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sexta-feira, 9 de julho de 2021

Pediatra explica a diferença entre gripe e resfriado

Freepik
Os nomes se confundem no ditado popular mas os conceitos são bem diferentes um do outro

 

A cada inverno que inicia os pais ficam receosos e com dúvidas: será que meu filho está com gripe ou apenas um leve resfriado? Os dois são processos inflamatórios e atingem as vias aéreas superiores, ou seja, nariz e garganta.

Os sintomas são parecidos. Até pouco tempo atrás, o termo gripe era usado para qualquer resfriado comum pela população em geral. No entanto, desde o surgimento da gripe H1N1 e mais recentemente com o coronavírus, essa diferença passou a ficar um pouco mais clara. A gripe tem sintomas mais fortes, dores de cabeça e apresenta um quadro viral mais importante, segundo o médico pediatra e associado da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), José Paulo Ferreira.

“Resfriados e viroses em geral acontecem. A criança fica uns dois ou três dias com o nariz um pouco trancado, se alimenta geralmente de forma mais irregular e depois passa. Casos mais leves em grande parte dos casos não é preciso um tratamento medicamentoso. Soro fisiológico no nariz é importante somado a hidratação e uma alimentação balanceada já ajudam”, explica.

Seja pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou pelo sistema privado, a vacina contra gripe é fortemente indicada para todas as crianças.

“Independentemente da idade é importante a criança se vacinar”, acrescenta José Paulo.

 


Marcelo Matusiak


A vacina, a falsa sensação de segurança e a realidade das UTIs

A vacinação da Covid-19 avança no mundo, a morte de idosos diminui e aumenta a sensação de que o pior da pandemia já passou. Seja pela exaustão da população que se manteve até agora isolada, pela necessidade de sair para trabalhar ou por acreditar que nas pessoas mais jovens o vírus é menos agressivo. O fato é que os cuidados e, principalmente, o isolamento diminuíram. Mas, por mais desanimador que seja, ainda temos algum tempo até podermos afrouxar de vez o distanciamento, o uso de máscaras e de álcool em gel. 

Muitos pensam que, pelos avós ou pais já estarem imunizados com as duas doses da vacinas, não tem problema o almoço de domingo com a família toda reunida, o filho adolescente ir na festinha do amigo e até mesmo tomar uma cervejinha enquanto curte o jogo do time do coração com a turma. Mas, infelizmente, não é isso que observamos nos hospitais. Os leitos das UTIs continuam lotados. O que mudou foi o perfil dos pacientes, mas a expressão de pavor diante do agravamento da doença e do medo de morrer é a mesma. 

Agora os pacientes são mais jovens. Nós nos enxergamos cada vez mais neles, que estão com os filhos pequenos em casa e a família em prantos. O corpo mais sadio, muitas vezes sem nenhuma comorbidade, luta com um vírus cada vez mais agressivo, que algumas vezes deixa cada um de nós, os profissionais da saúde, com a impressão que ainda não aprendemos a lidar com as facetas do coronavírus no organismo e suas complicações. Mesmo que nós tenhamos aprendido e lutado muito, o comportamento sem responsabilidade de alguns faz com que o vírus seja mais rápido e nos surpreenda sempre. E o tempo de internação acaba sendo ainda maior. Vemos pacientes que ficam semanas e mais semanas em um leito de hospital. 

Nesses 15 meses de pandemia, é difícil o profissional de saúde que ainda não tenha escutado a súplica pela promessa de melhora, da possibilidade de passar o próximo dia dos pais junto do seu filho, Natal com a família ou simplesmente para sair da intubação com vida. Nunca foi tão desafiador e exaustivo trabalhar em uma unidade de terapia intensiva. 

Os casos são cada vez mais graves e complexos. Muitas vezes os pulmões parecem pedras, devido à rigidez causada pela quantidade de fibroses. O momento certo para a extubação é uma incógnita. Cada vez mais recorremos a tratamentos extremos, que consideramos a última chance de respiro de um paciente, quando nos deparamos com o triste “é tudo ou nada”. 

E tudo na Covid-19 é muito difícil. Não ter a liberdade de ir e vir para cumprir a rotina diária é desgastante. Não poder encontrar os amigos é complicado. Trabalhar na saúde está pesado. Lembre-se disso, mesmo no momento de tomar um café com o colega que está de máscara diariamente trabalhando com você. Muitas vezes é nesses minutos que acontece o contágio. 

É desafiador, mas precisamos ter um pouco mais de paciência. Porque, se por um lado, o número de atestados de óbitos que assinamos nos hospitais aumentou, por outro, continuamos presenciando os casos de superação da doença, de milagres que assistimos todos os dias. Essa pandemia vai acabar, mas, para isso, cada um precisa assumir a sua responsabilidade e fazer a sua parte.

 


Jarbas da Silva Motta Junior - médico intensivista e coordenador da UTI Covid do Hospital Marcelino Champagnat

 

Médico aponta prós e contras dos implantes hormonais no organismo


Divulgação
Aldo Grisi aponta que o tratamento deve ser personalizado para cada necessidade


 

Ganhando cada vez mais destaque entre as mulheres, o implante hormonal surgiu na indústria como um contraceptivo, mas seus benefícios podem ser percebidos até mesmo na estética. Por conta disso, o dispositivo de uso subcutâneo também está sendo chamado de “chip da beleza”. 

 

“É uma via mais recente de administração. São pellets, isto é, palitos introduzidos embaixo da pele que vão liberando hormônios em pequenas dosagens. Mas seu diferencial é que o paciente tem uma liberação de medicação gradual, contínua e prolongada”, aponta o médico Aldo Grisi.

 

O implante pode ser usado por homens e mulheres, de qualquer idade, a depender da necessidade clínica e laboratorial de cada um. No entanto, geralmente é recomendado para tratamentos ginecológicos.

 

“Podem ser usados para distúrbios menstruais como cólicas, TPM, sangramentos intensos e irregulares, miomas uterinos, endometriose. Além disso, com um controle da modulação dos hormônios, proporciona aumento de libido, com melhora do ressecamento vaginal, principalmente em mulheres pós-menopausa”, explica o profissional. Outros benefícios ligados à queima de gordura corporal também levaram a uma maior procura do implante nos últimos meses, segundo Aldo;

 

“De fato, o chip promove aumento de massa muscular, controle do peso, diminuição de celulite, mas o uso não pode ser apenas com foco na estética. Deve ser uma aplicação com responsabilidade”, afirma. Além disso, o chip pode trazer alguns efeitos colaterais.

 

“Como toda e qualquer medicação, os efeitos colaterais são reais. Mas estes efeitos não são do ‘implante hormonal’, e sim, de algumas substâncias e das doses que podem ser usadas”, destaca. “Ao usar altas doses de testosterona, por exemplo, pode haver acne, aumento de oleosidade, de pelo. Desta maneira, fazemos um tratamento personalizado, com doses específicas para reduzir o risco de essas reações surgirem.”

 

Segundo o profissional, os efeitos colaterais dependem do que será utilizado no implante e a dose aplicada. “Se não utilizarmos substâncias ‘androgênicas’ como testosterona, não haverá queda de cabelo. E caso haja alguns destes efeitos, temos mecanismos para revertê-los”, acrescenta.

 

O implante também apresenta algumas contraindicações. “Elas são relativas. Devemos observar se há sensibilidade à droga e sempre fazer avaliação médica. Mas existem alguns casos contraindicados, como pacientes que estão em tratamento oncológico. Históricos de trombose e câncer na família devem ser avaliados individualmente”, alerta.

 

“Cada indivíduo tem uma necessidade e um objetivo. Por isso, devemos individualizar cada tratamento para que tenhamos a maior chance de sucesso”, completa.


Dia da Saúde Ocular: 50% milhões de brasileiros sofrem com algum distúrbio da visão

Divulgação
Especialistas alertam que exames preventivos tiveram queda na pandemia

 

Dez de julho é marcado pelo Dia da Saúde Ocular. A data é uma alerta sobre a prevenção  e o diagnóstico precoce de doenças oculares. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 60% dos distúrbios da visão são casos de cegueira e deficiência visual. Porém, diferente de 2019, por causa da pandemia, dados do DataSUS mostram que houve queda no número de atendimentos dos principais problemas de vista, que são: falta de óculos e catarata. 

 

Para se ter uma ideia do tamanho da queda, segundo o SUS, as prescrições de óculos tiveram uma redução de 61% entre janeiro e abril de 2021 em relação a 2019. Houve ainda queda de 49% na realização de cirurgias de catarata.

 

Na avaliação do oftalmologista do CBV - Hospital de Olhos Tiago Suzuki, o dado é preocupante, pois a catarata, por exemplo, pode levar à cegueira gradativamente. Por isso, é importante o acompanhamento médico. “O Brasil tem um dado preocupante em relação à catarata. Somos os primeiros no ranking de pacientes que perderam a visão por conta dessa patologia”, explica. 

 

Além disso, segundo o médico, a queda nos atendimentos é muito preocupante. “Com certeza muitas pessoas ficaram com medo de fazer o acompanhamento de rotina. Porém, é muito importante fazer todos os exames preventivos, pois dependendo da doença do paciente pode ser algo irreversível”, alerta o especialista. 

 

De acordo com Tiago, as principais doenças oculares são: conjuntivite aguda bacteriana, conjuntivite viral, conjuntivite crônica (tracoma), catarata e glaucoma. Além de consultar regularmente o oftalmologista,  o médico também lista algumas dicas para proteção dos olhos:  


·         Evitar coçar ou esfregar os olhos;


·         Remover a maquiagem antes de dormir. Sempre verificar a validade dos produtos; 


·         Não compartilhar maquiagem;


·         Verificar o nível de glicose para evitar problemas causados pela diabetes;


·         Pelo menos uma vez ao dia, é importante higienizar a área em volta dos olhos (pálpebras, cílios e cantos). Ao remover as impurezas, o paciente evita as coceiras, irritações e até conjuntivite.;


·         Usar óculos ou lentes quando prescritos;


·         Usar óculos escuros em locais com muita claridade; 


·         Piscar com frequência para lubrificar as córneas. Isso ajuda a prevenir a Síndrome da Visão de Computador. 


Dieta cardioprotetora: grande aliada na prevenção de doenças cardiovasculares

 

Dieta Cardioprotetora preconiza alimentos de fácil acesso e que protegem o coração
Reprodução/Banco de imagem

Alimentos de fácil acesso e tipicamente brasileiros são preconizados na dieta que tem como objetivo proteger o coração


Parece algo visionário imaginar que, com uma boa alimentação, a pessoa pode ter benefícios como proteger o próprio coração de doenças cardiovasculares. Muitas pessoas relatam que não se alimentam de forma adequada por não haver alimentos saudáveis acessíveis. No entanto, a Dieta Cardioprotetora foi criada para que a população brasileira tivesse uma alimentação saudável e, ao mesmo tempo, acessível ao bolso.

Muitos dos itens elaborados são encontrados com agricultores locais ou em feiras, pois são frutas e verduras da estação, alimentos in natura ou minimamente processados. Mas por que essa dieta protege o coração? A nutricionista clínica do Hospital Cardiológico Costantini, Lizandra Stelle de Oliveira, explica que isso acontece porque os alimentos indicados possuem nutrientes protetores como vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes. “Além de, claro, evitar a ingestão de alimentos que prejudicam a saúde do coração, como alimentos que contenham gordura saturada, colesterol e sódio”, esclarece.

São diversos benefícios que compõem a dieta, desde a prevenção de doenças que afetam o coração, até mesmo a diminuição da circunferência abdominal, controle do peso e redução de fatores de risco como a hiperglicemia, dislipidemias e aumento da pressão arterial.

A Dieta Cardioprotetora foi idealizada a partir de recomendações das diretrizes brasileiras, por meio do Ministério da Saúde. Os alimentos são separados por três grupos: verde, amarelo e azul, de acordo com a densidade dos nutrientes e o grau de processamento de cada alimento.

Os alimentos do grupo verde devem ser a base da alimentação diária e devem ser ingeridos em proporção maior em relação aos outros grupos. São eles: verduras, frutas, legumes, feijões, leite e iogurtes desnatados. Os alimentos do grupo amarelo devem ser consumidos de forma moderada. São eles: pães, cereais, macarrão, tubérculos cozidos, farinhas, castanhas e óleos vegetais. Já o grupo azul é composto pelos seguintes alimentos: carnes, queijos, ovos e manteiga – os quais devem ser consumidos em menor quantidade.

Além destes, também existe o grupo vermelho, que é composto por alimentos que devem ser evitados, pois são ultraprocessados, com baixa qualidade nutricional, alto

valor calórico, rico em gordura trans e elevada quantidade de sal. “São aqueles produtos prontos e congelados, embutidos, bolachas e salgadinhos de pacote, doces industrializados, macarrão e sopas instantâneos e refrigerantes”, exemplifica Lizandra.

 

ALIMENTOS PRECONIZADOS

A nutricionista do Hospital Cardiológico Costantini destaca a importância de se perceber a necessidade de mudar o hábito alimentar.  “Uma mudança saudável do seu hábito alimentar é aquela que vai fazer parte ao longo da vida. Avalie o seu padrão alimentar com as orientações de uma dieta saudável e estabeleça metas com mudanças gradativas”, aconselha a profissional.

No documento preparado pelo Ministério da Saúde (acesse aqui) são mencionados diversos produtos regionais.  Confira uma lista de alimentos preconizados na dieta cardioprotetora, que são acessíveis e fáceis de encontrar:


> Grupo Verde: Verduras (alface, repolho, couve, brócolis, espinafre, agrião); Frutas (banana, abacaxi, maçã, uva, limão, manga, morango, mexerica, laranja); Legumes (cenoura, tomate, chuchu, maxixe, abóbora, beterraba, abobrinha, berinjela); Leguminosas (feijão, soja, ervilha, lentilha); Leite e iogurtes sem gordura (desnatados ou semidesnatados).


> Grupo Amarelo: Pães (francês, caseiro, de cará, integral); Cereais (arroz branco e integral, aveia, granola, linhaça); Macarrão; Tubérculos cozidos (batata, mandioca, mandioquinha, inhame, cará); Farinhas (mandioca, tapioca, milho, rosca); Oleaginosas (castanha-do-Brasil/Pará, caju, nozes); Óleos vegetais (soja, milho, azeite); Mel, goiabada, geleia de frutas.


> Grupo Azul: Carnes (de boi, porco, frango e peixe); Queijos brancos e amarelos; Ovos; Manteiga; Doces caseiros.

 


Lizandra Stelle -  Nutricionista do Hospital Cardiológico Costantini, explica como funciona a Dieta Cardioprotetora


Tão importante quanto as vacinas são os cuidados com os efeitos dos imunizantes

Sinônimos de proteção e prevenção, as vacinas são grandes aliadas de pais que não abrem mão desse cuidado essencial e mantém atenção redobrada com o calendário vacinal.

 

No Brasil, o coronavírus impactou diretamente o cronograma de imunizações do Ministério da Saúde, que precisou alterar o cronograma nacional da campanha de vacinação contra a gripe, iniciada apenas em abril e com data prevista para se encerrar este mês. Produzida com fragmentos do vírus influenza dos tipos A e B, a vacina contra a gripe está disponível nos postos de saúde de todo o país, para grande parcela da população brasileira. Sempre vale lembrar que a vacina contra gripe estimula o sistema imunológico a produzir uma resposta de defesa contra diversas variantes do vírus da gripe, capazes de atacar e eliminar o vírus do organismo. "Essa proteção oferecida pelo imunizante ocorre geralmente a partir da segunda semana da aplicação, e pode durar de seis meses a um ano", explica a médica pediatra Ana Paula Beltran Moschione Castro, CRM 69748- SP.

Outra observação da especialista é sobre a segurança da vacina. "Trata-se de uma vacina bastante segura, inativada, feita de uma porção do vírus. A grande contraindicação da vacina contra a gripe é a presença de reações anteriores à vacina. A vacina contra a gripe possui ínfimas quantidades de proteína do ovo e pacientes com formas leves a graves de alergia a esta proteína podem receber a vacina, mas sempre sob observação. O imunizante, completa a médica, não pode ser administrada também em crianças menores de 6 meses, mas a partir desta idade a vacinação anual é recomendada.

A vacina atua provocando um estímulo para a produção dos anticorpos contra os agentes que atacam o sistema imunológico. "Essa atividade intensa dentro do nosso sistema pode causar uma série de reações logo após a aplicação. Dor no local da vacina, vermelhidão e até mesmo inchaço, além de febre, dor de cabeça, náusea, tosse e irritação nos olhos que costumam afetar os pacientes, mas podem desaparecer poucos dias depois. Basta adotar alguns cuidados especiais e ter em mãos aliados que contribuem para amenizar esses efeitos.

Outro fator relevante, salienta a médica, é o mito de que a vacina da gripe pode causar gripe. "Esta afirmação é falsa! Não existe a possibilidade de a criança ficar gripada devido à vacinação. O que podemos ver por vezes é o surgimento de resfriado, então, mesmo vacinada, a criança continua exposta aos inúmeros outros vírus, causadores de resfriados, que costumam apresentar quadros mais brandos", comenta.

Há algumas estratégias para minimizar possíveis eventos adversos da vacina. "Analgésicos e antitérmicos, à base da molécula ibuprofeno, também são aliados. Eles proporcionam o alívio rápido da dor leve e reduzem a alta temperatura provocada pela febre. Estamos falando da molécula mais estudada no mundo para dor e febre e que está listada pela Organização Mundial da Saúde, entre outros princípios ativos, inclusive, como medicamento para tratar não apenas esses sintomas, mas em casos de reação indesejadas das vacinas de Covid-19 nos adultos", conclui.


Variante Delta preocupa e recusa de vacinas pode aumentar disseminação do vírus no Brasil e no mundo

Desinformação e questões políticas atrasam o seguimento da vacinação nos EUA e dá sinais de preocupação também entre os brasileiros

 

A meta do governo americano era vacinar 70% da população até o dia 4 de julho e o não cumprimento gera ainda mais preocupação quando se vê o crescimento de casos pela variante Delta no país. Estimativa-se que ela seja a responsável pelo maior número de casos por lá e, no Brasil, os primeiros casos foram observados há cerca de 30 dias e já foram registradas duas mortes. Nesta semana, a variante indiana do Coronavírus foi identificada pela 1ª vez em um paciente da cidade de São Paulo.

 

Se nos EUA uma parte considerável da população ainda não escolheu se vacinar, seja por desinformação ou por questões políticas, no Brasil a disponibilidade de vacinas ainda é o principal problema, mas há também o medo que a descrença nos imunizantes prejudique a cifra mágica de 70% de vacinados, considerada necessária para se atingir a proteção da população. Para o pneumologista do HC-FMUSP e professor de pós-graduação da Sanar, Felipe Marques, esses pensamentos são arriscados e podem trazer consequências graves. “Não se vacinar ou ficar escolhendo vacina é uma decisão que afeta a todos, cada dia perdido é mais uma chance das variantes se fortalecerem e o Brasil não pode permitir que aconteça uma terceira onda”, explica o especialista.

 

Nas redes sociais e nas filas dos postos de vacinação, é comum ouvirmos relatos de pessoas que estão tentando “escolher a vacina” na hora de se imunizar. “É importante lembrar que todas as vacinas aplicadas aqui tem eficácia acima de 50%, que é o recomendado pela Organização Mundial de Saúde”, destaca o médico e professor. Sobre as pessoas que estão optando por não se vacinar esperando uma vacina que consideram “melhor”, a opinião do especialista é bem direta. “Adiar o recebimento da primeira dose significa se manter exposto, inclusive a variantes mais graves, sem nenhum tipo de proteção adicional, portanto é uma péssima escolha, além de não haver coerência científica ou racional”, finaliza.

 

Cidades tomam medidas contra “sommelier de vacina”

 

Diante dos casos cada vez mais comuns de negativas de vacina pelas pessoas, algumas prefeituras têm tomado medidas intensas. No twitter, o prefeito de Recife, João Campos, informou que quem se recusar a receber o imunizante será bloqueado. “Vacina boa é vacina no braço. Quem se recusar a receber o imunizante contra covid-19 no centro de vacinação terá o agendamento bloqueado por 60 dias. Cada pessoa vacinada ajuda a salvar muitas vidas. É inaceitável atrasar o processo coletivo por querer escolher marca”, explicou a autoridade municipal. Já em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo, quem se recusa a tomar a vacina na tentativa de escolher uma farmacêutica, tem que assinar um termo de responsabilidade e é colocado automaticamente no fim da fila. A medida gerou ótimos resultados e o número de recusas caiu drasticamente, saindo de 222 para 20 por dia. Também no twitter, o prefeito Orlando Morando comentou a iniciativa: “Aqui em São Bernardo é assim: vacinar é um direito seu, ninguém faz nada obrigado. Mas também é um direito nosso te colocar no fim da fila, porque a vacina está disponível, você não vai tomar porque não quer. Escolher vacina nós não vamos permitir”.



Felipe Marques da Costa - Graduado pela Universidade Federal do Ceará, residência em Pneumologia pelo HC-FMUSP (2016), preceptor do serviço de pneumologia HC-FMUSP (2017), especialista em Terapia Intensiva HC-FMUSP (2018) e Doença Pulmonar Intersticial, Líder da equipe COPAN de pneumologia no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Coordenador da Pós-Graduação em Medicina.


Cooperação e conhecimento: uma forma de aproximar o produtor rural das inovações digitais

A pandemia tem impactado consideravelmente a economia global e acelerado transformações nas cadeias produtivas, comerciais e no setor agro. O uso de novas tecnologias e o ambiente mais digital - realidade para algumas grandes propriedades rurais - tem se tornado também alternativa para pequenos produtores, na busca por otimização de produção e melhor desenvolvimento de atividades. Mas como aproximar os pequenos produtores rurais e as soluções digitais voltadas para o agronegócio?

No Brasil, por exemplo, 77% dos estabelecimentos agropecuários foram classificados como de ‘Agricultura Familiar’, de acordo com o último Censo Agropecuário. Isso corresponde a cerca de 3,9 milhões de propriedades rurais em todo o país em que, de alguma forma, os produtores familiares necessitam de apoio para a travessia do mundo analógico para o digital. 

Um exemplo positivo de inclusão desses indivíduos - com iniciativas de imersão em ecossistema de inovação e com presença em um dos principais hubs de inovação do agronegócio mundial - se encontra na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, conhecida como o “Vale do Silício" do segmento. Nesse ambiente, o Sicredi, tem aproveitado a proximidade com seus mais de 600 mil produtores rurais associados para formação de uma rede com o acompanhamento constante sobre novas tecnologias que podem gerar transformação e facilidade no dia a dia da lavoura. Ao mesmo tempo, fomenta no ecossistema de startups o desenvolvimento de tecnologias adequadas à necessidade deste público tão específico. 

Para esse desenvolvimento, mostra-se essencial o entendimento sobre a realidade dos pequenos e médios produtores de maneira profunda, ao envolvê-los no processo de exploração e criação de soluções. O cooperativismo de crédito tem utilizado a proximidade construída com os produtores rurais, ao longo de sua história de atuação, para identificar, por meio de sua rede de colaboradores, os desafios das pequenas e médias propriedades, além de pesquisas para ouvir diretamente dos produtores as principais dificuldades encontradas. 

Essa proximidade tem possibilitado mais acerto no processo, ao mesmo tempo, demonstrando que alguns entraves ainda distanciam o pequeno produtor de novas tecnologias para o Agro. Isto posto, vivemos em um país continental e com diversas realidades e, se observarmos a realidade deste público, podemos perceber algumas dificuldades que perpassam pela distância entre pequeno produtor e os polos de tecnologia, a falta de conhecimento e habilidade para uso das soluções, a pouca conectividade no campo, a carência de apoio técnico para escolha de ferramentas mais adequadas, além da falta tempo para conhecer ou testar novas soluções. Também é preciso identificar questões culturais e tradições familiares, uma vez que alguns produtores ainda são desconfiados em relação às inovações que coloquem em dúvida o conhecimento empírico, principalmente aquele transmitido por gerações. 

Nesse sentido, movimentos como os promovidos pelo Sicredi têm ajudado a diminuir as lacunas ainda existentes. As iniciativas de aproximação têm sido pensadas a partir de etapas fundamentais que contemplam a inclusão digital, com auxílio a produtores na construção de uma infraestrutura necessária para adoção de tecnologias; o conhecimento e a habilidade de uso com capacitação para utilização de celulares e computadores e até ferramentas mais desenvolvidas, como drones e análise de imagens georreferenciadas; o acesso a tecnologias por meio da conexão com ambientes em que as inovações estão sendo antecipadas e, por fim, o apoio e suporte para a escolha da solução que melhor corresponda às necessidades da propriedade e atividade. 

Esse trabalho colaborativo tem demonstrado que, para avançarmos nesta jornada, precisamos superar tanto barreiras culturais como estruturais. Por isso, é fundamental a cooperação dos agentes da cadeia do agro para auxiliar os pequenos e médios produtores na transição para o digital. Sem essa proximidade, estaremos criando um grande número de soluções, mas com pouca utilidade e adoção prática.

 


Anderson Soares Pivotto - Hunter de Inovação do Sicredi e atua na área de Open Baking & Inovação da instituição financeira cooperativa.


4 práticas sobre gestão de pessoas que ficam para o pós-pandemia


Nos primeiros meses de 2020 presenciamos uma enorme revolução. Tivemos que aprender de maneira rápida a trabalhar longe dos escritórios e de forma pouco antes explorada. De acordo com um levantamento da EDC Group, 62% dos profissionais entrevistados tiveram durante a pandemia a sua primeira experiência de trabalho remoto. Um outro estudo, realizado no mês passado, pela Gama Academy, o Tech Jobs Report, diz que 54,8% das empresas que participaram da pesquisa seguirão remotamente. Ou seja, tudo que desenvolvemos em pessoas e que as pessoas desenvolveram nas empresas durante esse período, ficará para sempre.

Dessa maneira, o mercado de trabalho enfrentou inúmeros desafios ao acessar o universo digital de forma contínua. Com isso, novas competências tiveram que ser desenvolvidas, adaptadas e reformuladas. Como poderíamos imaginar a ausência total da presença? Se por um lado, o distanciamento nos deixou mais solitários, por outro, ele também estimulou competências como colaboração, inteligência emocional, resolução criativa de problemas e autonomia.

No meu dia a dia à frente da área de pessoas da Fala HUB, todos os dias pensávamos em como manter o nosso time bem e o negócio também girando? Não havia receita pronta. Acertamos e erramos. E, posso dizer hoje que os resultados aqui foram positivos. Conseguimos manter o crescimento do negócio e, sobretudo, o time engajado. Hoje, sob um olhar positivo e acompanhando o avanço da vacinação, considero inúmeras lições aprendidas durante essa fase que já está próxima de terminar. E vou compartilhar cada uma delas com você. Em plena pandemia, conquistamos o selo GPTW, de melhor empresa pra se trabalhar.



Liderança motivacional


Desde as primeiras semanas de pandemia realizamos diferentes ações junto à equipe para atuarmos com uma liderança motivacional. Essa é uma metodologia de gestão que se dá por meio da empatia, do cuidado ao ouvir.


Por isso, realizamos uma série de diálogos e mantivemos constância nos feedbacks. Assim, construímos um ambiente propício ao aprendizado e ao desenvolvimento de novas habilidades. Para o futuro, será fundamental propor ambientes flexíveis, que permitam que os colaboradores se sintam livres para inovar, serem criativos e, acima de tudo, serem ouvidos.



Ambiente flexível


E por falar em ambientes flexíveis, nunca a nossa flexibilidade foi tão testada. E isso tende a continuar. Aprendemos, nos últimos anos, a trabalhar de qualquer lugar e nos adaptarmos a cada videochamada que até hoje lota as nossas agendas.


Pois bem, se por um lado esse foi um dos nossos principais desafios, por outro, falar por uma câmera, será uma regra para o futuro do mercado de trabalho. De acordo com uma pesquisa da consultoria de recrutamento Robert Half, 86% dos colaboradores preferem o modelo de trabalho híbrido - aquele que se divide entre o escritório e o home office.


Ou seja, para atrair os profissionais, as empresas terão de pensar em formatos de trabalho flexíveis que possibilitem aos colaboradores uma integração entre o home e o office.



Capacitação continuada


A capacitação na pandemia superou apenas o fato de aprender algo novo. Ela também foi indispensável quando olhamos para a saúde mental. Apostamos na educação continuada, ou lifelong learning, promovendo mentorias internas, talks com profissionais de diversos segmentos, nos quais discutimos temas variados. Claro, temas estratégicos conforme o mercado e aos objetivos da agência. Mas que, além disso, promoveram discussões profundas e interação em períodos solitários.


Para o futuro será necessário repensar no que é realmente um benefício para os profissionais. Será importante que as empresas fomentem o aprendizado contínuo, através de benefícios para os colaboradores se capacitarem. Quem sabe parcerias com instituições, cupons de descontos para cursos livres, graduação e pós-graduação. Essas foram algumas ações que tomamos aqui na Fala Criativa, deram bem certo e vamos continuar atuando.



Diálogo e clareza


Diálogo e clareza são temas que ultrapassam os limites profissionais. Eles devem ser importantes também no nosso lado pessoal. Durante a pandemia, eles foram fundamentais para manter a equipe próxima e unida.


Apostamos em inúmeros feedbacks e avaliações de desempenhos. Debatemos pontos como engajamento, gerenciamento do tempo, flexibilidade, inteligência emocional, entrega de resultados e suporte de líderes na construção de PDI’s dos liderados, o chamado plano de desenvolvimento individual.

Sempre com muita verdade de ambas as partes. E essa é uma lição que fica para o futuro. O profissional precisa ter acesso a programas que o desenvolva, mas também precisa ter um local de fala honesto e atento. Escutar o outro, principalmente uma crítica, é quase como uma consultoria gratuita. É uma maneira de saber onde podemos melhorar. Essa sinceridade e troca também deve ser mantida para o futuro.


Vale lembrar que, para que essas decisões tomadas resultem efetivas, é necessário que a empresa tenha a cultura da escuta ativa e empática, que constrói diariamente uma relação de cuidado, bem-estar e confiança com o time.





Thaís Coralo - Head de People na Fala HUB


Preço médio da gasolina na Região Sudeste é o mais alto do País em junho, aponta Ticket Log

Valor por litro do combustível avançou 26,59% no primeiro semestre do ano


De acordo com o mais recente levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL), os postos da Região Sudeste registraram a gasolina mais cara do País em junho. Com alta de 1,10% em relação a maio, e de 26,59% se comparado com dezembro de 2020, o litro do combustível foi comercializado à média de R$ 5,966, neste último mês. O etanol, por sua vez, avançou 35,53% no primeiro semestre, e foi encontrado a R$ 4,879.

“O diesel no Sudeste foi encontrado em junho a R$ 4,574, enquanto o diesel S-10 esteve nos postos à média de R$ 4,638. Na comparação com dezembro do ano passado, o diesel comum apresentou aumento de 23,22%, e o tipo S-10, de 22,31%”, pontua Douglas Pina, Head de Mercado Urbano da Edenred Brasil.

Mais uma vez, São Paulo foi o estado com os preços mais baixos para os combustíveis. A gasolina nos postos foi comercializada a R$ 5,494; o etanol, a R$ 4,222; o diesel comum, a R$ 4,497; e o diesel S-10, a R$ 4,543.

O etanol e a gasolina mais caros foram encontrados no Rio de Janeiro, a R$ 5,427 e R$ 6,309, respectivamente. Em Minas Gerais, o diesel e o diesel S-10 foram comercializados pelos valores mais altos: o tipo comum à média de R$ 4,679 o litro, e o tipo S-10, a R$ 4,729.

No Espírito Santo foi encontrado o gás natural veicular (GNV) mais caro da região, a R$ 4,094. Na média do Sudeste, o combustível foi comercializado pelo valor médio de R$ 3,877, o metro cúbico.

O estudo também analisou o comportamento dos preços nas rodovias e na Presidente Dutra, os combustíveis em São Paulo foram comercializados por valores médios por litro abaixo dos encontrados no Rio de Janeiro. Nos postos paulistas, o diesel foi encontrado pelo preço médio de R$ 4,444; o diesel S-10, a R$ 4,493; e a gasolina, a R$ 5,434. No Rio de Janeiro, o diesel comum foi encontrado a R$ 4,538 em média; o tipo S-10, a R$ 4,576; e a gasolina, a R$ 6,380.

Na Fernão Dias, São Paulo também apresenta valores menores que em Minas Gerais. O diesel foi comercializado nos postos paulistas a R$ 4,389, e nos mineiros, a R$ 4,580. O diesel S-10 em São Paulo foi encontrado a R$ 4,432, e em Minas Gerais, a R$ 4,646. Por fim, a gasolina apresentou preços médios de R$ 5,465 (SP) e R$ 6,074 (MG).

O IPTL é um índice de preços de combustíveis levantado com base nos abastecimentos realizados nos 21 mil postos credenciados à Ticket Log, que tem grande confiabilidade, por causa da quantidade de veículos administrados pela marca: 1 milhão ao todo, com uma média de oito transações por segundo. A Ticket Log, marca de gestão de frotas e soluções de mobilidade da Edenred Brasil, conta com mais de 30 anos de experiência e se adapta às necessidades dos clientes, oferecendo soluções modernas e inovadoras, a fim de simplificar os processos diários.




Variações e correlação gasolina x etanol

 



Ticket Log 

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Equívocos e ilegalidades na prisão de Roberto Dias

No último dia 07, ao prestar depoimento na CPI da Covid no Senado, o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, foi preso em flagrante por falso testemunho. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), após a revelação de áudios que suspostamente desmentiam a versão de Dias, especialmente no ponto em que o ex-diretor afirmava que o encontro com o cabo da Polícia Militar Luís Paulo Dominguetti, em um restaurante de Brasília, teria sido acidental, determinou a prisão em flagrante nos seguintes termos:

Em vista a condição de testemunha compromissada, as contradições acima expostas, para além das demais verificáveis ao longo das notas taquigráficas anexas, ausente qualquer retratação do depoente, nos termos do art. 4º, II, da Lei 1579/1952, c/c Art. 52, XIII, da Constituição Federal, cumulado com o art. 226 do Regimento Administrativo do Senado Federal, decreto a de prisão em flagrante de ROBERTO FERREIRA DIAS, pelo crime próprio de falso testemunho de que trata a Lei 1.579/1952, e requisito à Polícia do Senado Federal que tome as providências cabíveis para a lavratura desta ocorrência

Para além do escárnio com a vida humana que representa a suposta venda da vacina “Covaxin” intermediada pelo cabo da PM mineira, que teve atenção não habitual do Ministério da Saúde, especialmente do ex-diretor Roberto Dias e do ex-secretário executivo Coronel Élcio Franco, alguns pontos devem ser esclarecidos em relação a situação jurídica da prisão em flagrante: é possível prender em flagrante por falso testemunho? A prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias foi correta? O ex-diretor mesmo estando na condição de testemunha poderia omitir fatos para não se autoincriminar?

O flagrante traz à mente a ideia de coisas percebidas enquanto ocorrem. Na lição de Aury Lopes Junior, “Essa certeza visual da prática do crime gera a obrigação para os órgãos públicos, e a faculdade para os particulares, de evitar a continuidade da ação delitiva, podendo, para tanto, deter o autor”. E por que se permite que seja tomada essa medida tão severa de privação da liberdade? Exatamente pelo fato de a prisão em flagrante ser uma medida pré-cautelar, de natureza pessoal, cuja precariedade vem marcada pela possibilidade de ser adotada por particulares ou autoridade policial, e que somente está justificada pela brevidade de sua duração e o imperioso dever de análise judicial em até 24h, onde cumprirá ao juiz (na audiência de custódia) analisar sua legalidade e decidir sobre a manutenção da prisão (agora como preventiva) ou não.

Na condição de testemunha, qualquer pessoa pode ser presa em flagrante delito quando descumprir o dever de dizer a verdade, salvo quando a resposta a determinado questionamento possa auto incriminá-la, ocasião em que pode se recusar a responder ou até mesmo apresentar a sua versão para os fatos. Portanto, ninguém está obrigado a praticar ato de prova que lhe possa prejudicar (testemunha é um meio de prova).

Dessa forma, mesmo na condição de testemunha qualquer pessoa pode se recusar a responder quando possa gerar sua autoincriminação. Eugênio Pacelli pontua com precisão que “O direito de silêncio é apenas uma manifestação de uma garantia muito maior, insculpida no princípio nemo tenetur se detegere, segundo o qual o sujeito passivo não pode sofrer nenhum prejuízo jurídico por omitir-se de colaborar em uma atividade probatória da acusação ou por exercer seu direito de silêncio”.

Não se pode esquecer que embora Roberto Dias estivesse na condição de testemunha é investigado pela CPI, na medida em que teve seus sigilos telefônicos e telemáticos quebrados poder determinação da referida comissão. Uma questão importante, subjacente a essa condição, deve ser destacado: a comissão deveria ter informado ao depoente a condição de investigado? Sem sombra de dúvida que sim. A CPI não pode utilizar do estratagema de convocar um investigado na condição de testemunha com escopo de extrair dele informações que poderiam incriminá-lo, sob pena de determinar a sua prisão em flagrante por falso testemunho. Fazendo isso, afrontará direta e visceralmente o direito de defesa, o qual a “não autoincriminação” é um princípio caro e não pode ser sobrepujado por artimanhas jurídico-políticas.

Assim não há como fugir da abusividade, desproporcionalidade e ilegalidade da prisão do ex-diretor Roberto Dias e deve ser combatido com a máxima veemência pelo Poder Judiciário, para que não haja a banalização dessas medidas restritivas da liberdade pela presidência da CPI da Covid.

 


Marcelo Aith - advogado especialista em Direito Público e Penal e professor convidado da Escola Paulista de Direito (EPD).

Especialista explica se "fake news" podem caracterizar crime

O advogado Dr. Euro Bento Maciel Filho comenta a respeito das chamadas "fake news" e explica as situações nas quais poderá ser caracterizado algum crime pela legislação brasileira


Poucos sabem, mas, a ideia de fake news não é algo novo. Essa expressão vem desde o século 19 e, ao pé da letra, significa exatamente “notícias falsas”. Sem dúvida, nos últimos tempos, esse termo está muito mais presente no nosso dia-a-dia. Com o crescimento das redes sociais, lamentavelmente, a difusão desses conteúdos tem obtido cada vez mais espaço, geralmente com o objetivo de atingir a honra e a reputação de pessoas físicas e/ou jurídicas.

O mestre em direito penal e advogado, Euro Bento Maciel Filho, explica que as notícias falsas vêm ganhando espaço principalmente nas mídias sociais. “Redes como Twitter, Facebook e Instagram alcançam milhões de pessoas em todo o mundo diariamente, então qualquer tipo de conteúdo pode ser espalhado de maneira rápida, sem se preocupar com a veracidade do tema em questão. Os motivos para espalhar são inúmeros, desde razões políticas e ideológicas, até aquelas de cunho eminentemente pessoal”, relata.

A publicação desses conteúdos, por si só, não é caracterizada como crime no Brasil. Isso porque a legislação brasileira não possui uma tipificação ou lei que envolve a divulgação de  notícias falsas, embora existam diversos projetos de lei tramitando no congresso para que essa conduta passe a ser punida. Contudo, não é em razão deste vácuo em nossa legislação que o responsável pela disseminação desse material não possa ser punido.

“A nossa legislação penal atual pode punir criminalmente quem divulga as fake news, desde que essa conduta acabe se adequando a um crime já previsto. Existem, no nosso ordenamento jurídico, artigos de lei que preveem crimes que podem se encaixar no comportamento daqueles que divulgam fake news, a depender da conduta praticada pelo agente. É fato que esses conteúdos podem provocar ofensas à honra ou à reputação de determinada pessoa, e isso é tipificado no Código Penal como injúria, difamação ou calúnia”, Dr. Euro explica.

Além disso, uma particularidade interessante relacionada aos crimes contra a honra é que, diferente da maioria dos delitos, que se desenvolvem por ações penais públicas, nas quais o próprio Estado promove a ação, fato é que, nos crimes contra a honra, pelo fato de protegerem um bem personalíssimo da pessoa, a ação penal é privada. Então a titularidade e a movimentação processual devem ser promovidas pelo particular. Assim, em casos que tais, o Estado, salvo se a vítima tomar a iniciativa, não fará nada para apurar tais delitos.

Ainda assim, não é uma tarefa simples identificar quais notícias são falsas ou não. Via de regra, as tais fake news são matérias que causam alvoroço e possivelmente o desejo de passar adiante, para que todos possam ver também. Por esse motivo o advogado ressalta a importância de se atentar para os detalhes e procurar por notícias semelhantes ou, então, apurar se a notícia provém de uma fonte confiável. 

“Cada pessoa é um potencial agente propagador, então cabe a nós mesmos fazer o papel de fiscal, verificando a idoneidade da fonte, examinar com cautela se a notícia traz algo absurdo ou fora do contexto real. As fake news são divulgadas a partir da falibilidade humana, então é aí que o controle deve começar”, finaliza o advogado.

 


Euro Bento Maciel Filho - mestre em Direito Penal pela PUC/SP. Também é professor universitário, de Direito Penal e Prática Penal, advogado criminalista e sócio do escritório Euro Maciel Filho e Tyles – Sociedade de Advogados.

http://www.eurofilho.adv.br/

@eurofilhoetyles

https://www.facebook.com/EuroFilhoeTyles/ 

 

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