|
Foto: Nicole Beraldo / ASCOM MS |
Ação tem foco nos jovens e suas famílias,
promovendo a reflexão sobre o desenvolvimento afetivo e a autonomia de
adolescentes e jovens para reduzir casos de gravidez
No Brasil, cerca de
930 adolescentes e jovens dão à luz todos os dias, totalizando mais de 434,5
mil mães adolescentes por ano. Este número já foi maior e agora está em queda.
Ainda assim, o Brasil registra a maior taxa entre os países da América Latina e
Caribe, chegando a 68,4 nascidos vivos para cada mil adolescentes e jovens.
Para reduzir ainda mais estes casos, o Ministério da Saúde e o Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos lançam, nesta segunda-feira (03/02),
uma campanha para prevenir a gravidez precoce: “Tudo tem seu tempo:
Adolescência primeiro, gravidez depois”. Afinal, a gravidez não intencional
nesta fase pode trazer consequências para toda a vida.
“Não há nenhuma
política que seja única. E essa comportamental é muito importante e nunca foi
feita. Estamos com o olhar para os números e suas consequências”, destacou o
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Entre 2000 e 2018, caiu em 40%
o número de bebês de mães adolescentes (15-19 anos). Entre adolescentes menores
de 15 anos a queda é de apenas 27%. “Este é um contingente de adolescentes que
ninguém quis abordar”, enfatizou apontando que já houve avanço, mas ainda há um
caminho grande a percorrer.
A ministra da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, reforçou a
importância do esforço conjunto para mudar os números de gravidez na
adolescência. “A nossa motivação são as crianças e a vida delas, por isso,
queremos conversar, refletir e chamar todo mundo para essa conversa”, frisou.
Com base em
informações de saúde e comportamentais, a proposta é despertar a reflexão e
promover o diálogo entre os jovens e as suas famílias em relação ao
desenvolvimento afetivo, autonomia e responsabilidade. E, ainda, incentivá-los
a buscar orientações nas unidades de saúde sobre as formas de se prevenir.
Assim, os adolescentes poderão tomar decisões, de forma mais consciente, sobre
a vivência da sua sexualidade, de forma segura, responsável e com conhecimento
sobre seu corpo. A ideia é disseminar informações sobre medidas preventivas e
educativas que contribuam para a redução da gravidez na adolescência.
A ação faz parte da Semana Nacional de Prevenção da
Gravidez na Adolescência, instituída pelo Governo do Brasil, no ano passado,
por meio da lei nº 13.798. A
campanha é voltada para adolescentes, jovens, pais ou responsáveis. Será
veiculada durante todo o mês de fevereiro na Internet, incluindo redes sociais,
mobile e aplicativos, além de minidoor social e ações de merchandising na
TV aberta.
O Ministério da
Saúde também estuda formas para ouvir e envolver os adolescentes e jovens cada
vez mais na formulação de ações de cuidado em saúde direcionadas a eles.
ASSISTÊNCIA COM AUTONOMIA E
PROTAGONISMO
O Governo do Brasil
investe permanentemente em políticas de educação em saúde e em ações para o
planejamento reprodutivo, principalmente para reduzir os casos de gravidez não
intencional. São nos serviços de saúde da Atenção Primária, àqueles que ficam
próximos as casas dos adolescentes e jovens, que eles recebem o acompanhamento
em todas as fases da vida. Entre os cuidados ofertados estão a assistência à
saúde sexual, à saúde reprodutiva, ao planejamento familiar, ao pré-natal, ao
pós-parto, à saúde da criança e à saúde da mulher e do homem.
Mesmo sem a
presença dos pais ou responsáveis, os adolescentes a partir de 15 anos podem
procurar a unidade de saúde mais próxima para se informar sobre os cuidados em
saúde, e em conversa com os profissionais de saúde, podem diminuir dúvidas e
ansiedade, tornando-se mais seguros e confiantes sobre seu desenvolvimento
afetivo e direitos sexuais. Os profissionais ainda poderão orientar sobre as
intervenções adequadas dentro do plano de vida individualizado de cada
adolescente. Em caso de início da vida sexual, a orientação pode incluir o uso
de métodos naturais e de anticoncepção, como os de barreira (camisinha),
hormonais e de longa duração.
Atualmente, o
Sistema Único de Saúde (SUS) oferta de maneira gratuita nove métodos
contraceptivos que ajudam no planejamento familiar. São eles: anticoncepcional
injetável mensal; anticoncepcional injetável trimestral; minipílula; pílula
combinada; diafragma; pílula anticoncepcional de emergência (ou pílula do dia
seguinte); Dispositivo Intrauterino (DIU); preservativo feminino e preservativo
masculino.
Estes métodos
contraceptivos estão acessíveis aos adolescentes nas unidades de Atenção
Primária, incluindo testes rápidos para infecções, mesmo que estejam
desacompanhados. No caso de alterações, os pais ou responsáveis são acionados.
Outra iniciativa do
Ministério da Saúde, em parceria com os estados e municípios, é o Programa
Saúde na Escola. Trata-se de uma estratégia que aborda, inclusive, a prevenção
da gravidez na adolescência dentro da linha de ação sobre Direitos Sexuais e
Reprodutivos e Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis e HIV/Aids.
No ano passado, foram realizadas mais de 26,8 mil ações em Direitos Sexuais e
Direitos Reprodutivos e Prevenção das IST/AIDS em mais de 10 mil escolas
pactuadas em três mil municípios, chegando a 1,5 milhão de estudantes.
Em 2018, cerca de
15% do total de nascidos vivos foram de mães com idade até 19 anos, segundo
dados preliminares do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC).
Embora o número de gestações na adolescência venha caindo no país – passando de
721.564, em 2000, para 434.573, em 2018 –, o Brasil ainda possui taxa de 68,4
nascimentos para cada mil adolescentes e jovens mulheres entre 15 e 19 anos. O
índice é elevado na comparação com a taxa mundial, de 46 nascimentos, e fica
acima da média latino-americana (65,5 nascimentos).
Estudo da
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em parceria com o Fundo das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF), publicado em 2018, aponta que a gravidez na
adolescência ocorre com maior frequência entre as meninas com menor
escolaridade e menor renda, menor acesso a serviços públicos, e em situação de
maior vulnerabilidade social.
De acordo com a
pesquisa Nascer Brasil 2016, do Ministério da Saúde, 66% das gestações em
adolescentes não são planejadas. Ainda, cerca de 75% das mães adolescentes
estavam fora da escola, segundo a PNAD 2013, o que pode sugerir consequências
sociais e econômicas, além de emocionais, para as mães adolescentes.
Há ainda riscos
para o recém-nascido. Estudo do Ministério da Saúde, chamado Saúde Brasil,
indica uma das maiores taxas de mortalidade infantil entre mães mais jovens
(até 19 anos), com 15,3 óbitos para cada mil nascidos vivos (acima da taxa
nacional, de 13,4 óbitos). Isso porque além da imaturidade biológica, condições
socioeconômicas desfavoráveis influenciam nos resultados obstétricos.
“O abandono da
escola aumenta a mortalidade infantil, gera pobreza. É um ciclo vicioso e que
precisa, de alguma maneira, ser abordado”, enfatizou o ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta.
Por isso, a
necessidade de diversificar a abordagem sobre prevenção da gravidez na
adolescência, incluindo, também, componentes comportamentais, de autonomia e de
responsabilização para reduzir os casos de gravidez não intencional na
adolescência.
Tinna Oliveira
Agência Saúde