De acordo com uma
pesquisa divulgada pela Anbima, o desejo de comprar a casa própria ficou, pela
primeira vez, atrás da intenção de criar uma reserva de emergência
Preço do litro da gasolina chegando ao patamar de R$7,00, gás de cozinha
mais caro, itens básicos do supermercado atingindo valores altíssimos e a
bandeira de conta de luz subindo para 50%. Com todas essas mudanças
acontecendo, os brasileiros já começam a pensar em alternativas para conseguir
ter uma economia de emergência para não passar aperto. Tanto que, pela primeira
vez, o desejo de comprar a casa própria ficou atrás da intenção de criar uma
reserva de emergência.
É o que mostra a quarta edição da pesquisa “Raio X
do Investidor”, elaborada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha. Segundo o
levantamento, 27% dos entrevistados disseram que vão reservar o dinheiro
guardado em 2020 para uma situação de emergência, um aumento de 10% se
comparado com o ano de 2019.
Desde a primeira edição da pesquisa, a compra de um
terreno ficava sempre em primeiro lugar, porém, esse ano caiu, e só 26%
disserem que a economia será para comprar um imóvel, sendo que em 2019 esse
percentual era de 35%. “Por ser um período de incertezas, os brasileiros
costumam ter receio de que algum imprevisto aconteça e fiquem sem uma reserva
de emergência para pagar as contas”, explica o educador financeiro Tiago Cespe,
fundador da Cespe Educação Financeira.
Apesar de parecer algo simples, iniciar uma reserva
de emergência não é algo tão fácil para quem não está acostumado abrir mão de
certos gastos que fazem parte da rotina ou até mesmo para aqueles que costumam
comprar tudo com cartão de crédito. “Para guardar dinheiro é necessário ter disciplina
de modo a não correr o risco de ficar usando as economias para pagar pequenas
despesas aleatórias que são capazes de reduzir drasticamente a quantia
reservada para uma emergência”, explica Cespe.
Para quem está querendo aprender mais sobre como
conseguir criar uma reserva de emergência, ou até mesmo como despertar o hábito
de guardar dinheiro, o educador financeiro explica alguns tópicos fundamentais
para garantir uma economia eficiente e sem traumas, confira:
- Colocando tudo no papel
Com a correria do dia-a-dia, ninguém consegue
analisar com calma os gastos que acabam passando despercebidos na rotina. Para
conseguir ver com clareza esses valores, o ideal é criar uma planilha e listar
tudo o que se consome em um dia, uma semana ou em um mês. Isso pode ser feito
tanto em um caderno ou até em uma planilha do excel, o importante é ter tudo
anotado, mesmo que seja um valor considerado irrelevante.
- Analisando os gastos
Após elencar em uma planilha todos os gastos, agora
é o momento de analisar aquilo que nós gastamos sem necessidade. Sabe aquele
café da manhã de padaria, caprichado? Então, será que é mesmo necessário todo
dia fazer esse tipo de refeição fora de casa? E o jantar no final de semana no
restaurante badalado, será que não pode ser substituído por um encontro em
família ou com os amigos? O importante aqui é cortar aquilo que passa
despercebido e que não é necessário ser feito com frequência.
- Cuidado com o débito automático
Você decide se matricular em uma academia e para
facilitar coloca o pagamento em débito automático. Acontece que o seu projeto
verão durou apenas uma semana e você parou de ir à academia, porém, esqueceu de
cancelar o contrato e acabou pagando três meses consecutivos sem ter colocado
os pés mais do que cinco vezes no estabelecimento. Sim, essa é uma situação que
acontece com frequência, portanto, cuidado na hora de colocar as mensalidades
no débito automático para não ter prejuízos.
- Conheça sua realidade financeira
O cartão de crédito ajuda bastante na hora de
comprar um celular de última geração ou até mesmo no momento de comprar um
carro mais moderno, mas esses itens fazem mesmo parte da sua realidade
financeira? Sim, quanto mais caro for um produto eletrônico ou automóvel, maior
será a conta no momento de pagar pela manutenção ou conserto de alguma peça,
portanto, esqueça o hábito de ostentar e compre apenas aquilo que você pode
pagar.
- Atenção com as compras
online
A pandemia acabou impulsionando um hábito que se
popularizou nos últimos tempos, mas que ganhou ainda mais força nesse período:
as compras online. Quando você busca um produto em um site de pesquisas, esse
site irá te indicar sempre lojas parceiras da empresa. Porém, nem sempre os preços
são os mais acessíveis, portanto, bloco de notas aberto para analisar loja por
loja. Outra dica é que se for um produto realmente necessário e utilizado com
frequência, comprar mais de uma unidade pode ser mais vantajoso, até para
economizar no frete.
- Delivery com moderação
Nunca utilizamos tanto aplicativos de comida
delivery como agora. Prático e fácil, ajuda bastante naquele dia que ninguém
quer cozinhar. Mas é necessário usar esse serviço com moderação para não se
assustar com a conta no final do mês. Cozinhar também pode ser uma terapia
bastante prazerosa, então, ao invés de pedir aquele lanche caprichado no
restaurante, cozinhe com a família ou os amigos.
- Atenção com a água e com a luz
Deixar a televisão ligada sem qualquer pessoa
assistindo, banhos que duram 30 minutos e deixar todas as luzes acessas mesmo
que não haja pessoas nos cômodos. Sim, isso acontece com muita frequência e
acaba passando despercebido. Portanto, atenção no controle do uso da água e da
luz para não ter uma surpresa com a conta do mês.
Cespe
Educação Financeira