Proprietários de carros anteriores a 2021, ainda com documentação em papel, podem ‘desmaterializar’ documento, reconhecer firma e transferir a propriedade numa mesma visita
Os cartórios são
o novo front da marcha de digitalização do Departamento Estadual de Trânsito de
São Paulo (Detran-SP). No apagar das luzes de abril, o gerente administrativo
José Eduardo Barrientos, de Ribeirão Preto, protagonizou o primeiro caso de
“desmaterialização” de um Certificado de Registro do Veículo (CRV), operação em
que um documento físico é convertido em virtual para a transferência online de
propriedade. Realizada no último dia 24, a primeira “desmaterialização” em
cartório de um CRV marca uma nova fase da Transferência Digital de Veículos
(TDV), que entrou no ar em março, acelerando o processo e derrubando prazos para questão de segundos.
“Foi prático e
rápido. O processo inteiro não levou nem 10 minutos”, diz José Eduardo, que
vendeu um Fiat Idea prata, de 2011. “O processo dá muita segurança. Não é
preciso fazer uma cópia impressa do documento para apresentar em um balcão.
Esse tipo de recurso só vem para ajudar”, diz o gerente de 54 anos.
Liberada em um
primeiro momento para pessoas físicas com carros fabricados a partir de 2021,
data em que os veículos passaram a contar com documentação virtual, a TDV dá
seu segundo passo com apoio dos cartórios. Em 2021, vale lembrar, os veículos
começaram a ser comercializados com o CRV em formato eletrônico, o chamado
CRV-e, e também com a ATPV-e, versão eletrônica da Autorização para
Transferência de Propriedade do Veículo.
Já disponível em
todos os cartórios do estado, o novo passo da TDV teve início em julho de 2023,
quando o Detran-SP assinou um acordo de cooperação com a seção paulista do
Colégio Notarial do Brasil, entidade representativa dos mais de 9 mil notários
do país, os profissionais que dão vida aos cartórios. De lá para cá, os
cartórios desenvolveram sistemas para, além de reconhecer firma como
tradicionalmente já fazem, transformar CRVs em CRV-es e para armazená-los nesse
novo formato.
A Prodesp,
empresa de tecnologia do governo paulista, se encarregou de integrar esses
sistemas à base do Detran-SP, para onde as informações de venda de veículos são
enviadas, quando “desmaterializadas”. Com esse compartilhamento de dados, a TDV
flui sem obstáculos. Uma vez acionado pelo aplicativo do Poupatempo (SP.GOV.BR), o recurso
encontra as informações necessárias na base de dados do Detran-SP, cruza tudo e
finaliza o processo.
Caso o fluxo automatizado seja interrompido por falta de informação, não será mais necessário levar o documento, presencialmente, a uma unidade de atendimento – do Poupatempo ou do próprio Detran. É possível dar andamento ao processo no portal do órgão, via SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão), porque a documentação já foi conferida em cartório.
Até aqui, quem desejasse transferir a propriedade de seu veículo possuía um só caminho, com mais de uma parada. Era preciso primeiro que comprador e vendedor fossem a um cartório reconhecer firma. Depois, era necessário ir ao Poupatempo, que colheria os dados da transação para repassar ao Detran-SP, que tinha um prazo de até dez dias para analisar e, em caso de aprovação, gerar o documento do veículo com novo proprietário.
O caminho, como
se vê, ficou mais curto. A próxima etapa da TDV, prevista ainda para 2024, deve
contemplar pessoas jurídicas, como lojas de automóveis.
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