Tuberculose e alguns tipos de câncer, como o de colo do útero, podem estar com os dias contados, a partir de políticas públicas de prevenção e testagem em larga escala dos quadros populacionais
No mês de
abril, onde celebra-se oficialmente o Dia Mundial da Saúde, torna-se
imprescindível uma forte reflexão
sobre os cuidados e prevenção às doenças de maior incidência global,
responsáveis pelo impacto no bem-estar e qualidade de vida dos seres humanos.
Além de toda conscientização sobre os bons hábitos alimentares e a prática
constante de atividades físicas, a data configura uma ocasião propícia para
mobilizar governos e autoridades de saúde sobre as práticas adotadas
localmente, inclusive no que diz respeito ao rastreio de doenças previsíveis,
curáveis e que muitas vezes podem ser evitadas, como a tuberculose e alguns
tipos de câncer, entre eles, o de colo do útero.
A milenar tuberculose: estamos perto de sua erradicação?
Considerado um problema de saúde pública mundial pela própria OMS, a doença foi responsável por 1,6 milhão de óbitos em 2021. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, em 2021 foram 74.385 novos casos da doença, sendo mais de 5 mil deles, fatais – um percentual 11% maior quando comparado ao período de 2020. Em 2022, os índices de contaminação foram ainda maiores, ultrapassando o marco de mais de 78 mil novos casos.
“As metas de erradicação da tuberculose, que segundo a OMS deveriam ser
cumpridas até 2030, sofreram, de fato, um grande atraso em virtude da pandemia.
Tivemos casos subnotificados, redução na oferta e procura por diagnósticos e
tratamentos. Para que
esse objetivo seja cumprido, uma das medidas mais efetivas
de conter essa transmissão e sanar suas ocorrências se dá pelo diagnóstico e
tratamento precoces da tuberculose ativa e da prevenção reativa da patologia,
através do tratamento da infecção latente (ILTB), quando ainda não apresenta
sintomas”, destaca Paulo Gropp, VP da QIAGEN na América Latina,
multinacional alemã especialista em tecnologia
para diagnósticos moleculares.
Para fazer esse rastreio efetivo nos quadros
populacionais, o executivo destaca que um dos meios mais precisos, analisados e
recomendados pela OMS é o teste IGRA, ou ensaio de liberação de Interferon-gama.
“É um teste sensível, específico e objetivo, realizado
com uma pequena amostra de sangue e que requer apenas uma visita ao médico,
apresentando resultado rápido e seguro, com a precisão de testes laboratoriais.
O que talvez muitas pessoas não saibam e cabe a nós trazer essa
conscientização, é que esse tipo de exame está disponível à população
brasileira pelo SUS e em todos os planos de saúde”,
complementa.
HPV e o câncer de colo do útero
Considerado
o
terceiro tipo de
câncer mais comum entre as mulheres, excluídos os
tumores de pele não melanoma, o câncer de colo do útero tem entre seus principais causadores o vírus do HPV. De
acordo com dados do INCA – Instituto Nacional
do Câncer –, são esperados mais de 17 mil novos diagnósticos
da enfermidade ainda neste ano de 2023; um índice de risco
em torno de 13,25 casos para cada 100 mil mulheres.
“Uma das maneiras mais efetivas de diagnóstico é o monitoramento
frequente da presença do vírus no organismo. Embora 90% dos casos de HPV
representem uma contaminação transitória, onde o próprio sistema imunológico
consegue se defender, o risco aumenta quando a presença do patógeno prolonga-se
e acaba por gerar lesões no colo do útero, que se tornam feridas e evoluem de
forma maligna”, explica Gropp.
Além dos
exames mais comuns como a colposcopia e o Papanicolau, que identificam
alterações nas células do útero por diferentes causas, existe um teste
molecular muito mais sensível, capaz de detectar o DNA do vírus, antes mesmo do
surgimento da lesão inicial: a Captura Híbrida.
Embora o exame esteja disponível às mulheres
brasileiras apenas no sistema de saúde privado, ou seja, para mulheres que
possuem planos de saúde, o executivo destaca a importância dessa
disponibilidade a um número maior de pacientes, como as que fazem seus acompanhamentos
pelo SUS.
“Milhões de mulheres já realizaram a captura híbrida e muitas vidas já
foram poupadas pela contribuição dessa tecnologia. E é neste ponto que pedimos
a atenção das autoridades em saúde. O câncer de colo do útero é totalmente
previsível, os avanços tecnológicos têm nos ajudado com isso. É preciso fazer
uma profunda análise sobre o quanto diminuiria a sobrecarga do sistema público,
inclusive financeiramente, ao adotar essas ferramentas de prevenção e evitar
que novos casos de câncer sejam manejados. Os ganhos são ainda maiores para as
mulheres, que têm sua saúde física e mental poupadas, pelo fato de não terem
que enfrentar esse diagnóstico”, conclui Gropp.
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