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Uma seleção de trabalhos de grandes nomes nacionais será colocada em diálogo com as obras dos dois artistas |
Em cartaz até 15 de setembro
de 2024
Ministério da Cultura, Bradesco
e Instituto Tomie Ohtake apresentam
a exposição Calder + Miró, que evidencia a ligação entre os
trabalhos do escultor norte-americano Alexander Calder (1898-1976) e do
espanhol Joan Miró (1893-1983), assim como os desdobramentos
dessa amizade na cena artística brasileira. A presente exposição, que já esteve
em cartaz no Instituto Casa Roberto Marinho, no Rio de Janeiro, em 2022, chega
a São Paulo com novidades. Com curadoria de Max Perlingeiro,
acompanhado pelas pesquisas de Paulo Venâncio Filho, Roberta
Saraiva e Valéria Lamego, a mostra traz cerca
de 150 peças – entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, móbiles,
stabiles, maquetes, edições, fotografias e jóias. Ao conjunto originalmente
exibido na exposição carioca, soma-se uma obra monumental de Calder, além de
trabalhos de Tomie Ohtake entre a seleção de artistas nacionais. A
exposição conta com o patrocínio do Bradesco na Cota Apresenta, Aché
Laboratórios e Dasa com Patrocínio Institucional, Embaixada e
Consulados da Espanha no Brasil e Iguatemi
na Cota Apoio, através do Ministério da Cultura, via Lei de
Incentivo à Cultura e Governo Federal União e Reconstrução.
Ocupando quase todos os espaços expositivos do
Instituto Tomie Ohtake, a mostra contempla a amizade entre um dos principais
escultores modernos e um dos mais famosos pintores surrealistas. De origens
distintas – Calder era norte-americano e Miró espanhol – os dois desenvolveram
uma notável amizade iniciada em 1928, quando ambos viviam em Paris. A relação
permaneceu profunda até a morte do escultor, em 1976. “Historicamente, a
ligação entre os dois artistas foi objeto de estudo de pesquisadores, com
resultados surpreendentes, embora romanceada na maioria das vezes, e, ao longo
de décadas, realizaram-se inúmeras mostras e publicações. É o que chamo de 'a
estética de uma amizade' ", observa Perlingeiro.
De maneira livre e espontânea, Miró combinava
formas orgânicas, cores vibrantes e símbolos enigmáticos, criando uma atmosfera
única e intrigante. Esses elementos muito presentes em suas obras, também
aparecem no trabalho de Calder, estabelecendo uma relação íntima entre ambas as
produções e, por consequência, uma das grandes contribuições para a abstração
do século 20. Articulados em pontos de equilíbrio estável, os móbiles de Calder
são objetos que fazem um movimento sutil provocado pela passagem de ar. Já os stabiles
são esculturas sempre apoiadas no chão. Feitas com o intuito de serem
grandiosas e dinâmicas, grande parte das obras públicas do artista são stabiles
espalhadas por diversos países.
No Brasil, as obras destes artistas apresentam
importantes desdobramentos nos debates estéticos e produções artísticas que, a
partir da década de 1940, passaram a pautar a abstração de maneira mais
enfática. A relevância das contribuições de Calder e Miró no contexto nacional
se mostra, ainda, na larga presença de seus trabalhos em coleções brasileiras —
para esta exposição, todas as obras apresentadas são provenientes de coleções
públicas e privadas do Brasil.
À frente do núcleo de artistas brasileiros apresentado
na mostra, Paulo Venancio Filho selecionou trabalhos de nomes
consagrados e influenciados direta ou indiretamente pelas produções de Calder e
Miró, como Abraham Palatnik; Aluísio Carvão; Antonio Bandeira; Arthur Luiz Piza;
Franz Weissmann; Hélio Oiticica; Ione Saldanha; Ivan Serpa; Mary Vieira; Milton
Dacosta; Mira Schendel; Oscar Niemeyer; Sérvulo Esmeraldo; Tomie Ohtake
e Waldemar Cordeiro. Como afirma Venâncio Filho: “Em
ambos, Calder e Miró, a abstração não obedecia a um programa pré-determinado.
Estava, antes, fundada na intuição e na imaginação e, portanto, aberta ao
instável, ao acaso, ao indeterminado — algumas das características que, não por
acaso, vamos encontrar no construtivismo brasileiro a partir dos anos 1950 e
que vão estabelecer nossa contribuição original à arte abstrata,
particularmente na relação entre forma e cor.”, comenta o curador.
Viúva Negra (Black Widow)
Emprestada pelo Instituto de Arquitetos do Brasil –
São Paulo (IAB-SP) especialmente para a exposição paulistana, a obra Viúva Negra
(Black Widow), com 3,5 metros de altura e 2 metros de largura,
terá uma sala exclusiva. A escultura foi restaurada em 2015 pela Calder
Foundation, New York, por ocasião de uma retrospectiva do artista na Tate
Modern, em Londres. Criada em 1948, a obra foi exposta no Brasil duas vezes
neste mesmo ano. Já em 1954, foi doada pelo artista ao IAB/SP, em agradecimento
ao apoio na realização das exposições.
A relação com o Brasil
Calder visitou o Brasil pela primeira vez em 1948,
quando foram realizadas exposições individuais no Rio de Janeiro (no atual
Edifício Gustavo Capanema) e em São Paulo (MASP). Intermediada pelos
arquitetos Henrique Mindlin (1911–1971) e Rino Levi (1901–1965), a
correspondência entre Calder e Pietro Maria Bardi (1900–1999), então diretor do
MASP, registrou o interesse deste museu em receber os trabalhos do artista, que
naquela época já era uma referência central para a escultura moderna. Para
Bardi, a mostra seria o encontro das “equações de cor, forma e equilíbrio” de Calder
no país em que “o balão de São João, de cores e formas as mais curiosas,
constitui um anseio abstracionista”.
No contexto de suas primeiras mostras no Brasil, a
crítica nacional já considerava Calder o “arquiteto das formas móveis”, e as
noções de movimento, forma e ritmo presentes em sua obra permearam o pensamento
de toda uma geração de arquitetos brasileiros. O artista voltaria ao país mais
duas vezes, estabelecendo amizade com artistas, críticos e arquitetos
brasileiros. Mário Pedrosa (1900-1981), com quem manteve uma relação mais
duradoura, foi um dos críticos que mais escreveu sobre o escultor.
Já Miró, mesmo sem nunca ter visitado o Brasil,
estabeleceu vínculo com o país desde que conheceu e tornou-se amigo do poeta
pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999), que chegou a Barcelona em
1947 para servir como vice-cônsul. A relação do artista espanhol com este e
outros poetas ganha destaque na exposição. Uma das salas conta com vitrines e
monitores com versão animada de seis obras gráficas de Miró, quatro das quais
em colaboração com poetas, como o romeno Tristan Tzara (1896-1963), os
franceses René Crevel (1900-1935) e Robert Desnos (1900-1945), além do autor
pernambucano.
Programação Pública
Acompanhando todo o período expositivo de Calder+Miró,
o Instituto Tomie Ohtake oferece uma programação pública inteiramente gratuita e
destinada a públicos diversos. Instigadas pelas obras e pelos
processos criativos dos artistas, as diferentes atividades incluirão ativações,
oficinas práticas – como de desenho de observação em movimento
–, uma programação voltada à exploração sonora das obras, bem como cursos e
rodas de conversa que exploram temas como a relação entre vanguarda brasileira
e a abstração - incluindo um curso de dois dias sobre arte abstrata no Brasil,
o encontro entre arquitetura e artes visuais no Brasil, e a produção de
artistas contemporâneos.
Ainda, o Instituto promoverá uma série de ações
voltadas especialmente à educação, oferecendo uma programação
de abertura para professores da rede pública, um ciclo de
conversas que discutirá a intersecção entre arte e educação, além das visitas
mediadas e visitas ateliês oferecidas à escolas e outras instituições. As datas da
programação pública serão divulgadas nas semanas pré-abertura da exposição
através do site e das redes sociais do Instituto.
Exposição:
Calder + Miró
Curadoria: Max Perlingeiro
Em cartaz até 15 de setembro de 2024
De terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca
Imagens de divulgação aqui - Leia as orientações de
uso
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) -
Pinheiros SP
Metrô mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 –
amarela
Fone: 11 2245 1900
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