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quinta-feira, 1 de abril de 2021

Digitalização da educação e investimentos em tecnologia, como será o futuro da educação pós pandemia?

Na era da digitalização, a educação foi uma das áreas mais resistentes às facilidades e oportunidades que a tecnologia apresenta. Levou tempo para diretores e coordenadores pedagógicos, assim como professores, entenderem que as gerações atuais não se limitam apenas a sala de aula e buscam fontes complementares para aprendizagem. Vista por muito tempo como ameaça, a tecnologia provou ser uma aliada aos professores e fundamental para a continuidade do desenvolvimento educacional de cada estudante.

Por outro lado, em decorrência do avanço da pandemia mundial, causada pela Covid-19, escolas do mundo inteiro tiveram que se adaptar a uma nova realidade e acelerar o seu processo de digitalização. De acordo com relatório divulgado pela Unesco, aproximadamente 40% de um grupo de 200 países não possuem estruturas para oferecer suporte tecnológico aos alunos durante a pandemia. 

No Brasil, esta é uma realidade vivida por 30% da população que não tem acesso à internet, de acordo com levantamento realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic). Além da falta de estrutura e acesso à internet e tecnologia, a falta de investimentos e preparação dos professores dificultam a digitalização no processo educacional brasileiro. Se por um lado, a rede privada utiliza há muito tempo o digital, por outro as escolas públicas estão atrasadas neste contexto e poucos alunos têm acesso a ferramentas educacionais baseadas em tecnologia.

Este cenário também abre uma gama de oportunidades e novidades para o mercado educacional. De aplicativos e games educacionais a tutoria online e em tempo real, empreendedores trabalham para ajudar neste processo de digitalização e oferecer mais qualidade de ensino e desenvolvimento educacional a cada estudante. Podemos mencionar alguns exemplos, como o ensino híbrido conhecido também como blended learning- que vem sendo aplicado nas escolas norte-americanas desde 2012 - e mistura o ensino presencial e remoto e será aliado importante na retomada das aulas em espaço físico, seja na rede pública ou privada. Este formato de aprendizagem vem sendo usado no Brasil desde a metade da última década, por instituições de ensino superior, mas agora o desafio maior será introduzi-lo adequadamente à rotina de estudantes do ensino fundamental e médio.

Outra ferramenta que movimenta o mercado e é pioneira no Brasil, é a tutoria online e em tempo real. Se ao redor do mundo, é utilizada com frequência e ganhou o mercado, por aqui aos poucos vem ganhando aptidão nas escolas. Por meio de tecnologia e aplicativos próprios, estudantes conseguem se conectar a uma grande rede de apoio e tirar dúvidas com professores e/ ou universitários sobre matérias específicas e que apresentam maior dificuldade de aprendizagem.

Há muitas novidades em tecnologia para educação que deverão surgir em um curto espaço de tempo, e assim ditar como será o futuro da sala de aula - seja no Brasil ou no mundo - mas, trazendo a discussão para a realidade brasileira, entendemos que há um grande caminho a ser percorrido e explorado. Desde investimentos em estrutura e capacitação de professores a introdução dessas ferramentas em sala de aula, o nosso país precisa aprender muito com as nações de primeiro mundo, como Estados Unidos, Inglaterra e alguns países europeus. 

Por fim, podemos entender que mesmo a passos largos essa transformação digital na educação vai acontecer no Brasil e, ao longo do tempo, conseguiremos quebrar as barreiras e ampliar o acesso ao ensino para todos. Além de transformar o mercado, a era da disrupção deve ditar como será a educação no mundo durante e pós-pandemia, que trabalhará pelo progresso de aprendizagem de cada estudante, em tempo integral.

 



Raphael Coelho - CEO e fundador do TutorMundi, plataforma de aprendizagem para escolas que conecta alunos do ensino fundamental II e ensino médio a estudantes universitários em tempo integral, e atuou por nove anos como professor de matemática e física.


A criação do governo digital

 

Estamos caminhando para que a sociedade seja cada vez mais digital. Hoje, conversamos por aplicativos, enviamos vídeos e áudios, construímos perfis para redes sociais, fazemos pagamentos e utilizamos a internet para operações bancárias, investimentos e até para aquisição de criptomoedas. Os serviços são cada vez mais prestados por plataformas virtuais.

Diante desse cenário irreversível de digitalização social, alguns países criaram legislações para que o governo também seja digital. Um exemplo bem-sucedido é o da Estônia, que criou o e-gov, conceito onde mais de 500 serviços públicos são realizados pela Internet, desde o registro do nascimento de um filho, o agendamento de uma consulta médica, a abertura de uma empresa, entre tantos outros serviços disponíveis. Após a Estônia, outros países europeus estão em transformação para e-gov.

O Brasil acaba de entrar nesse rol de países que apostam na digitalização de serviços. Foi sancionada a Lei n. 14.129 de 29/03/21 que cria o Governo Digital, estabelecendo regras e procedimentos para a prestação online dos serviços públicos, que deverão ser acessados por aplicativos para computadores e celulares.

A Lei foi sancionada com alguns vetos, que serão posteriormente apreciados e votados pelos Congressistas. O projeto de lei é de autoria do deputado Alessandro Molon e foi relatado no Senado por Rodrigo Cunha. O objetivo é o de transformar os serviços prestados pelos órgãos públicos (Executivo, Legislativo e Judiciário) em digitais, propiciando eficiência, maior agilidade e qualidade para a população que busca os serviços públicos.

O Governo Digital tem como objetivo diminuir burocracias, disponibilizar em plataforma única o acesso às informações e aos serviços públicos, além de possibilitar a todos os cidadãos acessar os serviços, sem a necessidade de solicitação presencial. A prestação do serviço pelo meio digital possibilitará ainda a transparência na execução e monitoramento sobre a qualidade da prestação, substituindo processos manuais pelo uso da tecnologia.

Haverá uma base nacional de serviços públicos e uma plataforma única para acesso às informações. Na plataforma ficará disponível uma base de dados abertos, os dados gerados ou acumulados pelos entes públicos que não estejam sob sigilo ou sob restrições de acesso nos termos da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que deverão contemplar basicamente dados cadastrais. Este ponto ainda deverá suscitar discussões sobretudo pela abertura de dados pessoais.

Os processos administrativos também serão todos eletrônicos, fazendo com que os cidadãos utilizem assinatura eletrônica, desde que respeitados parâmetros de autenticidade.

O cidadão terá a garantia de que o atendimento nas plataformas digitais será gratuito, de que os procedimentos serão padronizados não cabendo nenhuma exigência fora desses padrões e ainda poderá indicar o canal preferencial de comunicação para o recebimento de notificações, mensagens e outros avisos.

A criação do Governo Digital coloca o Brasil no patamar de nações avançadas. Há uma tendência irreversível de que os serviços públicos sejam prestados digitalmente e, caso a implementação se mostre adequada e acessível a toda população, teremos uma melhoria de qualidade na prestação dos serviços públicos, sempre bastante criticados.

 


Dr. Francisco Gomes Júnior -Advogado sócio da OGF Advogados, formado pela PUC-SP, pós-graduado em Direito de Telecomunicações pela UNB e Processo Civil pela GV Law – Fundação Getúlio Vargas. Foi Presidente da Comissão de Ética Empresarial e da Comissão de Direito Empresarial na OAB. Instagram: ogf_advogados


Atendimentos digitais do Poupatempo continuam mantidos durante a prorrogação da Fase Emergencial


São 130 opções oferecidas pelo portal e aplicativo 


Os 82 postos do Poupatempo permanecem fechados até o dia 11 de abril, devido a prorrogação da Fase Emergencial do Plano São Paulo. A medida está em vigor desde a segunda quinzena de março. 

Para evitar descolamentos e garantir a segurança da população, o programa já oferece 130 serviços online, disponíveis no aplicativo Poupatempo Digital e no portal www.poupatempo.sp.gov.br

Com a suspensão dos atendimentos presenciais, estão mantidas, além das opções eletrônicas, a retirada de documentos e as solicitações de serviços emergenciais pelo Fale Conosco. 

Hoje mais de 70% dos atendimentos do Poupatempo são feitos pelos canais online, como a renovação e segunda via de CNH, consulta de multas e de pontuação na CNH, IPVA, Carteira de Trabalho, Seguro desemprego, Licenciamento e transferência de veículos, entre outros.



Cartilhas digitais 

Idealizadas para auxiliar e esclarecer as dúvidas mais frequentes dos cidadãos, as cartilhas trazem informações sobre 21 diferentes serviços oferecidos à população nos canais digitais do programa. 

O material está disponível para ser consultado e baixado no site www.poupatempo.sp.gov.br. Quem acessar terá orientações e o passo a passo sobre como baixar o app Poupatempo Digital, criar login nos canais digitais do Poupatempo, ter acesso a documentos como carteira de habilitação, atestado de antecedentes criminais, licenciamento, transferência de veículos, carteira de trabalho, título de eleitor, IPVA, seguro-desemprego, além de outros atendimentos relacionados à Secretaria Estadual da Educação, nota fiscal paulista e Sabesp, por exemplo. 


Tutoriais (vídeos) 

O portal do Poupatempo (www.poupatempo.sp.gov.br) disponibiliza vídeos sobre os atendimentos digitais mais procurados nos canais do programa. A série, com 16 tutoriais, está disponível também no Youtube, no www.youtube.com/poupatemposp. 


Estudo da Unifesp avalia riscos de aquisição de imunizantes não ser coordenada pelo PNI

Na ausência da coordenação do Ministério da Saúde para a execução do Plano Nacional de Imunização (PNI), prefeitos de municípios por todo o Brasil estão se juntando numa espécie de consórcio para a compra de vacinas contra a Covid-19. Contudo, a aquisição decentralizada gera riscos para uma compra desordenada, o que pode acentuar as já grandes desigualdades existentes entre municípios no país. O alerta é dado em estudo realizado pelo Departamento de Economia da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo (EPPEN/Unifesp).

"Apesar de ter amparo em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tal movimento gera mais desigualdade e iniquidade no acesso à saúde, além de prejudicar as possibilidades futuras de crescimento econômico, dado que municípios mais ricos, localizados em regiões mais ricas, conseguirão participar mais desses consórcios e, possivelmente, comprar vacinas para suas populações. No entanto, aqueles municípios historicamente mais vulneráveis, localizados em regiões com menos recursos econômicos serão alijados do processo de compra ‘pulverizada’ de vacinas. Assim, os moradores dos rincões do país não serão imunizados, viabilizando inclusive o desenvolvimento de cepas de vírus mais letais e mais transmissíveis. Fato que por si só coloca todo o país em risco de novas ondas de contaminações e amplia incertezas", avalia a professora Luciana Rosa de Souza, que junto com o pós-graduando Abraão da Cruz Tavares realizou o estudo.

A avaliação foi feita usando-se como referência o Conectar, Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras, criado pela Frente Nacional de Prefeitos para aquisição de vacinas paralelamente às ações do Ministério da Saúde. Mais de 2.400 municípios mostraram interesse em fazer parte desse consórcio, sendo predominantes municípios da região Sul e Sudeste, em detrimento das regiões Nordeste e, sobretudo, Norte do país.

Para Tavares, criar uma força que se contraponha ao papel do Sistema Único de Saúde (SUS) na promoção da vacinação é perigoso, pois pode minar o PNI. "Entendemos que a má gestão do PNI é um projeto desse governo, e a criação do Conectar é uma resposta. Porém, é uma solução que guarda em si o gérmen da destruição do Plano Nacional de Imunização, uma vez que coloca a responsabilidade da vacinação sobre os entes subnacionais, os quais têm menor poder de barganha para comprar, transportar, estocar e aplicar as vacinas. Isso, considerando a complexidade do processo logístico e econômico dada as especificidades brasileiras, onde um imenso contingente populacional distribuído por um território continental, faz do SUS um dos maiores compradores de vacina do planeta, o que por si só gera poder para barganhar preços e prazos de entrega", afirma.

A professora Luciana conclui: "o Conectar conseguirá representar apenas 44% dos municípios do país, deixando parte importante da população sem cobertura vacinal. Dessa forma, ainda apelamos ao bom senso dos entes nacionais para que o PNI seja todo feito e executado pelo Ministério da Saúde, como sempre foi, de modo que a vacina chegue o mais rápido possível até quem mais precisa, a toda a nossa população."

 

Brasil apresenta o maior potencial para ser líder em serviços ambientais no mundo

O Brasil pode se tornar o maior player de serviços ambientais do mundo por suas características que permitem a comercialização de água, de energia limpa, de créditos de carbono, de produtos advindos da biodiversidade, além de grãos, proteína e silvicultura. Por isso, é importante contar com um compliance ambiental no país, porque a sustentabilidade não é mais um passivo e, sim, um investimento. Essa avaliação foi feita pela advogada especialista em direito ambiental Samanta Pineda, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), durante o segundo painel Sustentabilidade e Segurança Alimentar do Congresso Brasileiro de Direito do Agronegócio (CBDA), nesta quarta (31), com transmissão online e gratuita, por meio do Canal do Youtube do Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA).

De acordo com Samanta, a sustentabilidade ao passar a ser um valor agregado para o agronegócio possibilita um olhar diferenciado por parte do investidor, que terá condições únicas no mundo. Contudo, para isso, o país precisa dar um posicionamento firme quanto ao que tem sido feito para preservação ambiental, uma vez que a imagem do país está bastante desgastada devido ao desmatamento e queimadas ilegais. Ela lembrou ainda que o Brasil conta com uma política ambiental inovadora no que tange a proteção e a incorporação de tecnologias sustentáveis, que é o Código Florestal. Mas ele precisa ser efetivamente implementado.

Mediado por Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), o painel contou com a participação de Christian Lohbauer, presidente da CropLife Brasil, que reafirmou que o alimento brasileiro é absolutamente seguro e que as áreas de defesa vegetal e biotecnologia têm trazido avanços tecnológicos que estão fomentando verdadeiras transformações na resistências das plantas ante a situações climáticas, como estresse hídrico, chuvas intensas e secas, garantindo maior produtividade e produção, com o uso menos agressivo e menor de terras.

Entretanto, ele mencionou que um dos principais desafios enfrentados por esse segmento tem sido na área jurídica, com ações diretas de inconstitucionalidade que colocam em risco esses desenvolvimentos e as empresas que fomentam empregos, renda e bem-estar social. Como exemplos, ele citou a votação sobre a Lei das Patentes e a Lei da Biossegurança.

Francisco Beduschi Neto - executivo da National Wildlife Federation no Brasil – NWF, analisou ainda que é preciso avançar com maior transparência, a fim de atender demandas dos investidores, países e consumidores. Para isso, medir e comunicar são fatores fundamentais para dar conhecimento não apenas sobre o que tem sido feito pelo setor, mas também em cada unidade produtiva. “A sustentabilidade é uma caminhada, uma evolução contínua. E quando temos parâmetros e dados, podemos contar a história de onde estamos, para onde vamos e como chegaremos até lá”, disse.

Segundo Beduschi Neto, no mercado global, os questionamentos dos clientes sobre preservação ambiental, entorno social e bem-estar animal estão muito relacionados ao contexto local, ou seja, perguntas sobre a forma de produção de cada fazenda por onde passou o animal, incluindo desse modo os fornecedores diretos e indiretos. “Ao medir e reportar dados e informações há transparência. Com isso, é possível separar o joio do trigo e dar espaço e voz para quem está produzindo de maneira sustentável”.

Já Grazielle Parenti - vice-presidente Global de Relações Institucionais, Reputação e Sustentabilidade da BRF, trouxe algumas ações da agenda ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) promovidas pela empresa e afirmou que investidores, consumidores e opinião pública estão atentos a esse aspecto. A seu ver, quando uma companhia global trata desse tema, ela mobiliza toda a cadeia, do campo à mesa. Um exemplo foi a parceria que a BRF fechou com o Banco do Brasil para proporcionar crédito para que seus integrados (granjas) pudessem implementar um sistema de energia solar.

Ela ainda avaliou que o planeta está preocupado com a questão ambiental e agenda ESG, mas a diferença é que cada país está saindo de um ponto de partida. Por isso, empresas globais precisam atuar e trabalhar para uma harmonização, atendendo todas as regiões.

Reformas e Competitividade

Nesse sentido, o primeiro painel Reformas e Competitividade, com a moderação do ex-Advogado Geral da União Fábio Medina Osório, foi aberto pela Elizabeth Farina, diretora presidente da Tendências Consultoria Integra, que falou justamente que para competir atualmente não é só vender barato e em quantidade, mas significa ter sustentabilidade ambiental e social e governança adequada. “Sendo uma cadeia longa e complexa e com o consumidor sensível a atributos do produto, que estão associados à produção e não podem ser observados ou quantificados no supermercado, como vou convencer alguém a pagar o preço necessário”, questionou.

Desse modo, Elilzabeth ressalta que é preciso mostrar de forma crível essa agenda por meio de certificações. “Todos os sistemas de informação certificada ganham cada vez mais espaço nos dias atuais”. Outro motivo para isso é que o sistema financeiro também começou a incorporar critérios de sustentabilidade e a competitividade passa pela atratividade de capital para investimento. “A competitividade depende de regras estáveis e previsíveis, por isso a importância das reformas e respeito às regras do jogo para mitigar deficiências. Com isso, podemos superar o Custo Brasil, a fim de ganhar espaço nos investimentos e nos mercados de produtos e serviços”.

Na sequência, o Deputado Federal Arnaldo Jardim afirmou que o atual Congresso Nacional é reformista e que haverá avanços nas questões das reformas, em especial da tributária, uma vez que a PEC45 está em com o relatório pronto para ser analisado pela Câmara, enquanto a PEC110 também está em evolução no Senado. Mas, o que tem falta é mobilização, por isso um grupo de parlamentares estão buscando justamente esse movimento para impulsionar a tramitação dessa pauta. “Posicionamentos precisam ser dados porque não vai haver uma reforma tributária neutra. Teremos que ter a pré-disposição para compartilhar desafios”.

Nesse sentido, ele reforçou a importância do protagonismo do executivo e a mobilização da sociedade. Contudo, Jardim acredita que a reforma administrativa perdeu vigor e, talvez, não seja possível avançar. Já a reforma política está em andamento. Citou ainda algumas leis recentemente instituídas no âmbito da legislação infraconstitucional, que em sua avaliação é um mecanismo para a desburocratização, dando capacidade de empreender.

Já na avaliação de Bruno César Lorencini, Doutor em Direito do Estado pela USP, Juiz Federal do TRF3 e Produtor Rural, existe um vácuo no setor do agronegócio: pequenos e médios produtores rurais, porque a agricultura familiar é apoiada pelo Estado enquanto os grandes players possuem outros instrumentos de financiamento. “As reformas precisam também ter o foco no agricultor médio, pois ele precisa de tecnologia, assistência técnica e de recursos”. Ele exemplificou que a agricultura de precisão é um objetivo desse produtor, uma vez que se utilizar menos recursos, promove sustentabilidade e menor impacto ambiental, mas nessas propriedades há um desafio: a falta de conectividade.

Outro ponto trazido por ele é o dinamismo do agronegócio na ponta, o que exige um mecanismo regulatório que acompanhe essa evolução. Por isso, ele defende que haja o princípio de confiança em via de mão dupla, do Estado para o empresário e vice-versa. Isso significa ter um mecanismo de regulação com critérios bem definidos que possibilite o empreendedor fazer sua própria autorregulação, com fiscalização do Estado.

Por fim, o Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, disse que é preciso mexer nas modalidades de garantia, uma vez que a garantia hipotecária tem um custo altíssimo, enquanto alguns países possuem uma garantia móvel. “Precisamos criar uma modalidade simples, fácil e econômica de contratação para possibilitar crédito barato e rápido para o agronegócio. A modernidade tecnológica já chegou no setor e a modernidade legislativa também precisa acontecer”.

Ele ainda comentou que o judiciário brasileiro tornou-se o desaguador das crises econômicas, das divergências políticas e de planos econômicos. “Tudo é carreado para o poder judiciário”, pontuou o Ministro, que complementou que há um cenário de buscar a resolução de todos os problemas via sentença judicial, que não é instrumento de política econômica, mas sim de definição de conflito e interesse. “Se queremos modernidade, precisamos criar instrumentos que diminuam o risco legal.

Abertura

Na abertura do CBDA, Renato Buranello, presidente do IBDA - Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio, entidade organizadora do evento, ponderou que a análise conjunta do Direito, da Economia e das Organizações tem relevância por possibilitar entendimento mais profundo da complexidade da realidade agroindustrial. “As questões relativas ao agronegócio não estão, ainda, suficientemente difundidas na doutrina e na jurisprudência. Muitos precedentes relacionam os negócios privados-empresariais aos preceitos do Direito Agrário, mas os modelos de negócio, a complexidade e tecnologia dos mercados agrícolas vão muito além da atividade de produção no campo”.

Segundo ele, a quebra da unidade da cadeia agroindustrial significa a criação de riscos:  os negócios jurídicos integrados no atendimento a sua função econômica e social e devem estar protegidos. Sabe-se, ainda, que as atividades econômicas exploradas nas cadeias agroindustriais, devem contribuir para o aumento da produção de alimentos, fibras e bioenergia visando à segurança alimentar. “Também os custos de transação tendem a reduzir-se em mercados nos quais os agentes econômicos confiam no comportamento dos outros. Buscam-se, aqui, cenários previsíveis, em que se possam legitimamente esperar a adoção de certas condutas dos parceiros comerciais”.

A senadora Soraya Thronicke ressaltou a importância do papel do legislador nesse arcabouço e que do trabalho conjunto entre os membros do legislativo e do judiciário para que o agronegócio, como motor da economia brasileira não pare. A seu ver, os Senadores e Deputados precisam atuar na reforma tributária para impulsionar a atividade rural, porque quando o Brasil vai bem, o agro é parte decisiva desse sucesso; já nos anos de crise é o setor que ajuda a segurar o “rojão”.

O deputado federal Sergio Souza, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, lembrou que o agro brasileiro deve se tornar futuramente o maior exportador de alimentos do mundo e destacou a necessidade de modernização as questões legais para garantir segurança jurídica no setor, a fim de que o produtor rural possa produzir produtos de forma sustentável e adequada.

O deputado federal Pedro Lupion, coordenador Político da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara dos Deputados, salientou a importância da aprovação da MP 897 e comentou que reforma tributária precisa simplificar os tributos, assegurando que não haja elevação dos custos do agro, mantendo a competitividade e impedindo uma alta dos preços de alimentos.

Gustavo Junqueira, secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, afirmou que o agro tem um papel fundamental no fornecimento de alimentos e para executar seu papel é preciso contingenciar riscos e assegurar economia por adequados instrumentos jurídicos, maior e melhor utilização dos instrumentos jurídicos, modernização da legislação, implementação de reformas e políticas agro, desburocratização e menos interferência dos órgãos governamentais. “Desburocratizar e simplificar que dará ao setor privado maior segurança e incentivo para crescimento econômico”.

Também participaram da abertura Ana Frazão, professora doutora da Universidade de Brasília (UnB ); Guy de Capdeville, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da EMBRAPA;  Teresa Cristina Vendramini, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB); Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB; e Alexandre Veronese, diretor do Centro de Formação e Gestão Jurídica do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Sobre o IBDA

O Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA) nasceu da vocação de estudar os sistemas agroindustriais e sua regulação sob o prisma de Direito & Economia. Traz um novo modelo de difusão do conhecimento, contribuindo na formulação de políticas públicas das atividades que integram esses sistemas e cumprimento do melhor fim social. Mais informações: www.direitoagro.com


Como impulsionar as vendas usando a prospecção ativa?

A área de vendas é o coração de qualquer empresa. Sem ela, o negócio simplesmente não existe. E, já que é tão estratégica, ela demanda uma atenção para lá de especial, com ações que sejam realmente capazes de gerar conversão.

Nesse contexto de pandemia, ficou evidente que aquela máxima de ficar esperando o cliente atrás do balcão, já não funciona mais. Com boa parte do comércio de portas fechadas, empresários de todos os portes e segmentos precisaram se mexer para garantir as vendas mesmo durante o período de isolamento social.

Às pressas, a maioria teve que abraçar a tecnologia, lançando e-commerces ou mesmo fazendo vendas pelo Whatsapp. Mas, o que muitos ainda nem notaram é que existem basicamente duas formas de prospectar clientes: a prospecção ativa e a passiva. E cada uma tem a sua importância.

A ativa é quando a empresa vai até o cliente - e, enganam-se os que pensam que estamos falando daquelas desagradáveis ligações de telemarketing que nos oferecem produtos e serviços que não queremos. A prospecção ativa é aquela que busca entender as necessidades do cliente e se apresenta como a solução ideal para elas.

Ela pressupõe a oferta de algo relevante, oferecido por quem realmente entende do assunto, tem autoridade e domínio sobre o tema. Por isso mesmo, é caracterizada como uma venda mais consultiva, baseada em um relacionamento mais próximo com o potencial cliente.

Já a prospecção passiva é aquela em que a empresa deixa um canal aberto, mas o cliente vai chegar no momento que for oportuno e conveniente para ele. É o caso de uma loja física, um site ou mesmo dos perfis em redes sociais. Todos esses canais de vendas são reativos e ficam na expectativa pelo aparecimento do cliente.

Obviamente, a prospecção passiva é muito importante, mas já há bastante tempo, ficou evidente que, sozinha, ela não é mais suficiente para batermos as metas de vendas. É preciso desenvolver um trabalho mais incisivo, apresentando para o potencial cliente exatamente o que ele quer e na hora que deseja.

Claro que essa não é uma tarefa fácil, mas totalmente possível, ainda mais com os recursos tecnológicos que dispomos hoje. O primeiro passo para criar uma estratégia de prospecção ativa é criar listas com os chamados leads, que são os clientes em potencial, aqueles que demonstraram algum interesse no que você tem para oferecer.

É preciso ter cuidado para não ser invasivo e, sempre pedir autorização para a inclusão nessa lista. Caso isso não aconteça, a empresa estará suscetível às penalidades da LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados, que pode gerar sérias consequências às empresas que fizeram mau uso das informações pessoais de seus clientes.

Depois de criar uma base de contatos limpa, é preciso criar relacionamento com ela. Isso pode se dar por meio de um blog, um e-book, e-mail marketing, vídeos, podcasts ou mesmo lives, que ganharam tanta projeção durante a pandemia. O objetivo é mostrar ao prospect que você tem muito conhecimento sobre as necessidades dele e principalmente sobre seus produtos e serviços.

É preciso cuidado para identificar exatamente qual é o momento da compra que seu lead está. Ele apenas cogita a possibilidade ou já está em vias de fechamento? Tudo isso faz muita diferença. Mandar o conteúdo certo para a etapa do funil de vendas em que ele se encontra é primordial. É preciso demonstrar conhecimento sobre o cliente e toda a sua jornada de compra.

Tudo isso dá bastante trabalho, mas o resultado, sem sombra de dúvida, compensa. É possível ter retornos palpáveis já nos primeiros meses. O maior benefício é poder contar com uma receita previsível, uma vez que a prospecção ativa vai gerar informações relevantes sobre o que funciona e o que não funciona. Será possível saber, por exemplo, quantos leads são necessários para obter o resultado de vendas esperado por mês. Dessa forma, a empresa vai intensificando seus esforços de acordo com as metas.

Toda essa estratégia demanda bastante disciplina por parte da empresa, que deverá equilibrar as ações entre a prospecção ativa e a passiva. Uma vai em busca dos leads e a outra os ajuda na tomada de decisão final. Felizmente, hoje, há bastante tecnologia para ajudar na operação das duas iniciativas, permitindo a automatização do processo e o monitoramento dos resultados.

Dentro de poucos meses, a empresa terá desenvolvido uma boa inteligência de vendas, com base em dados que serão determinantes para definir e intensificar o que funciona e reduzir as ações que não trazem resultados. Com um processo bem definido, empresa nenhuma vai ficar esperando o cliente simplesmente cair no colo. 



Wanderson Leite - CEO da Prospecta Obras. Formado em administração de empresas pelo Mackenzie, ele também é fundador das empresas ProAtiva, app de treinamentos corporativos digitais, e ASAS VR, startup que leva realidade virtual para as empresas.

www.prospectaobras.com.br


Compra desordenada de vacinas pode ampliar desigualdade entre municípios

Estudo da Unifesp avalia riscos de aquisição de imunizantes não ser coordenada pelo PNI


Na ausência da coordenação do Ministério da Saúde para a execução do Plano Nacional de Imunização (PNI), prefeitos de municípios por todo o Brasil estão se juntando numa espécie de consórcio para a compra de vacinas contra a Covid-19. Contudo, a aquisição decentralizada gera riscos para uma compra desordenada, o que pode acentuar as já grandes desigualdades existentes entre municípios no país. O alerta é dado em estudo realizado pelo Departamento de Economia da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo (EPPEN/Unifesp).

"Apesar de ter amparo em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tal movimento gera mais desigualdade e iniquidade no acesso à saúde, além de prejudicar as possibilidades futuras de crescimento econômico, dado que municípios mais ricos, localizados em regiões mais ricas, conseguirão participar mais desses consórcios e, possivelmente, comprar vacinas para suas populações. No entanto, aqueles municípios historicamente mais vulneráveis, localizados em regiões com menos recursos econômicos serão alijados do processo de compra ‘pulverizada’ de vacinas. Assim, os moradores dos rincões do país não serão imunizados, viabilizando inclusive o desenvolvimento de cepas de vírus mais letais e mais transmissíveis. Fato que por si só coloca todo o país em risco de novas ondas de contaminações e amplia incertezas", avalia a professora Luciana Rosa de Souza, que junto com o pós-graduando Abraão da Cruz Tavares realizou o estudo.

A avaliação foi feita usando-se como referência o Conectar, Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras, criado pela Frente Nacional de Prefeitos para aquisição de vacinas paralelamente às ações do Ministério da Saúde. Mais de 2.400 municípios mostraram interesse em fazer parte desse consórcio, sendo predominantes municípios da região Sul e Sudeste, em detrimento das regiões Nordeste e, sobretudo, Norte do país.

Para Tavares, criar uma força que se contraponha ao papel do Sistema Único de Saúde (SUS) na promoção da vacinação é perigoso, pois pode minar o PNI. "Entendemos que a má gestão do PNI é um projeto desse governo, e a criação do Conectar é uma resposta. Porém, é uma solução que guarda em si o gérmen da destruição do Plano Nacional de Imunização, uma vez que coloca a responsabilidade da vacinação sobre os entes subnacionais, os quais têm menor poder de barganha para comprar, transportar, estocar e aplicar as vacinas. Isso, considerando a complexidade do processo logístico e econômico dada as especificidades brasileiras, onde um imenso contingente populacional distribuído por um território continental, faz do SUS um dos maiores compradores de vacina do planeta, o que por si só gera poder para barganhar preços e prazos de entrega", afirma.

A professora Luciana conclui: "o Conectar conseguirá representar apenas 44% dos municípios do país, deixando parte importante da população sem cobertura vacinal. Dessa forma, ainda apelamos ao bom senso dos entes nacionais para que o PNI seja todo feito e executado pelo Ministério da Saúde, como sempre foi, de modo que a vacina chegue o mais rápido possível até quem mais precisa, a toda a nossa população."


O que esperar Pós Pandemia das pessoas?

Saúde mental como fator de resultado para as empresas?


Prevenção emocional otimiza vidas e resultados

 

A pandemia trouxe muitos desafios empresariais, dentre eles : a sustentabilidade econômica, o desgaste emocional, a ausência social, o medo, a incerteza, a dor do luto, da desesperança e o desejo de um normal cada vez mais distante.

Sentimentos que estão sendo abafados pelo cenário de caos que estamos vivendo. Os trabalhadores em home office estão exaustos emocionalmente, mas o medo os impedem de falar.

Ações e atitudes de hoje resultarão nos resultados do amanhã. 

Segundo uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que analisou o impacto da pandemia e do isolamento social na saúde mental de trabalhadores essenciais, mostrou que sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% desses trabalhadores durante a pandemia, no Brasil e na Espanha. Mais da metade deles (e 27,4% do total de entrevistados) sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo. Além disso, 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas; 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono; e 30,9% foram diagnosticados ou se trataram de doenças mentais no ano anterior.

 https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-01/excesso-de-trabalho-e-pandemia-podem-desencadear-sindrome-de-burnout#:~:text=Uma%20pesquisa%20da%20Funda%C3%A7%C3%A3o%20Oswaldo,no%20Brasil%20e%20na%20Espanha.

As organizações precisam pensar, observar, replanejar (PPOR) e não apenas agir frente às consequências observáveis. Um replanejamento estratégico visto a partir dos olhos do time do seu time, suas condições e recursos. Uma parada importante que promova um ouvir, um encaminhar e tratar, se necessário, a partir das individualidades encontradas. Quem cuida conquista!

A exaustão emocional ignorada compromete a vida da organização, causada por um ambiente de trabalho tóxico que pode desencadear a síndrome em seus funcionários, gerando graves consequências para a empresa, tais como:

  • desvalorização do trabalho;
  • falta de segurança no emprego;
  • queda da produtividade de toda a equipe.

 

Essas situações muitas vezes podem resultar em:

  • acidentes de trabalho;
  • gerar afastamentos médicos;
  • processos administrativos e outros problemas difíceis de serem resolvidos.

Aprimorar lideranças atuais com novas competências, que possam contribuir com o resultado esperado, é mais uma necessidade deste cenário atual.

O momento que requer:

·         Observação

·         Entendimento

·         Acolhimento com empatia

·         Entendimento dos contextos relacionais

·         Motivação para que as pessoas possam se expressar e serem fiéis aos seus sentimentos

·         Diferenciação da intencionalidade dos comportamentos de julgamentos prematuros

·         Aquisição de uma postura de cuidado dos líderes que estão em ação.

A finalidade será de uma nova análise de contexto, sentido e significado dos comportamentos que estão presentes nas tratativas cotidianas.

Um olhar que seja capaz de romper com padrões até então estabelecidos, para um olhar no presente ímpar, nunca vivido antes. Não dá para gerir o novo com velhos hábitos que não são compatíveis com o momento presente, podendo ser usados como referencias, mas não como comportamentos da liderança atual.

Este engajamento fortalecerá a organização que existe porque pessoas, processos e tecnologia fazem parte da sua realidade e constituição organizacional. 

 

Portanto promova:

Uma comunicação aberta, livre que seja capaz de conhecer as emoções dos seus colaboradores, funcionários, associados;

Desenvolva adaptabilidade e flexibilidade empresarial;

Apoie a conexão uns dos outros;

Busque alternativas;

Desenvolva capacidade de confrontação dos problemas;

Discuta saídas, decisões compartilhadas;

Cuide dos conflitos, não podemos anular isto, problemas, crises devem ser um desafio compartilhado.

A solução deve ser parte de todos!

 

Promova a autonomia e a autorresponsabilidade

Cuidar com responsabilidade social da organização e do outro é uma necessidade desse normal, salva vidas e promove resultados.

 



Andrea Deis - Mestra em Administração do Desenvolvimento de Negócios pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Gestora Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Master Coach com mais de 18 mil horas de atendimento. Possui certificação na área pelo Behavioral Coaching Institute (BCI) e International Coaching Council (ICC), é especialista em Assessment Training DISC, NeuroCoaching e PNL (Programação NeuroLinquística; Pedagoga com foco em Orientação Educacional e Vocacional, palestrante e escritora. Atualmente, dedica-se ao desenvolvimento de empresas e pessoas, no que diz respeito ao planejamento  e acompanhamento estratégico, tático e operacional para o desenvolvimento  de organizações, times e indivíduos. Premiada em 2019 no Congresso SemeAd: 1o lugar na Categoria. Semead2019, Renovação na gestão, artigo aplicado -FEAUSP.

www.andreadeis.com.br

@andreadeis


Digitalização da educação e investimentos em tecnologia, como será o futuro da educação pós pandemia?


Na era da digitalização, a educação foi uma das áreas mais resistentes às facilidades e oportunidades que a tecnologia apresenta. Levou tempo para diretores e coordenadores pedagógicos, assim como professores, entenderem que as gerações atuais não se limitam apenas a sala de aula e buscam fontes complementares para aprendizagem. Vista por muito tempo como ameaça, a tecnologia provou ser uma aliada aos professores e fundamental para a continuidade do desenvolvimento educacional de cada estudante.

Por outro lado, em decorrência do avanço da pandemia mundial, causada pela Covid-19, escolas do mundo inteiro tiveram que se adaptar a uma nova realidade e acelerar o seu processo de digitalização. De acordo com relatório divulgado pela Unesco, aproximadamente 40% de um grupo de 200 países não possuem estruturas para oferecer suporte tecnológico aos alunos durante a pandemia. 

No Brasil, esta é uma realidade vivida por 30% da população que não tem acesso à internet, de acordo com levantamento realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic). Além da falta de estrutura e acesso à internet e tecnologia, a falta de investimentos e preparação dos professores dificultam a digitalização no processo educacional brasileiro. Se por um lado, a rede privada utiliza há muito tempo o digital, por outro as escolas públicas estão atrasadas neste contexto e poucos alunos têm acesso a ferramentas educacionais baseadas em tecnologia.

Este cenário também abre uma gama de oportunidades e novidades para o mercado educacional. De aplicativos e games educacionais a tutoria online e em tempo real, empreendedores trabalham para ajudar neste processo de digitalização e oferecer mais qualidade de ensino e desenvolvimento educacional a cada estudante. Podemos mencionar alguns exemplos, como o ensino híbrido conhecido também como blended learning- que vem sendo aplicado nas escolas norte-americanas desde 2012 - e mistura o ensino presencial e remoto e será aliado importante na retomada das aulas em espaço físico, seja na rede pública ou privada. Este formato de aprendizagem vem sendo usado no Brasil desde a metade da última década, por instituições de ensino superior, mas agora o desafio maior será introduzi-lo adequadamente à rotina de estudantes do ensino fundamental e médio.

Outra ferramenta que movimenta o mercado e é pioneira no Brasil, é a tutoria online e em tempo real. Se ao redor do mundo, é utilizada com frequência e ganhou o mercado, por aqui aos poucos vem ganhando aptidão nas escolas. Por meio de tecnologia e aplicativos próprios, estudantes conseguem se conectar a uma grande rede de apoio e tirar dúvidas com professores e/ ou universitários sobre matérias específicas e que apresentam maior dificuldade de aprendizagem.

Há muitas novidades em tecnologia para educação que deverão surgir em um curto espaço de tempo, e assim ditar como será o futuro da sala de aula - seja no Brasil ou no mundo - mas, trazendo a discussão para a realidade brasileira, entendemos que há um grande caminho a ser percorrido e explorado. Desde investimentos em estrutura e capacitação de professores a introdução dessas ferramentas em sala de aula, o nosso país precisa aprender muito com as nações de primeiro mundo, como Estados Unidos, Inglaterra e alguns países europeus. 

Por fim, podemos entender que mesmo a passos largos essa transformação digital na educação vai acontecer no Brasil e, ao longo do tempo, conseguiremos quebrar as barreiras e ampliar o acesso ao ensino para todos. Além de transformar o mercado, a era da disrupção deve ditar como será a educação no mundo durante e pós-pandemia, que trabalhará pelo progresso de aprendizagem de cada estudante, em tempo integral.

 



Raphael Coelho - CEO e fundador do TutorMundi, plataforma de aprendizagem para escolas que conecta alunos do ensino fundamental II e ensino médio a estudantes universitários em tempo integral, e atuou por nove anos como professor de matemática e física.


A Silenciosa Revolução na Educação


Estamos todos sofrendo de tal forma com os efeitos avassaladores da crise continuada do COVID-19 que muitos conseguem apenas ver as desgraças, as mortes, as UTIs lotadas, a falência do sistema de saúde e o desespero tomando posse dos nossos espíritos. Eles não conseguem perceber que em todas as calamidades e guerras existem sim avanços e melhorias, existem ganhos que podem, se entendidos e defendidos, ser incorporados na sociedade de forma duradoura. Esse artigo pretende mostrar como esses processos estão ocorrendo na Educação, se nos dermos a chance de conseguir observá-los.

A decretação da primeira quarentena em meados de Março de 2020 pegou quase todas escolas de surpresa. Muitas suspenderam suas atividades, por poucos dias que se estenderam a meses e depois se tornaram uma adaptação em aulas remendadas de diversos tipos: tarefas, indicações de leitura, vídeos, aulas em vídeo, telepresenciais, mas em sua grande maioria nada planejado nem organizado.

Outras escolas, porém, estavam melhor preparadas, já tinham experiências reais e significativas com aulas a distância, telepresença, criação de incentivos e sistemas de avaliação online e em tempo real. Essas escolas, com o “alívio” burocrático e sindical conseguido devido às condições da pandemia, puderam expandir e evoluir suas prestações de serviços, chegando a uma nova realidade, que praticamente independe da sala de aula tradicional. Sim, um movimento certamente inevitável e inexorável, mas que sem a pandemia levaria décadas para se consolidar.

As mudanças não foram apenas ao se incorporar tecnologias. Toda metodologia de estudo e ensino pode ser repensada. Uma nova startup educacional passou a oferecer 2.000 professores particulares online, 24 horas por dia, 7 dias por semana, mudando o conceito de se estudar ao fazer atividades e exercícios. A avaliação em tempo real do nível de interesse e participação dos alunos trouxe a possibilidade de “medir o pulso” do paciente ao invés de “fazer a autópsia” de três em três meses, apenas na época das provas.

Aqueles que não conseguiram ver ou acompanhar as mudanças passaram a clamar pela volta presencial, como se fosse uma forma melhor e mais evoluída de ensino. Como se apinhar 40 alunos em uma sala com um professor, a escola-fábrica herdada da era industrial, fosse realmente eficiente. Como se essa solução, ao colocar 35% dos alunos, fosse funcionar, e não resultasse em os outros 65% exigindo que a aula fosse repetida quando tivessem a oportunidade de estar presentes.

Grande parte da população, enganada por falsas esperanças, comprou a ideia da volta. E os argumentos, embora todos focados no retrovisor da História, parecem convincentes e atraentes. Vamos voltar ao que era antes, vamos apagar esse ano terrível das nossas memórias. Os alunos precisam estar na escola!

Os alunos precisam estar na escola porque em casa ninguém consegue forçá-los a estudar, e na escola sim. Esse é o conceito da escola-prisão. Escola não deve ser isso. Os alunos precisam estar na escola para ter uma refeição. Essa é a escola-refeitório. Os alunos precisam estar na escola porque o ambiente familiar é tóxico. Essa é a escola-albergue.

As experiências de 2020 nos ensinaram que a Escola não precisa, e não pode, ser nada disso. Outras instituições precisam existir para cumprir essas funções. O conceito da escola evoluiu, tornou-se difuso para abraçar o online, o social e as redes sociais, as múltiplas e diversas formas de aprender e avaliar o aprendizado.

Essa revolução na Educação já está aí presente, mas ainda não é bem entendida. Já existem alunos e pequenos grupos sociais vivenciando-a. É a Educação que ensina que seus alunos não esperam pelo ontem, eles criam o amanhã. Eles não bebem toda a água do bote salva-vidas na esperança de que o resgate venha amanhã. Eles criam seus novos grupos e interações e projetos, não ficam na dependência de um salvador divino ou uma vacina perfeita que irá nos conduzir de volta ao mundo de antes.

Eles são a solução, não terceirizam a esperança.

 


Henrique Flory - diretor do Colégio Einstein Assis - https://einsteinassis.com.br/

CONCESSÃO DE ÁREAS PÚBLICAS: PARCERIA PARA CONHECER E PRESERVAR

As Parcerias Público-Privadas têm se mostrado um caminho de sucesso para a preservação das áreas verdes paulistas. A concessão para uso público das Unidades de Conservação e dos parques do Estado de São Paulo gera caixa para estimular e consolidar os polos de ecoturismo, fortalecer o patrimônio ambiental, além de melhorar o serviço prestado aos visitantes. Enquanto isso, o poder público utiliza os investimentos para impulsionar a preservação da biodiversidade, bem como a pesquisa que, independentemente do modo de parceria, continuam sob responsabilidade do Governo.


São Paulo possui mais de 4,6 milhões de hectares de área protegida. Estima-se que o Estado gasta mais de R$ 150 milhões por ano para a manutenção de parques urbanos, naturais, florestais, entre outros. Repassar parte deste serviço ao setor privado é também um caminho que viabiliza a destinação de recursos para áreas prioritárias como saúde, segurança e educação. No atual momento, com pandemia da Covid-19, a desoneração dos cofres públicos se faz ainda mais necessária.

Um exemplo de sucesso é o Parque Estadual Campos do Jordão, que completa dois anos de concessão. Com a administração feita pela iniciativa privada, os visitantes já reconhecem as melhorias de manutenção nas áreas e também dos bons serviços prestados. Além disso, o espaço registrou aumento aproximado de 30% na visitação pública (antes da pandemia), com as melhorias realizadas nos espaços das atividades de ecoturismo.

Além do Parque Estadual Campos do Jordão, o governo conta com mais cinco processos de concessão em andamento, em diferentes etapas, entre eles o Zoológico de São Paulo, Zoo Safari e Jardim Botânico que foram leiloados na B3 e receberam proposta com ágio de 142%.

No Zoológico, o concessionário terá de promover mais imersão na natureza e a modernização dos recintos visando o bem-estar animal. Há investimentos mínimos previstos para construir habitats mais amplos e integrados, além do monitoramento de indicadores de desempenho da saúde dos animais. O Plano de Manejo da Fauna também deverá ser apresentado pela concessionária para aprovação da equipe técnica da SIMA. No Jardim Botânico deverá ser mantida a categoria A de excelência prevista pelo CONAMA.

O valor total do contrato único para os dois parques é de R$ 417,5 milhões, sendo R$ 263,8 milhões de investimento mínimo e R$ 180,37 milhões nos cinco primeiros anos da assinatura do acordo. Os encargos preveem ainda atividades de educação ambiental, gestão dos resíduos sólidos e atendimento à Lei Federal Nº 12.933/2013, que dispõe sobre gratuidade dos ingressos e meia-entrada.

A equipe econômica do Governo estima um retorno de R$ 4 bilhões provenientes da receita prevista, além da redução de custos com a gestão destas áreas nos próximos 30 anos.

A SIMA também realizou a concessão do parque Estadual Caminhos do Mar, cuja licitação já foi homologada e está em fase de entrega de documentos. A economia anual de gastos de manutenção somente neste Núcleo é de quase R$ 1 milhão. O processo dos parques Horto Florestal (Alberto Löfgren) e Estadual da Cantareira concluiu a etapa de Audiência Pública.

Todas as medidas envolvem ampla participação popular com etapas de consultas e audiências públicas, além dos debates com as comunidades científicas.

Outras parcerias bem sucedidas envolvem o programa de despoluição do rio Pinheiros, no qual a iniciativa privada realiza a revitalização das margens e da Usina São Paulo. A confiança do mercado neste projeto soma investimentos de mais de R$500 milhões na requalificação deste símbolo de SP. A nova ciclovia, inaugurada no fim de 2020, quase triplicou o número mensal de frequentadores saltando de 30 para 80 mil pessoas por mês.

A gestão João Doria entende que o Estado deve atuar nas áreas essenciais e onde ele é insubstituível. Enquanto se confia à iniciativa privada atribuições como o fomento ao turismo e manutenção dos espaços públicos, o Governo empreende esforços na melhoria da qualidade de serviços básicos e fundamentais como educação e saúde, especialmente agora com todos os esforços voltados para o combate à pandemia da Covid-19.

 


Marcos Penido - secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do Governo de SP


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