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quinta-feira, 29 de julho de 2021

Superendividamento: responsabilidade inversa para as empresas

Com o objetivo de prevenir e dar tratamento a situações de superendividamento, recentemente foi publicada a Lei nº 14.181/2021, inserindo artigos no Código de Direito do Consumidor (CDC). O superendividamento é a "impossibilidade manifesta de o consumidor, pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo sem comprometer seu mínimo existencial".

Antes dela, tínhamos elencados no artigo 6º do CDC nove direitos básicos do consumidor. Com a sanção da referida lei, foram adicionados ao artigo 6º os incisos XI, XII e XIII, os quais trazem a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira, prevenção e tratamento de situações de superendividamento, a preservação do mínimo existencial e a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida. Além disso, também foi adicionado um capítulo específico: o Capítulo VI-A, sobre a Prevenção e o Tratamento do Superendividamento.

A construção da lei foi baseada no modelo francês que trata sobre o tema, em detrimento do outro modelo existente, o americano. Esse último considera que se o fornecedor de produtos ou serviços contribuiu para o superendividamento do consumidor, a dívida será extinta, valorizando a reconquista do seu poder de compra.

A lógica do pensamento americano é que se o superendividado puder continuar comprando, todo o sistema econômico também ganha: as empresas são remuneradas, aumenta a quantidade de empregos e há o recolhimento dos impostos. No Brasil foi adotado o modelo francês: o consumidor arca com a sua dívida, porém, deve ser garantido o mínimo existencial.

Observando os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que demonstram que o número de famílias endividadas o Brasil alcançou o patamar de 69,7% em junho – maior percentual desde 2010 -, percebeu-se a necessidade da adoção de institucionalizar pela lei o tratamento da situação do consumidor superendividado, afim de se buscar um maior equilíbrio na economia: se o consumidor está endividado, não conseguirá manter o seu poder de compra, as empresas também não lucram, aumenta o desemprego e não há queda substancial na arrecadação de impostos.

O princípio do mínimo existencial é um dos pontos mais relevantes da atualização do CDC, tanto que os incisos XI e XII do artigo 6º o define. Assim, no momento da repactuação, o mínimo existencial deve ser garantido para preservar a dignidade da pessoa humana, ou seja, o consumidor pagará a dívida, mas com direito a um mínimo de subsistência.

O que deve ficar claro para as empresas é que o objetivo não é proteger todos os tipos de consumidores. E sim, os que de boa-fé assumiram um compromisso sem a oportunidade de informação e sem o conhecimento de quão a sua renda será comprometida.

Por isso, é necessário diferenciar o superendividamento ativo do passivo.  O ativo é aquela pessoa que não consegue se controlar e realiza compras desordenadamente. Essa não terá a acolhida pelo CDC. Já o passivo é o consumidor que é levado ao endividamento pela ausência de informação, práticas educacionais ou pelas técnicas de marketing agressivas - a lei também passa a proibir qualquer tipo de assédio ou pressão para seduzir os consumidores.

Dessa forma, antes da nova lei, valia apenas o que estava no contrato, independentemente se o consumidor foi induzido a erro ou não. Ou seja, se havia obrigação de pagar, o consumidor, consequentemente, ficava em dívida e precisava arcar com os custos. Porém, hoje ocorre a responsabilidade inversa para as empresas: o risco é de quem empreende e não de quem consome, sendo observados sempre os deveres de informação e de educação ao consumidor.

Quando se fala em crédito responsável, educação e prevenção há a garantia da adequação da fase preventiva, ou seja, antes de conceder o crédito, a instituição financeira tem o dever de observar políticas públicas existentes, de informar para que o consumidor tome a decisão de forma consciente e que não haja endividamento excessivo por ausência de conhecimento.

Assim, percebe-se dois tipos de encargos aos fornecedores: o da prevenção (antes do ato da compra) e o da reparação. Primeiro, existe a obrigação de educar e informar, e caso ocorra o negócio jurídico sem se observar o cumprimento das medidas preventivas, o contrato poder vir a ser repactuado, ou seja, revisto.

Ademais, não é qualquer tipo de fornecedor que é obrigado a cumprir as novas regras. Os principais fornecedores são os bancos e as financiadoras. Dessa forma, a empresa não pode fazer empréstimo sem consultar serviços de proteção ao crédito, ou sem avaliar a situação financeira do consumidor.

A repactuação do contrato é uma das novas regras, o que significa que os consumidores terão direito a uma espécie de recuperação judicial, para renegociarem as dívidas com todos os credores ao mesmo tempo. Então, em caso de superendividamento, as primeiras perguntas serão se o consumidor foi devidamente informado, se houve a chamada educação financeira, e se ele estava consciente das condições da dívida assumida. Caso ele manifeste que não foram cumpridas as obrigações preventivas, será instaurada a apuração de culpa de quem o levou ao superendividamento.

O não cumprimento pelo fornecedor de produtos ou serviços que envolva crédito do mencionado de revisar ou repactuar o contrato conforme previsto no inciso XI do artigo 6º do CDC, terá como consequência a possibilidade do consumidor requerer a instauração de processo de repactuação de dívidas, pautado no desrespeito às garantias do crédito responsável, da educação financeira e da prevenção. A exceção é para aquela instituição financeira a qual respeitou o mínimo existencial do consumidor.

O Procon de São Paulo anunciou o lançamento de uma central para auxiliar os superendividados a renegociarem suas dívidas. O serviço, oferecido de forma online no site da instituição, entrará em funcionamento a partir de agosto de 2021. A central possibilitará uma maior agilidade e irá diminuir a burocratização, sem que seja necessária a contratação de um advogado para renegociar o débito.

Assim, percebe-se que com novos riscos para as empresas, há também demanda para novas medidas inovadoras, tanto para garantir sua reputação, como também para conseguir lidar com a quantidade de novas demandas que irão surgir. Uma das alternativas é utilizar a mediação online. Isso porque o mediador pode acolher com escuta ativa, e de maneira imparcial, o que levou o consumidor a contrair àquela dívida, e assim ajudá-lo junto com a empresa a chegar a um acordo. Tudo isso sem a necessidade de desgastes em sede administrativa, nos Procons, e em juízo.

Assim, quando a instituição for acionada em relação a casos de superendividamento, a empresa pode direcioná-los à mediação online, onde um mediador entra em contato com o consumidor e iniciam-se as negociações. Chegando a um consenso, o Termo de Acordo pode ser homologado dando respaldo legal para ambos os lados.

Dessa forma, ganha a instituição, que preserva sua imagem com o sigilo garantido pela mediação, e ganha o consumidor, sendo acolhido e ouvido na construção de uma solução para seu superendividamento de maneira mais humanizada. 

 


Ana Cristina Freire - sócia-diretora da Mediato Soluções de Conflitos Jurídicos, vice-presidente da Associação Brasileira de Mediação, Arbitragem e Conciliação (Abramac), advogada e administradora de empresas, especialista em Meios Adequados de Solução de Conflitos Humanos, e mestranda em Soluções Alternativas de Controvérsias Empresariais.


O "subemprego" nos Estados Unidos que vem salvando as famílias brasileiras

Eu vi uma matéria publicada em um grande veículo de imprensa que me chamou bastante atenção nos últimos dias. O texto traz uma análise sobre um mercado bastante em alta nos Estados Unidos, mas que o brasileiro insiste em chamar de subemprego, que são faxinas e tudo o mais que envolve o mercado doméstico.

Além disso, há também outro ponto que gerou certa polêmica nas redes sociais, que foi o fato de uma ex-participante de um programa de reality oferecer uma vaga de emprego para empregada doméstica, mas ela deveria fazer inúmeras tarefas. O desespero por este tipo de profissional era tanto, que ela chegou a oferecer até cinco mil dólares. Na prática, nos Estados Unidos não funciona bem assim. Cada um atua e executa em determinada função e o que a atriz queria era algo como ela tinha no Brasil.

E na América tem de tudo e oportunidade para todos, exceto nessa situação acima. Por isso, recebe diariamente uma enxurrada de pessoas carregando esperanças de dias melhores, de uma nova vida. E em meio a essa multidão estão os brasileiros. Excelente trabalhador, ele vai se virar ainda mais quando é imigrante e principalmente quando pisa nos Estados Unidos. Ele passa a trabalhar em dois, três, quatro, cinco empregos e se conseguir, até seis afinal é preciso ganhar dinheiro para viver e pagar as contas e é nessa ciranda que ele começa a entender que quanto mais se trabalha, mais se ganha porque o resultado começa a aparecer.

E é justamente isso que frustra no Brasil. As pessoas não conseguem enxergar o resultado do trabalho. Isso simplesmente não acontece, o dinheiro acaba antes do final do mês e aquilo que vai entrar não paga os custos. Essa é vida do brasileiro médio, que apenas sobrevive e quando precisa comprar algo, só o faz por meio do parcelamento, sobrecarregando o empresário que tem que lidar com compras a prazo, e aí é ladeira abaixo... juros, cheques especiais e cartão de crédito estourado. Haja esperança!

Todo esse cenário caótico tem servido como cartão de embarque para outros países e continentes. Muitos brasileiros têm conseguido viver, viajar, pagar as contas se valendo dessas ocupações consideradas erroneamente de subempregos. Vou dar um exemplo, se você quer uma empregada doméstica ou faxineira, por exemplo, vai precisar desembolsar de 80 a 150 dólares para um trabalho de três horas e não estou falando de limpeza pesada, daquelas de esfregar rejunte, lavar banheiro como o pessoal no Brasil gosta. Refiro-me a apenas a passar pano, limpar por cima, arrumar uma cama ou outra e acabou. Precisa passar roupa? É à parte.

Quem encara tudo isso acaba tendo um modelo de negócio lucrativo em mãos porque essa mesma pessoa pode atender diversas casas em um mesmo dia, porque são três horas no máximo em cada residência, o que pode resultar em 240 dólares por dia. Em um mês, vinte dias trabalhando, são 4.800 dólares que ela pode ganhar por mês fazendo esse tipo de trabalho. Com esse valor é possível sustentar, num padrão médio, uma família de três até quatro pessoas nos Estados Unidos e ter um ótimo poder de compra.

Mas se essa pessoa for casada, ajudar com uma segunda renda e ganhar aproximadamente mais 4 mil dólares, estamos falando em quase dez mil dólares por mês familiar, ou seja, esse padrão de vida sobe muito e, além disso, vai permitir uma sobra de caixa muito grande. Isso vai permitir pagar um aluguel de 2 mil dólares porque na maioria dos estados, você vai conseguir uma casa muito boa por este preço. Mais carro e outras coisas, vai acabar gastando próximo de seis mil dólares por mês para ter uma qualidade de vida muito boa para sustentar os dois filhos, manter o casal e, principalmente, ter uma perspectiva de vida.

Os brasileiros, ao se depararem com a evolução de quem tem a coragem de meter o pé na estrada, se frustram ainda mais, mesmo aqueles com diplomas de nível superior que, convenhamos, só serve para pôr na parede porque o mercado de trabalho está subvalorizando o profissional qualificado. Querem o melhor funcionário possível pelo menor preço e isso tem feito com que muitos brasileiros queiram sair do país e buscar melhor sorte em outros países.

Infelizmente o Brasil está perdendo muitos profissionais, sejam aqueles que são pouco qualificados, com diplomas ou até com mestrados e doutorados. A verdade é que todos querem, ou estão pensando, em deixar o país porque não estão encontrando a mínima possibilidade de progresso, de crescimento. Por isso, a busca desenfreada por alternativas. Para se ter uma ideia, só em fevereiro deste ano o nosso escritório recebeu mais de 300 solicitações e reuniões de famílias querendo saber como iniciar um processo migratório.

 


Daniel Toledo - advogado da Toledo e Advogados Associados especializado em Direito Internacional, consultor de negócios internacionais, palestrante e sócio da LeeToledo LLC. Para mais informações, acesse: http://www.toledoeassociados.com.br.  Toledo também possui um canal no YouTube com quase 115 mil seguidores https://www.youtube.com/danieltoledoeassociados com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender internacionalmente. Ele também é membro efetivo da Comissão de Relações Internacionais da OAB São Paulo e Membro da Comissão de Direito Internacional da OAB Santos.

 

Toledo e Advogados Associados

http://www.toledoeassociados.com.br

 

Lee Toledo Law

https://leetoledolaw.com/

 

Como economizar com combustíveis

Estratégias para economizar são sempre bem-vindas tanto pelas empresas como pelos consumidores. Mas definir a melhor forma de fazê-lo é um desafio, e isso se aplica à busca por menores gastos com combustíveis.

Um dos grandes desafios da gestão de frotas - ou dos utilitários nas casas dos brasileiros - é analisar a viabilidade das diferentes opções para abastecimento e garantir a utilização do combustível mais factível para as características dos veículos utilizados. É comum que surjam várias dúvidas sobre o potencial de economia da gasolina e do etanol.

 

Gasolina x etanol

Com os carros flex no mercado brasileiro, o planejamento de abastecimento de frotas pode ser flexibilizado. É importante analisar, além da variação de preço entre as diferentes opções nos postos, o desempenho do veículo com cada uma delas para fazer um bom planejamento e escolher o melhor tipo de combustível a longo prazo.

O etanol é vantajoso em trânsitos truncados, em que o carro anda um pouco e logo para novamente, pois tem melhor arrancada. Já com a gasolina o carro consegue andar mais quilômetros sem precisar de novo abastecimento.

O debate entre gasolina e etanol é também geográfico. Um e outro são mais vantajosos a depender do estado onde são consumidos. O ideal para tomar uma decisão é que seja feita uma análise mensal considerando os preços atualizados e avaliando o custo do quilômetro de cada combustível, além de uma revisão sempre que ocorrerem oscilações de preço, como por exemplo em períodos de entressafra.

Para calcular o comparativo entre os dois combustíveis, basta dividir o preço do etanol pelo da gasolina. É um processo simples e que não exige mais que uma calculadora: se a porcentagem do custo por quilômetro do etanol for menor que 75% (0,75) do valor da gasolina, compensa encher o tanque com o etanol. Se for maior, vale mais a pena escolher a gasolina. Historicamente, temos registros de estados onde o etanol permanece mais vantajoso em boa parte do ano, como Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso.

A gasolina, ainda assim, é o tipo de combustível mais usado em veículos no Brasil, e oferecida nos postos na opção comum ou aditivada. Nesta comparação, a opção aditivada é melhor porque, com seus componentes químicos adicionados, ela ajuda a limpar o motor, o sistema de combustível e os bicos injetores, resultando em uma melhora no desempenho e na eficiência do veículo.

A economia gerada pela gasolina aditivada é explicada pelo fato de que, quando o motor fica sujo, ele pode perder rendimento e aumentar o consumo de combustível.

 


Anelise Santos - Diretora de Rede da Ticket Log 


PIX E DARKWEB

  

O cotidiano das pessoas ficou mais digital. Para os que têm acesso a internet comprar online, se comunicar, interagir e ver pessoas somente permaneceu possível com a pandemia por conta da internet e a integração digital. Com as restrições de circulação, o comércio digital se tornou uma realidade e com isso, os criminosos aproveitam do maior tempo online do consumidor e consequente aumento das transações digitais para aplicar golpes financeiros.


Com o lançamento do PIX além dos usuários, os golpistas se aproveitaram da nova ferramenta. A criminalidade organizada percebeu que o PIX poderia ser um excelente negócio para o mundo do crime e suas variantes, especialmente na Darkweb. Portanto, não tardou para que os golpes envolvendo o PIX se desenvolvessem.


Segundo dados do Banco Central, até começo de abril, mais de 206 milhões de chaves PIX foram cadastradas através de mais de 75 milhões de usuários em 133 milhões de contas. O volume de dinheiro salta aos olhos pois, segundo o BC foram mais de 328 milhões de transações que movimentaram mais de R$238 bilhões de reais, o tíquete médio das operações chega a R$750, o PIX representa 8 em cada 10 transferências.


O PIX é seguro? A resposta é simples: o PIX é tão seguro como qualquer outra transação bancária. Se a operação com o PIX é segura, então, onde está o perigo? No usuário, afinal, através dele é que são feitas as transferências, portanto, atacar o dono da chave resulta em potencial transferência de toda a quantia disponível em sua conta corrente. O que outrora era feito através de sequestros relâmpagos, com a obrigação dos usuários fazerem saques, agora se simplifica. E, como o PIX pode ser cadastrado através de contas digitais, os criminosos se utilizam dessas facilidades e da falta de verificação e proteção das instituições financeiras não tradicionais para serem os destinatários finais dos golpes.


Neste cenário a Darkweb é um local oculto e de entrada exclusiva com convite para acesso específico, protegido dentro do universo da Deepweb, local em que somente quem possui conhecimento mais avançado de informática consegue trafegar digitalmente através de navegadores específicos como I2P, Tor, Freenet e outros poucos. O caminho e as possibilidades de esconder seu endereço IP protegem as atividades ilícitas da Darkweb que, segundo a Interpol, superam 57% do total das práticas desse universo.


Se o criminoso está protegido, não se pode dizer o mesmo do usuário comum da internet: IP sem proteção, firewall de fácil acesso, computador com dados pessoais, senhas, páginas recorrentes com dados salvos e, para muitos, com dados bancários armazenados em páginas de compras usuais, as mesmas fragilidades podem ser percebidas em seus tablets e celulares. Praticamente um convite à ilicitude.


As modalidades mais comuns de golpes envolvendo o PIX têm sido através de Phishing, seja por e-mail ou WhatsApp, com o objetivo de captar senhas e dados bancários, além da invasão de dispositivos móveis e clonagem deles. O PIX, por ser uma modalidade nova, ainda não tem a proteção adequada e, tampouco, meios fiscalizatórios de controle. 



 

Antonio Baptista Gonçalves - Advogado, Pós-Doutor, Doutor e Mestre pela PUC/SP e Presidente da Comissão de Criminologia e Vitimologia da OAB/SP – subseção de Butantã.


A volta às aulas e a redação "Minhas Férias"

Sem nenhum grande esforço de memória, certamente, é possível lembrar da tradicional redação intitulada "Minhas Férias", quase sempre solicitada pelos professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental, embora também não seja rara inclusive no Ensino Médio.

Pois bem, como estamos próximos de um novo mês de agosto, vivenciando ainda a pandemia da covid-19 e prestes ao tão esperado retorno às aulas, depois de meses de expectativa e incertezas quanto ao "day after" ou ao "month after", tenho uma curiosidade: Qual será o título da redação a ser solicitada pelos professores neste retorno? Um retorno com cara de volta de férias, mas sem as mesmas experiências do retorno às aulas, anterior à pandemia. Afinal de contas, quem teve férias? Todos os dias parecem ser iguais, de segunda a segunda - talvez, exceto o domingo - os dias deixaram de ser diferentes entre si, de ter características singulares, pelo menos, é o que muitos disseram e continuam a dizer durante estes mais de dezoito meses atípicos para todos nós.

Sei que alguns podem até me questionar neste momento, quanto a este meu interesse ou curiosidade acerca do título da redação a ser solicitada no próximo retorno às aulas, porém, antes da crítica, me antecipo para dizer que minha curiosidade não é propriamente sobre o título da redação, até porque utilizei esta provocação muito mais como uma metáfora do que um significado estrito. Na verdade, minha curiosidade, inclusive ansiedade, é sobre a forma com a qual nossas crianças e adolescentes serão recepcionados pelos professores e demais profissionais da educação nesta volta às aulas.

Tenho reiterado ao longo de todos estes meses de que, acima de qualquer preocupação com relação às diferentes atividades sociais, está a preservação da vida. Sem o cuidado para com a vida e, particularmente, para com a saúde das pessoas, as demais preocupações se tornam insignificantes. Tudo é possível recuperar, menos a vida perdida.

Como educador e formador de professores, sou um grande defensor da Escola, pois considero que sem ela a sociedade fica incompleta. A Escola é uma das instituições que entendo ser indispensáveis na formação de todo ser humano e em nenhum momento deve ser preterida. Sem escola, creio ser impossível o pleno desenvolvimento da pessoa humana, para torná-la um futuro cidadão competente, ético e eficiente. Sempre defendi e continuo a defender que, dentre estas instituições, Escola e Família são as que devem atuar em cumplicidade, por isso, fiz esta provocação neste início de um novo semestre letivo. Com a metáfora da redação "Minhas Férias", a rigor, quero perguntar: como pais e professores se comportarão neste retorno?

Durante este ano e meio de pandemia, muitas foram as informações desencontradas, sem fundamentação científica, com opiniões divergentes, sobretudo por parte de nossos dirigentes nacionais, que em vez de promoverem uma ação coletiva, com embasamento técnico e científico, com a união dos diferentes níveis de governo, optaram por impor posições pessoais, que pouco contribuíram para a superação da crise. Pessoas fora da área da saúde orientando sobre medicamentos, outras, fora da área da educação, recomendando ações sem consistência pedagógica, com isto, a nação ficou sem um plano efetivo para se vencer a crise, além de perder até aqui mais de meio milhão de pessoas, muitas das quais em plena produção.

Agora, entende-se que já é possível retornar às atividades escolares presenciais, sobretudo no âmbito da Educação Básica, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Também entendo ser possível pensar neste retorno, já no início de agosto próximo, porém, em que condições e como será? Retomando minha metáfora: qual será o título da redação a ser solicitada pelos professores? Será "Minhas Férias"?

Saindo da metáfora e voltando ao cerne da questão, de como se dará o retorno às atividades escolares neste segundo semestre de 2021, trago à tona meus comentários feitos há alguns meses, sobre como deverá ser esta retomada.

Primeiramente, devemos evitar o "efeito sanfona", do abrir e fechar. Nossas ações devem ser rigorosamente pensadas e planejadas, para que isto não venha a ocorrer. Por isso, deve ficar bem claro que o planejamento deve ser feito por quem entende de Educação, juntamente com os beneficiários, ou seja, alunos e pais de alunos, e sem pressa pela reposição das perdas. O objetivo não deve ser de uma superação rápida das perdas ocorridas, no tocante a conteúdos que deveriam ter sido aprendidos e, infelizmente, não o foram, mas de uma superação por meio de um planejamento de reposição paralela, dos conhecimentos não obtidos, juntamente com os previstos no currículo tradicional.

Tenho acompanhado diversas escolas particulares, que estão trabalhando neste sentido, há alguns meses, e estou muito animado e esperançoso quanto ao bom resultado a ser atingido. Entretanto, esta práxis não é regra, pois também tenho visto ações alternativas, sem consistência, especialmente nas redes públicas de ensino, onde as condições físicas e tecnológicas das escolas são muito desiguais, o que impede a execução de uma ação uniforme.

Neste sentido, penso que professores, dirigentes escolares e pais, devem estar unidos, em busca da elaboração deste Plano de Reposição, independentemente do prazo que se estabeleça. Afinal, o mais importante na vida destes alunos é que, ao final do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, respectivamente, o adolescente esteja pronto para prosseguir sua vida escolar com o conhecimento necessário para as próximas etapas.

Mesmo assim, penso que o professor que quiser solicitar aos seus alunos a redação "Minhas Férias", poderá fazê-lo sem nenhum problema. Não vejo nenhum mal.

 


Ítalo Francisco Curcio - doutor e pós-doutor em Educação, além de pesquisador no curso de Pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).


Ipiranga oferece vacinas e check-up de saúde gratuitamente em São Paulo

Divulgação 
Junto ao atendimento de saúde, programa Saúde na Estrada distribuirá ainda kits de higiene


No dia 30 de julho, a Ipiranga oferecerá vacinação e exames de saúde variados de forma gratuita para caminhoneiros, motoristas e viajantes na rodovia que passa por São Paulo no município de Presidente Venceslau. Haverá também check-up básico de saúde (glicemia, pressão e visão), distribuição de folhetos com orientações de prevenção ao COVID-19, completando o atendimento no estado, com consultas realizadas sempre das 8h às 17h pelo programa Saúde na Estrada.

O público poderá realizar o teste da balança de bioimpedância para uma análise completa da avaliação de peso corporal, além do IMC (Índice de Massa Corporal), exame que possibilita detectar dados como taxa metabólica, quantidade de água no corpo, massa livre de gordura, controle de gordura e músculos, entre outros indicadores corporais. A partir de 2020, o programa foi adaptado para apoiar no combate à pandemia da Covid-19, a partir da distribuição de kits de higiene, realização de testes rápidos e aplicação de vacinas contra diversas doenças em parceria com secretarias municipais de saúde. As instalações têm capacidade de atendimento de 1.000 pessoas por dia, das 08h às 17h.

A ação acontece na Zona Rural de Presidente Venceslau. Além dos caminhoneiros e viajantes, moradores das comunidades e regiões próximas aos postos também poderão ser atendidos de forma gratuita.

"No ano passado, o Saúde na Estrada, programa que sempre nos encheu de orgulho, se mostrou uma peça ainda mais estratégica no atendimento à população e no impacto positivo da Ipiranga na sociedade. Alcançamos números impressionantes na disponibilização de serviços de saúde ao público em um momento extremamente delicado - que ainda vivemos. Com essa nova temporada, reforçamos nosso compromisso de parceria com os caminhoneiros e com as comunidades que estão à nossa volta e que são presentes no dia a dia de nossas operações", disse Sidnei Braz, Gerente Executivo de Negócios Rede|Rodovia da Ipiranga.

A estrutura instalada para atender os trabalhadores será a do Saúde na Estrada, programa social da Ipiranga que, há mais de 10 anos, oferece exames e atendimento médico gratuito para caminhoneiros em todo o Brasil. Mais de 550 mil pessoas já foram atendidas.

Para a vacinação nas estradas e a distribuição dos kits de higiene, todas as precauções estão sendo devidamente seguidas conforme as orientações da OMS. O cuidado com a saúde e a segurança dos participantes e da equipe de apoio será redobrado, com o uso de aventais descartáveis de manga longa TNT 40, máscara de Proteção Facial confeccionada em Policarbonato e Acrílico Cristal, com espessura de 0,5 mm e respirador Facial PFF2 profissional, além dos equipamentos já utilizados normalmente na operação do Saúde na Estrada.

O Programa ainda realiza a distribuição de material informativo que promove a saúde e a prevenção de doenças, com dicas para o profissional da estrada viver melhor. Além disso, os caminhoneiros recebem orientações de conscientização sobre a violência sexual de crianças e adolescentes nas estradas. Essa ação vai ao encontro de uma atitude adotada pela companhia.

A Ipiranga é signatária do Pacto na Mão Certa, que tem como objetivo promover campanhas para acabar com a exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras. O programa cumpre com todas as medidas de prevenção à Covid-19 estabelecidas pelo Ministério da Saúde, a fim de assegurar a segurança e saúde de voluntários e participantes.


SERVIÇO

30 de julho de 2021

Posto Aldo Presidente Venceslau Ltda

ROD RAPOSO TAVARES KM 620

Presidente Venceslau- SP


Abramet alerta para o aumento dos sinistros com motocicletas

Impulsionada pelo preço módico e baixo custo de manutenção, a motocicleta assumiu protagonismo no trânsito brasileiro: presença maciça nas vias em todo o País, esse veículo também ganhou participação relevante nos indicadores de sinistros, exigindo a formulação de ações educativas e abordagens que estimulem maior conscientização da população, com vistas a fortalecer o esforço de preservação da vida no trânsito. Para contribuir nessa discussão, a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) mobilizou um grupo de especialistas renomados e publica o artigo inédito "A motocicleta no Brasil do século XXI", com um panorama sobre a presença da motocicleta e indicadores de sinistros a ela associados.

"Esse artigo é uma contribuição qualificada, e inestimável, que a Abramet oferece não apenas ao médico do tráfego, mas à sociedade brasileira como um todo. Só poderemos enfrentar os graves riscos desses veículos, conhecendo em profundidade os dados", avalia do dr. Flávio Emir Adura, diretor científico da Abramet. "A motocicleta ganhou relevância no trânsito brasileiro e precisamos estar sempre atualizados sobre esse tema. É esse o papel abraçado pela Abramet desde a sua fundação, há 40 anos".

Dados oficiais indicam que o número de motociclistas cresceu 54,3% entre 2009 e 2019 no Brasil: 33.024.249 milhões de brasileiros estão habilitados na categoria A, ou combinando as categorias AB, AC, AD e AE, o equivalente a 44,7% do total de portadores de Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Essa expansão alcança também a presença de motocicletas nas vias brasileiras: a frota de motocicletas quase dobrou nesse período, saindo de 15 milhões de unidades em 2009 para mais de 28 milhões dez anos depois.

Assinado pelos pesquisadores doutores Maria Helena P. de Mello Jorge, Áquilla dos Anjos Couto e Pedro Manoel dos Santos; o documento analisa a morbimortalidade de ocupantes de motocicleta, pedestres e ciclistas atropelados por este tipo de veículo no Brasil, de 2000 a 2019. O artigo também busca iluminar o panorama desse tema em cada unidade da federação. Para a análise, os especialistas avaliaram toda a categoria motocicleta, que inclui não apenas a moto, como também as motonetas, os triciclos e quadriciclos motorizados, entre outros. Tais veículos carregam semelhança nos riscos de sinistros a que seus usuários estão expostos.

"O trabalho mostra com detalhes quais as áreas são mais vulneráveis, quem são as vítimas e os tipos de acidentes mais comuns. Fornecendo, portanto, elementos para que os gestores das áreas da segurança viária e da saúde possam investir na sua prevenção", comenta a dra. Maria Helena. O artigo ressalta que a relevância do tema é evidenciada pelos esforços que vêm sendo empreendidos nos últimos anos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização das Nações Unidas (ONU), inclusive, com o plano Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020). "Estudos mostram queda nas taxas de acidentes de trânsito de todos os tipos, com exceção daqueles envolvendo motociclistas. Sentimos, então, que era chegada a hora de focar nesse problema em todo o País", explica a especialista.


PANORAMA NACIONAL - Os dados evidenciam a gravidade e complexidade desta questão, com altas taxas de mortalidade em sinistros com motocicletas, em oposição à queda nos de trânsito em geral; elevados números, sem sinais de declínio, de internações hospitalares de vítimas deste tipo de sinistro; aumento contínuo da frota deste tipo de veículo; e heterogeneidade na distribuição das taxas de mortalidade e de internação entre as regiões do Brasil.

O levantamento investiga os dados oficiais do Brasil, atualizados em 2019, relativos: à frota, à mortalidade e às internações hospitalares, além de atendimentos em serviços de emergência. São analisadas, ainda, as lesões segundo segmento corpóreo afetado, promovendo uma estimativa das sequelas, importante aspecto no que tange ao estudo dos sinistros. "Um estudo como esse é de extrema relevância, visto que, apesar da multissetorialidade dos sinistros de trânsito, o maior ônus se impõe ao campo da saúde, gerando gastos elevados e piora nos seus indicadores", comenta Adura.

Os dados que baseiam a pesquisa são provenientes dos sistemas oficiais de informação do Ministério da Saúde: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS) e Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). Os números relacionados às mortes por sinistros de motocicletas evidenciam a amplitude desta problemática. Nos primeiros anos deste século, correspondiam a aproximadamente 10% do total de sinistros de trânsito. E, em 2017, representaram cerca de 35%.


PERFIL DAS VÍTIMAS - Neste trabalho, são apresentados os dados de mortalidade por sinistros de trânsito quando a vítima é motociclista, relacionados ao Brasil, regiões e unidades da federação, de 2000 a 2018. No material, destaca-se o ano de 2011, que é tido "como parâmetro para analisar os possíveis declínios/ascensões de seus valores, tendo em vista o Brasil participar do acordo internacional que considera esse ano como limite inferior da chamada Década de Ações visando à Segurança Viária".

Um dos pesquisadores responsáveis pela pesquisa, dr. Áquilla dos Anjos Couto, enfatiza esta mudança no perfil das vítimas, nos últimos anos, com o predomínio dos usuários de motocicleta. Segundo ele, o artigo tem justamente a proposta de fortalecer a missão da Abramet em relação à preservação da vida e à mitigação do sofrimento no trânsito.

"No âmbito social, é estimado que a cada paciente hospitalizado, oriundo de sinistralidade de trânsito, no mínimo quatro pessoas próximas são diretamente impactadas: acompanhante de internação, suporte familiar, auxílio financeiro, custeio de medicamentos, período de reabilitação e possível reorganização dos hábitos cotidianos para sequelas permanentes", detalha.

A pesquisa revelou, quanto à distribuição dos óbitos de motociclistas por sexo, uma nítida preponderância do sexo masculino (88,7%), com taxa de 10,6 por cem mil habitantes. Enquanto no sexo feminino, a mortalidade proporcional foi de 11,3%, com taxa igual a 1,3 por cem mil mulheres, evidenciando o maior risco a que os homens estão sujeitos.

A distribuição das ocorrências segundo idades, de acordo com o levantamento, mostra o predomínio do grupo de adultos jovens (20 a 39 anos), que correspondeu a mais da metade do total de óbitos (3.699 na faixa 20 a 29 anos e 2.766 mortes entre 30 e 39 anos, totalizando 56,3%). Entre 40 a 59 anos, houve 3.025 mortes; entre os adolescentes, 10,5%; e no grupo dos idosos, 734 (6,4%).


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA - Considerando a distribuição pelas regiões, constata-se que as taxas mais elevadas de mortalidade estão no Norte, Nordeste e Centro Oeste, respectivamente com 8,1, 8,4 e 7,7 óbitos de motociclistas para cada 100 mil habitantes. Uma possível explicação é que exatamente nesses locais há menos fiscalização quanto à velocidade, uso de equipamentos de segurança e maior número de pessoas dirigindo sem habilitação.

Os resultados do levantamento mostram que os esforços dispendidos no Brasil para diminuir as taxas de morbimortalidade por sinistros de trânsito começam a apresentar seus efeitos visto que o número de vítimas fatais dá sinais de declínio desde 2015. O artigo ressalta que o Ministério da Saúde avalia haver evidências de que a implantação de leis mais rígidas, como o Código de Trânsito Brasileiro e a chamada Lei Seca, pode ter sido um dos fatores responsáveis pela redução significativa da mortalidade medida para todos os tipos de vítimas.

Entretanto, os pesquisadores acreditam que essa repercussão positiva não é notada nos casos em que a vítima é motociclista (condutor ou passageiro). Para mudar este cenário, os pesquisadores afirmam que a prevenção é o principal caminho. "Precisamos aplicar isso desde a prevenção primária, para evitar que os acidentes ocorram; passando pela secundária, fornecendo meios para que as vítimas possam ser bem assistidas; até a prevenção terciária, que objetiva a recuperação/reabilitação das pessoas com sequelas, para que elas possam retornar às suas vidas", explica dr. Pedro Manoel dos Santos, um dos pesquisadores responsáveis pelo artigo.


EDUCAÇÃO E FISCALIZAÇÃO - O artigo destaca, ainda, que o Denatran contabilizou, em 2019, no Brasil, a aplicação de 329.796 multas decorrentes da não utilização de capacete pelo condutor e 219.989 pelo não uso de equipamentos pelo passageiro. Sobre o uso do celular enquanto dirigem, foram aplicadas penalidade a 505.673 motociclistas. Sendo que, de acordo com a literatura, a distração causada pelo uso do celular consiste em quatro tipos diferentes de atuação: visual, auditivo, físico e mental; com aumento do risco de colisão em estradas em quatro vezes durante a condução.

No que tange à distribuição geográfica dessas mortes e internações, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste se destacam. A situação no Norte/Nordeste preocupa ainda quando se examinam os dados do DPVAT, que mostram que em mais de 80% dos benefícios pagos, os beneficiários eram vítimas de acidentes de moto.

Os pesquisadores concluem que, a partir dos dados coletados neste trabalho, o cenário grave demanda soluções urgentes. Eles entendem que, com mais informações, políticas públicas sejam postas em prática, a fim de que com fiscalização adequada, efetiva e constante, a meta de baixar esses números possa ser, finalmente, alcançada.

"Os dados levantados referentes à sinistros, internações e mortalidades são fundamentais para que o fluxo da tríade ‘problema-informação-ação’ seja efetivo. Isto é, que as ações postas em prática frente ao problema possam reverter em melhoria da saúde da população, uma vez que melhor informação leva sempre à maior qualidade na tomada de decisões", analisa dr. Aquilla dos Anjos Couto.


Substância da cannabis está permitida nas Olímpiadas de Tóquio

O Canabidiol foi retirado da lista de substâncias proibidas desde 2018, sendo a primeira vez que o seu uso não é mais considerado doping em jogos olímpicos. A substância possui efeitos anti-inflamatórios e potencial no controle da dor


As Olímpiadas de Tóquio estão com mudanças importantes. Entre elas, a permissão do uso do canabidiol (CBD) pelos atletas olímpicos. No Brasil, seu uso está condicionado a recomendação médica e autorização da Anvisa para importação do paciente.

O uso do extrato é permitido entre os atletas de alta performance, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. A Agência Mundial Antidoping (WADA) retirou o CBD da lista de substâncias proibidas desde 2018, por entender seus benefícios terapêuticos. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, edição deste ano, é a primeira que o uso da substância estará permitido. “O CBD possui potencial anti-inflamatório e auxilia no controle de dor. Estudos científicos comprovam esses efeitos, e as pesquisas com a substância são animadoras”, explica Pedro Alvarenga, médico da Ease Labs.

O canabidiol contribui com a melhora da performance dos atletas. “A alta demanda de jogos e provas é um desafio em todas os esportes. Nas Olímpiadas, as equipes são exigidas com performance de níveis altíssimos em um curto período de tempo de recuperação. Com a privação do tempo ideal de recuperação, o canabidiol se torna uma alternativa terapêutica para esse perfil de paciente``, comenta Pedro.

Segundo o especialista, a substância atua no sistema endocanabinoide, que regula uma série de processos fisiológicos como dor, inflamação e resposta muscular. Assim como em situações de elevado estresse físico, há um desbalanço na homeostasia (equilíbrio) do nosso organismo. A reestruturação desse equilíbrio auxilia no desempenho esportivo.


Uso medicinal

Com benefícios no tratamento de inflamações e dor, atletas também utilizam o canabidiol em lesões relacionada aos esportes. “Na alta performance, como é o caso dos esportistas olímpicos, os treinamentos são intensos e diários, o que requer uma recuperação rápida e eficaz. Com os potenciais farmacológicos do canabidiol, atletas utilizam para melhora dos sintomas pós exercícios. Além disso, alguns trabalhos mostram benefícios no controle e regulação do sono”, completa o médico.

O canabidiol (CBD) é uma das 400 substâncias da cannabis que tem grande valor medicinal. É uma das substâncias não psicoativas da Cannabis, ou seja, não causa alterações nas atividades cerebrais e não altera as sensações, o estado emocional e o nível de consciência.

“Apesar do CBD não ser psicoativo e não causar alterações no status comportamental e psiquiátrico, é uma substância para tratamento terapêutico. E assim, como qualquer tratamento médico, a recomendação e o acompanhamento devem ser indicados por médicos”, finaliza Pedro Alvarenga.

 

Matheus Leão


 

ESG no governo e na gestão pública

Essa é uma jornada coletiva por um mundo melhor, o futuro é nessa direção


A agenda ESG, sigla usada para se referir às melhores práticas ambientais, sociais e de governança, tem ganhado relevância nas discussões do setor privado, principalmente na pauta de investimentos. Nesse sentido, transformou-se em critério decisório para os players do mercado. A emergência climática, combinada com a pandemia, acelerou preocupações com esses critérios, que gradualmente passam a balizar a tomada de decisão sobre onde investir. Consequentemente, multiplicam-se as empresas que têm assumido compromissos com a descarbonização, com a diversidade do seu quadro de funcionários e com melhores práticas internas. Por um lado, temos a grande movimentação do setor privado. Por outro, o governo, sobretudo no Brasil, tem estado ausente das discussões. É preciso mudar isso.

Na reunião do Fórum Econômico Mundial de 2021 ficou claro que entramos na era do capitalismo de stakeholders. Os investidores agora se preocupam com todas as partes interessadas afetadas por seus negócios. Já não basta que as empresas gerem riqueza apenas para si próprias, é necessário que agreguem valor para seus funcionários, para a comunidade em que estão inseridas e para o mundo. Como resultado, investimentos levando em conta esses critérios ESG tornam suas marcas mais valiosas, ao mesmo tempo que beneficiam a sociedade e o planeta.

Contudo ESG não é um assunto da iniciativa privada. O setor público, por sua própria natureza, trabalha todos os dias com temas ESG por meio de suas ações. O que se espera dos governos é a criação das condições e regulações necessárias para incentivar investimentos e a adoção de boas práticas pelas empresas. Não só: os governos logo serão cobrados a incorporar os princípios ESG na forma de gerir o Estado. Em 2015 a ONU estabeleceu a Agenda 2030, com um conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que se desdobram em mais de uma centena de metas para que um país seja considerado sustentável, justo e próspero. Num exemplo de ação, a União Europeia vem de ditar o ritmo global sobre descarbonização. Em pouco tempo veremos outro grande passo, com a adesão maciça dos países a um dos grandes programas da COP-26, o Race to Zero.

São Paulo e o Brasil precisam não só se integrar a essas discussões, como engajar o setor privado para que tenhamos clareza acerca dos custos e sobre quais ferramentas deveremos adotar para nos moldarmos à economia do futuro. Nossa missão hoje é integrar o setor privado, e líderes e especialistas, na agenda ESG para que sejamos parte dessa negociação global.

Na InvestSP já iniciamos esse trabalho. A agência, que atua na atração de investimentos e melhoria da competitividade do Estado de São Paulo, há anos, demonstrando resultados positivos, agora se volta para a pauta ESG, garantindo os melhores investimentos e as melhores práticas no Estado. O grande desafio será lançar nos próximos meses um plano de implementação e monitoramento ESG para o Estado de São Paulo, como um grande indutor dessa agenda. Com base internacional, já em andamento, serão estabelecidas metas estratégicas e um guia com as condições necessárias para a adoção de boas práticas que orientarão não só o setor privado, mas o próprio governo, que precisa incorporar, em sua totalidade, o ESG no dia a dia da administração pública.

Esse é o caminho para multiplicar o impacto da agenda ESG no Brasil e com isso atrair investimentos que reforcem positivamente essa agenda, tornando-nos mais competitivos em escala global. Vale lembrar que, em 2020, pela primeira vez os investimentos em energias renováveis (eólica, solar, biomassa e outras) superaram o volume de investimentos em energias fósseis, como óleo e gás (US$ 87,2 bilhões ante US$ 45,2 bilhões, segundo o fDi Report 2021) no mundo.

Certamente São Paulo não parte do zero, pois o Estado já tem uma série de iniciativas aderentes à pauta ESG. Desde o início do governo Doria, houve grande preocupação em implementar iniciativas na agenda ambiental, social e de governança. Não são poucos os exemplos: hoje atingimos o status de Estado com desmatamento zero; temos o maior programa de restauração ecológica do mundo, o Agro Legal, que restaurará mais de 800 mil hectares de vegetação nativa; trouxemos um sistema de transparência para a gestão pública, o SP Sem Papel; criamos o maior programa social da História de São Paulo, por meio do Bolsa do Povo; fizemos a licitação da rodovia Piracicaba-Panorama, a primeira carbono zero do País.

Como se diz, o ESG é uma jornada coletiva em favor de um mundo melhor. O futuro é nessa direção. Para se manterem competitivos e capazes de atrair investimentos que ajudem a construir esse novo mundo, é fundamental que os governos não fiquem de fora do debate a respeito do ESG. Assim, aos poucos, conjugando os esforços do setor público e do setor privado, será possível construir um futuro mais sustentável, diverso e justo.


Gustavo Diniz Junqueira e Henrique Meirelles, O Estado de S.Paulo - RESPECTIVAMENTE, PRESIDENTE DA INVESTSP E EX-SECRETÁRIO DE AGRICULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO; E SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Detran.SP emite 1.566 habilitações para estrangeiros este ano e orienta como registrar CNHs de outros países em São Paulo


O início do processo é ter uma habilitação estrangeira dentro do prazo de validade; veja o passo a passo


O Estado de São Paulo recebe, com frequência, cidadãos de outros países que vêm ao Brasil trabalhar, estudar, morar ou até mesmo se refugiar diante de crises humanitárias. Muitos deles já são habilitados em seus países e também precisam dirigir por aqui. Somente em 2021, 1.566 habilitações para estrangeiros foram emitidas pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP), de um total de 223.842 CNHs válidas registradas em todo o Estado.

 

E de que maneira esses condutores devem proceder para tirar suas habilitações? O Departamento de Trânsito orienta como os motoristas gringos podem adquirir seu direito de dirigir no território brasileiro.  

 

O primeiro passo é ter uma habilitação estrangeira dentro do prazo de validade. Além disso, deve ter 18 anos completos, ser habilitado há mais de um ano e apresentar, além da habilitação com tradução juramentada, a Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM), Cédula de Identidade de Estrangeiro (CIE), Passaporte ou Cédula de identidade (para países do Mercosul acompanhados de protocolo CRNM e Certidão de Registro) ou protocolo de refúgio. Esses documentos também devem estar na validade.

 

A tradução juramentada da habilitação é dispensável nos casos em que o país onde o condutor foi habilitado tenha como idioma oficial a língua portuguesa.

 

Em seguida, ele pode agendar atendimento no Detran.SP por meio do portal do Poupatempo (www.poupatempo.sp.gov.br) e dar entrada no processo para obter a CNH brasileira. A relação completa dos documentos necessários para dar início ao procedimento está disponível em:

https://bit.ly/378lbZW 

 

Atenção: Caso o país do candidato não faça parte da Convenção de Viena ou não adote o Princípio de Reciprocidade com o Brasil, será necessário fazer a prova prática. Caso o condutor, durante o registro, seja avaliado pelo médico com alguma restrição entre “C” e “S” (restrições de banca especial), deverá efetuar o exame prático com carro adaptado, mesmo que sua habilitação estrangeira seja de país signatário ou com acordo bilateral.

 

A relação dos países presentes na Convenção de Viena e que adotam o princípio de reciprocidade com o Brasil está disponível no link:

https://bit.ly/378lbZW 

 

É importante destacar que para dar início ao processo de obtenção da CNH brasileira nas categorias C, D e E será exigida também a realização do exame toxicológico.

 

Os valores das taxas de exame médico, avaliação psicológica e emissão da CNH estão no site (www.detran.sp.gov.br), além de todo o passo a passo e demais orientações.

 

“O condutor estrangeiro tem os mesmos direitos e deveres dos brasileiros em relação ao trânsito. A validade da CNH é a mesma: pode ser de até dez anos, dependendo do exame médico, para idade inferior a 50 anos, cinco anos para os motoristas com idade entre 50 e 69 anos e três anos para os motoristas com idade igual ou superior a 70 anos. A validade da CNH pode ser reduzida com base no critério médico”, explica Raul Vicentini, diretor de habilitação do Detran.SP.


 

Motoristas brasileiros habilitados no exterior

 

Caso o condutor seja brasileiro e habilitado no exterior deverá comprovar que mantinha residência no país de sua habilitação por um período superior a seis meses a partir do momento da expedição da habilitação.

Para motoristas de países que fazem fronteira com o Brasil, além do Chile e Equador, a comprovação poderá ser realizada por meio de atestado, declaração ou certidão da autoridade consular do Brasil no respectivo país, conforme a Resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) 671/2017. 

Já no caso de condutores habilitados em países não-fronteiriços com o Brasil são aceitos para comprovação de residência habilitação estrangeira com emissão anterior a nova, acompanhada também de tradução juramentada, passaporte com carimbos de entrada do país da habilitação, certidão migratória emitida por consulado (brasileiro ou do país da habilitação), documentos oficiais emitidos pelo Brasil (como certidão de nascimento de filho, certidão de casamento), outros documentos estrangeiros que comprovem a residência desde que legalizados pelo consulado ou apostilados nos termos da Convenção de Haia.


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