil que concluiu seu mestrado e doutorado em Letras e Filosofia, pela Universidade de São Paulo (USP). Foi diretor do Colégio Iavne, por 22 anos. O Rav. Samy Pinto ainda é diplomado Rabino pelo Rabinato chefe de Israel, em Jerusalém, e hoje é o responsável pela sinagoga Ohel Yaacov, situada no Jardins também conhecida como sinagoga da Abolição.


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