#SomosTodosSegurançadoPaciente
A iniciativa "Abril pela Segurança do
Paciente" tem como objetivo conscientizar a população em geral e engajar
usuários, cuidadores, profissionais e serviços de saúde em prol da segurança do
paciente.
Confira a seguir alguns aspectos importantes, relacionados a esse contexto, que
devem ser conhecidos.
O que é "Segurança do Paciente"?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua segurança do paciente como a
ausência, no paciente, de danos desnecessários ou potenciais associados a
assistência à saúde, ou ainda, a redução ao mínimo aceitável do risco de danos
prescindíveis.
O que é evento adverso?
Um incidente que afeta o paciente, no decurso do tratamento, e que não está
associado com a evolução das suas condições clínicas iniciais, e tem como
resultado lesões ou danos prejudiciais temporários, permanentes ou que resultam
em óbito. Os tipos de riscos e eventos adversos possuem diversas fontes e podem
ser classificados conforme o seu acontecimento e evolução.
Exemplos de episódios que podem culminar em danos
nos serviços de saúde:
Erros de identificação de pacientes;
Falhas de comunicação entre profissionais;
Erros de medicação;
Erros em procedimentos cirúrgicos;
Infecções associadas ao cuidado;
Queda dos pacientes.
Como surgiu esse movimento voltado para a segurança
do paciente?
No ano de 2004 a Assembleia Mundial da Saúde amparou a concepção da Aliança
Mundial para a Segurança do Paciente, uma iniciativa com o intuito de
implementar desafios para melhorar a segurança dos cuidados de saúde. A atuação
do Brasil neste contexto foi impulsionada com a publicação da portaria nº 529,
de 1º de abril de 2013 que instaurou o Programa Nacional de Segurança do
Paciente (PNSP). O PNSP tem o propósito de contribuir, em todos os estabelecimentos
de saúde do território nacional, para a qualificação da assistência à saúde.
Com que frequência ocorrem eventos adversos?
Estimativas apontam que, aproximadamente, uma em cada 10 internações resulta em
eventos adversos1.
A publicação de um estudo realizado no Brasil em
hospitais públicos de ensino mostra que, a incidência de pacientes que sofreram
eventos adversos foi de 7,6%, e destes, 66,7% poderiam ter sido evitados2.
Apesar da escassez de dados e de uma abordagem
ainda insuficiente sobre a temática no Brasil, há uma hipótese de que os óbitos
correlacionados a episódios de eventos adversos, referente a assistência à
saúde hospitalar, abrangem em torno de 104.187 a 434.112 óbitos por ano3.
Nos Estados Unidos, relaciona-se que a terceira
causa geral de morte no país seja devido a eventos adversos, por falhas na
prestação do cuidado4.
O que está sendo feito para melhorias neste
cenário?
Como já mencionado anteriormente, a OMS e o Ministério da Saúde, por exemplo,
já trabalham nesse sentido com a implementação e disseminação de ações,
protocolos e práticas que visam contribuir para a qualidade e segurança nos
estabelecimentos de saúde. Existem páginas na internet que trazem maiores
informações e materiais informativos:
www.who.int/patientsafety/en/
www.saude.gov.br/segurancadopaciente
O portal online da ANVISA fornece suporte para que possam ser registradas as
notificações de eventos adversos e até mesmo o próprio paciente e/ou familiar
são primordiais para colaboração com esse mecanismo de gestão de risco.
Diante a qualquer suspeita ou certificação de um evento adverso, é muito
importante comunicar os profissionais da saúde ou os Núcleos de Segurança do
Paciente existentes nas instituições ou até mesmo, realizar contato direto com
a ANVISA, a fim de cooperar para as condutas de melhorias (www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm).
Seguindo esta linha de pesquisa, um projeto com a
finalidade de avaliar a percepção da cultura de segurança do paciente entre
profissionais de um hospital de ensino e os fatores (pessoais, psicológicos,
sociais e culturais) que possam interferir com sua promoção e implantação, está
sendo realizado pelo pesquisador Alan Maicon de Oliveira (mestrando na
Faculdade de Ciências Farmacêuticas, UNESP, Câmpus de Araraquara), sob a
orientação da Prof.ª Dra. Luciane Cruz Lopes e coorientação do Prof. Dr. Marcus
Tolentino Silva.
O estudo almeja ampliar os conhecimentos das vertentes que constituem esse
panorama, bem como os aspectos que possam intervir de maneira positiva ou
negativa e assim, colaborar com evidências que possam gerar avanços
expressivos.
Todavia, fica a perspectiva que, todos podem fazer a sua parte para modificar/melhorar
este cenário e edificar um sistema de saúde embasado na segurança.
Alan Maicon de Oliveira - Possui graduação em
Farmácia e especialização em Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica.
Atualmente é mestrando em Ciências Farmacêuticas na Universidade Paulista Júlio
de Mesquita Filho - UNESP, em Araraquara/SP. Área de concentração e linhas de
Pesquisa: Gerenciamento de Risco em Saúde; Cultura de Segurança do Paciente.
alanmaicondeoliveira@gmail.com
Referências:
1. Brennan TA, Leape LL, Laird NM, Hebert L, Localio AR, Lawthers AG, et al.
Incidence of Adverse Events and Negligence in Hospitalized Patients. New
England Journal of Medicine. 1991;324(6):370-6.
2. Mendes W, Martins M, Rozenfeld S, Travassos C. The assessment of adverse
events in hospitals in Brazil. International Journal for Quality in Health
Care. 2009;21(4):279-84.
3. Couto RC, Pedrosa TMG, Rosa MB. Erros acontecem: A força da transparência no
enfrentamento dos eventos adversos assistenciais em pacientes hospitalizados.
Belo Horizonte: UFMG/IESS; 2016.
4. Makary MA, Daniel M. Medical error—the third leading cause of death in the
US. BMJ. 2016;353